Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 08 de Setembro de 2017 às 16:32

Desnacionalização da indústria preocupa

Para Miragaya, retomada dependerá de um parque industrial robusto

Para Miragaya, retomada dependerá de um parque industrial robusto


/Marcelo Camargo/ABR/JC
Uma das principais preocupações manifestadas por economistas durante o 22º Congresso Brasileiro de Economia, realizado em Belo Horizonte, na semana passada, está ligada à venda de ativos brasileiros para grupos estrangeiros. Para eles, setores estratégicos da economia devem ser controlados por empresas nacionais, sejam públicas ou privadas.
Uma das principais preocupações manifestadas por economistas durante o 22º Congresso Brasileiro de Economia, realizado em Belo Horizonte, na semana passada, está ligada à venda de ativos brasileiros para grupos estrangeiros. Para eles, setores estratégicos da economia devem ser controlados por empresas nacionais, sejam públicas ou privadas.
O crescimento do Brasil no longo prazo, de forma sustentável e inclusiva, vai depender da formação de um parque industrial robusto, na opinião de Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), entidade que organiza o evento. "Uma das premissas de uma nação efetivamente independente e soberana é o controle nacional sobre certos setores estratégicos da economia. É preocupante o processo de desnacionalização da nossa economia. Capitais externos estão assumindo o controle de boa parte dos recursos naturais do País e avançam de forma acelerada sobre a indústria do petróleo, do gás e da energia elétrica."
O problema, segundo Miragaya, é que essas grandes corporações estrangeiras mantêm suas áreas de pesquisa, tecnologia e desenvolvimento nos países onde estão suas matrizes. Ele cita a indústria de fertilizantes, que seria fundamental para a economia brasileira gerar emprego e renda, mas infelizmente o País é hoje um grande importador.
Exemplos de proteção à indústria nacional são muito comuns em todo o mundo. Em abril, o governo dos Estados Unidos anunciou a possibilidade de criar taxas para importação do aço, de forma a fortalecer as empresas do setor sediadas em seu território. Há alguns anos, a China vetou que a Coca-Cola comprasse a Huiyuan, maior fabricante de sucos no País.
Na visão de Antonio Correia Lacerda, doutor pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o potencial da economia brasileira é subaproveitado pela ausência total de uma política industrial sólida. "O Brasil é dos poucos Países do mundo que não precisam escolher entre ser bom no complexo agromineral, na indústria ou nos serviços. Temos economia de Estado, condições climáticas e território vasto para atuarmos em vários setores. Isso não é pra quem quer, é pra quem pode. E só quatro ou cinco países no mundo têm essa possibilidade", disse Lacerda, após receber o prêmio Personalidade Econômica do Ano de 2016, na abertura do congresso.
Ele destacou que a agricultura brasileira, um dos setores produtivos de sucesso no País, não se desenvolveu baseada apenas na eficiência microeconômica dos agricultores. "Houve uma política de Estado. O papel da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por exemplo, foi fundamental. E isso foi feito com investimento público, com políticas públicas. Foi ela quem desenvolveu a soja no Cerrado, que foi a grande revolução que tivemos na agricultura, e que depois teve grande impacto também na pecuária."
Para ele, a indústria nacional precisa ser alavancada e, para ter um crescimento sustentável, o Brasil precisa de investimentos. "O argumento principal para o ajuste é o de que o Estado deveria funcionar como o orçamento familiar ou como uma empresa. E nós sabemos que isso não é possível. É justamente na crise que o Estado precisa investir, fomentar oportunidades. Não é qualquer gasto, mas é o gasto que tem efeito multiplicador. E também tem efeito demonstrador, porque estimula outros agentes a também aplicarem recursos no País. O ajuste pelo ajuste não se sustenta. A prática de juros elevados e o corte sucessivo de investimentos levam a mais recessão."
A possível privatização da Eletrobras preocupa Nelson José Hubner Moreira, presidente do conselho de administração da Light. Para ele, a estatal brasileira exerce um poder indutor da economia nacional. No mês passado, o governo federal informou que pretende reduzir a participação da União no capital da Eletrobras, com sua consequente democratização na Bolsa de Valores, a exemplo do que já foi feito com a Embraer e a Vale. A medida teria como objetivo dar mais competitividade e agilidade à empresa para gerir suas operações.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO