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Teatro

- Publicada em 16 de Setembro de 2017 às 12:14

Turbilhão na cultura

Cristiano Vieira
A semana começou triste na Capital gaúcha - com o cancelamento (sem razão, uma atrocidade, aliás,) da mostra Queermuseu - mas termina potente, focada na diversidade, com as atrações que o Porto Alegre em Cena programou até 24 de setembro para os palcos da cidade.
A semana começou triste na Capital gaúcha - com o cancelamento (sem razão, uma atrocidade, aliás,) da mostra Queermuseu - mas termina potente, focada na diversidade, com as atrações que o Porto Alegre em Cena programou até 24 de setembro para os palcos da cidade.
Diversidade, por sinal, deu a tônica destes primeiros dias da maratona de artes cênicas. O espetáculo de abertura, no Bourbon Country, uniu música e dança na noite de terça-feira. Villa Brasil colocou no mesmo palco os jovens músicos da Orquestra Villa-Lobos e os dançarinos da Companhia Jovem de Dança.
Com direção geral de Liane Venturella, Villa Brasil emocionou o público com um repertório com clássicos da MPB - como Aquarela do Brasil, de Ary Barroso - entoado por um grupo esforçado de crianças e adolescentes. Sobrou na apresentação competência na condução dos instrumentos, apuro técnico vocal e singelas coreografias (no conjunto, um resultado emocionante para a plateia).
Na quarta-feira, provavelmente uma das mais aguardadas atrações musicais mostrou por que a diversidade não pode ser rebaixada a um mero substantivo sem relevância social. O grupo As Bahias e a Cozinha Mineira levou para o palco do Theatro São Pedro um espetáculo eletrizante, do início ao fim.
Boa parte da mise-en-scène enlouquecida deve-se às presenças hipnotizantes das vocalistas trans Assucena Assucena e Raquel Virgínia. Afinadíssimas, entoaram canções com sonoridade bem brasileira - misturando ritmos como axé, blues, rock e samba - em um espetáculo de quase uma hora e meia.
O show, denominado Etc e tal, partiu do repertório do primeiro disco do grupo, chamado Mulher, e já incluiu canções do segundo trabalho, Bixa, recém-lançado. As letras abrem espaço para questões de gênero, universo feminino, amor e muito mais. Paixão é o que define as presenças cênicas de Raquel e Assucena, apoiadas por uma banda competente formada por cinco músicos. Marcantes as interpretações para Uma canção para você (Jaqueta amarela) e Mãe Menininha do Gantois (ambas canções do álbum Mulher).
Mais cedo, ainda na quarta-feira, uma passada rápida pela Sala Álvaro Moreyra para assistir a Acuados. O espetáculo de dança contemporânea, que celebra os 25 anos da Ânima Cia. De Dança, é um petardo emocional que, por vezes, incomoda a plateia (mas o papel da arte é este mesmo: incomodar, questionar, discutir...quem não gostar, que mude de planeta). A violência de gênero tão assumidamente encenada pelos bailarinos parece saída das manchetes dos jornais, tal sua aparente veracidade. Ponto positivo para a companhia liderada por Eva Schul.
Pelos próximos dias, um cardápio cênico eclético: a espanhola Angelica Liddell leva seu aguardado Genesis 6, 6-7 para o Teatro do Sesi (sábado e domingo); Nathalia Timberg encarna Chopin no Theatro São Pedro de sexta-feira a domingo; e Leite derramado, do diretor Roberto Alvim a partir do texto de Chico Burque, faz sua última apresentação nesta sexta-feira, às 21h, no Renascença.
Há, ainda, mais atrações musicais, as apresentações dos grupos locais concorrentes do Prêmio Braskem e o retorno das sessões malditas, estas ocorrendo a partir da meia-noite no Centro Municipal de Cultura. Nesta sexta-feira, a obra de Caio Fernando Abreu ganha corpo nas interpretações de Deborah Finocchiaro e Fernando Sessé. A entrada é franca.
O titular da coluna está fora do Brasil, cumprindo agenda de trabalho. Nesta semana e na próxima, modestamente, aqui estarei ocupando seu espaço, notadamente com foco em teatro, artes cênicas, performances, dança - mas, sobretudo, arte!
Muito foi dito e discutido sobre o papel da arte nesta semana a partir do fechamento prematuro da exposição Queermuseu, em cartaz há menos de um mês no Santander Cultural.
O assunto parece inesgotável e merece ser discutido - afinal, arte é liberdade, acima de tudo. Combater o cerceamento da liberdade é papel da imprensa, da sociedade, de todos nós.
Nunca nos esqueçamos disto.
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