O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou ontem que há "uma chance muito boa" de que a União Europeia (UE) feche um acordo de livre-comércio com o México e também com o Mercosul, grupo formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A declaração foi dada durante seu discurso do Estado da União Europeia em Estrasburgo, na França.
Funcionários da UE mantêm diálogos para atualizar um acordo de livre-comércio de 17 anos com o México e também para fechar um acordo com o Mercosul. Em sua fala, Juncker também defendeu a expansão dos vínculos econômicos da UE com a região da Ásia/Pacífico. Ele propôs o início de diálogos por acordos de livre-comércio com a Austrália e a Nova Zelândia e a conclusão de uma série de acordos comerciais até o fim de 2019, quando seu mandato acaba.
"A Europa sempre tem sido um espaço econômico atraente", disse Juncker. "Mas desde o ano passado eu vejo parceiros pelo mundo batendo à nossa porta para assinar acordos comerciais conosco", garantiu. A UE busca também marcar posição em contraponto às políticas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em julho, Bruxelas e Tóquio chegaram a um acordo político em relação a um acordo comercial abrangente. Juncker disse também desejar um reforço nas defesas comerciais da UE, o que incluiria a avaliação de investimentos estrangeiros - essa política é voltada a proteger ativos e companhias da Europa diante da forte demanda por aquisições liderada pela China. França, Alemanha e Itália têm defendido o reforço nessas defesas, mas outros membros mostram-se contrários.
"Nós não somos partidários ingênuos do livre comércio. A Europa precisa defender seus interesses estratégicos", afirmou Juncker. "A Europa é aberta ao comércio, sim, mas precisa haver reciprocidade."
A autoridade também citou medidas para reforçar a segurança do bloco nos próximos meses. Ele propôs a criação de uma unidade de inteligência europeia que iria compartilhar automaticamente informações. Além disso, a promotoria da UE deve ser capaz de atuar em crimes de terrorismo transfronteiriços. Todas as propostas precisam ser avalizadas pelos governos dos países e pelo Parlamento Europeu.