O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira que vai pautar a votação da reforma da Previdência em outubro, após a análise da reforma política pelos deputados. Maia disse que a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de abrir um procedimento que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada da JBS não deve ajudar no andamento das medidas econômicas no Congresso. "Vamos pedir ao governo para que nos ajude a dar quórum. A base tem número e o governo tem condições de colaborar com a Câmara para que a gente possa votar a reforma da Previdência em outubro", disse Maia.
A reforma da Previdência está parada na Câmara desde que veio à público a delação dos executivos da JBS, em maio. A proposta de emenda à Constituição (PEC) foi aprovada em uma comissão especial da Câmara ainda precisa passar por duas votações pelo plenário, antes de ser enviada ao Senado. O ministro Moreira Franco, da secretaria-geral, disse que a "espetacularização" das delações da JBS atrapalhou a economia do País e travou a reforma da Previdência. "A reforma da Previdência, não tivesse havido essa espetacularização, já poderia ter sido votada. Estaria tudo muito bem", afirmou o ministro palaciano, acrescentando que a delação atrapalhou a economia do Brasil. "Rigorosamente, todos esses episódios contribuíram muito para que a situação econômica não tivesse os ganhos que poderia ter. Os números que temos hoje poderiam ser muito maiores", argumentou.
Nesta quinta-feira, prestaram depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) os delatores Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis. Desde a segunda-feira passada, o caso teve uma reviravolta, quando a PGR anunciou uma nova gravação que lança suspeitas sobre omissão de crimes nas colaborações premiadas e favorecimento aos delatores por parte do ex-procurador Marcello Miller.