Ao discursar no evento do Programa Progredir, do Ministério de Desenvolvimento Social, no Palácio do Planalto, Michel Temer (PMDB) enalteceu a iniciativa de criar meios de os beneficiários do Bolsa Família conseguirem alcançar a independência financeira, e o fato de o governo ter zerado a fila de espera do programa. "Hoje, o Osmar Terra (PMDB) conseguiu zerar a fila do Bolsa Família", celebrou Temer, diante de uma plateia de aliados políticos e empresários, além de ministros - entre eles, os gaúchos Ronaldo Nogueira (PTB), do Trabalho, e Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil. Temer anunciou que o Programa Progredir será, a partir de agora, o lema do próprio governo. Em busca de agenda positiva, ele libera R$ 3 bilhões em microcrédito para famílias de baixa renda.
Alternativas para o programa
O ministro Osmar Terra ponderou, em seu discurso, que há um interesse por parte dos próprios beneficiários do Bolsa Família em encontrar alternativas para deixar o programa. "Não é perspectiva de vida para uma família ficar olhando para os seus filhos e achar que vão ficar vivendo do Bolsa Família para sempre", enfatizou Terra. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, há 28,2 milhões de famílias registradas no Cadastro Único. Na avaliação do governo, 1 milhão de famílias têm "potencial" para se "emancipar" do Bolsa Família em dois anos.
Sem panos quentes
O deputado federal gaúcho Jones Martins (PMDB) alertou que é precipitado o trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar as atividades do grupo JBS, e que pode não dar em nada. "Não podemos fazer um relatório chapa-branca, muito pelo contrário. O fato de estarem envolvidos Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Ministério Público Federal, Polícia Federal e o maior produtor de proteína animal do mundo aumenta a responsabilidade. Não podemos botar panos quentes, pois estamos em busca da verdade." Martins faz parte da CPMI, que tem o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como relator, e considera curto o prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos, mas lembra que os parlamentares devem analisar as questões com um olhar crítico, técnico e, por último, político.
Assegurar a Constituição
"Deputados e senadores foram chamados para assegurar a Constituição. Vamos levar em conta que há neste episódio um fato determinante como desdobramento: a delação premiadíssima cuja multa foi menor do que a vantagem que a JBS recebeu pela aplicação do golpe no mercado. Isso não é comum", assinalou Jones Martins. Para ele, não há como se falar em delação sem preservar o sigilo. Segundo o parlamentar, "não vamos falar do fim da delação premiada, ela é uma conquista da sociedade brasileira, ninguém terá coragem de pedir isso, mas temos que falar em aperfeiçoamento, garantir o Estado democrático de direito e a ampla defesa".