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Cultura

- Publicada em 22 de Setembro de 2017 às 08:21

Mãe!, o novo longa-metragem de Darren Aronofsky, divide opiniões

Jennifer Lawrence protagoniza o filme Mãe!, de Darren Aronofsky

Jennifer Lawrence protagoniza o filme Mãe!, de Darren Aronofsky


NIKO TAVERNISE/PARAMOUNT PICTURES/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
Por vezes, até mesmo falar sobre as intenções de um cineasta com a realização de um filme pode ser o suficiente para estragar a experiência do espectador. Já em cartaz, Mãe!, o novo longa-metragem de Darren Aronofsky (Cisne Negro), se enquadra nesse contexto. Em meio a várias interpretações possíveis, é certo ressaltar que há um teor polarizante na narrativa.
Por vezes, até mesmo falar sobre as intenções de um cineasta com a realização de um filme pode ser o suficiente para estragar a experiência do espectador. Já em cartaz, Mãe!, o novo longa-metragem de Darren Aronofsky (Cisne Negro), se enquadra nesse contexto. Em meio a várias interpretações possíveis, é certo ressaltar que há um teor polarizante na narrativa.
Nos próximos dias, possivelmente alguns sairão da sala de cinema crentes de que assistiram a uma obra excelente, enquanto outros talvez deixem a sala antes mesmo do acender das luzes. Entretanto, é difícil que alguém fique indiferente ao trabalho do diretor, um artista que nunca procurou o entretenimento fácil. Dessa vez, ele se dedica a um projeto extremamente pretensioso.
O enredo parece simples, com dois atores conhecidos e oscarizados como protagonistas: Jennifer Lawrence (O lado bom da vida, Jogos vorazes) e Javier Bardem (007 - Operação Skyfall, Onde os fracos não têm vez). Para se ater apenas aos primeiros minutos do drama - com ares de thriller psicológico e horror -, o roteiro destaca um casal cujo nome nunca é revelado. Ela se ocupa com a reconstrução da casa onde moram, e ele é um poeta sofrendo com um bloqueio criativo absoluto.
O cotidiano muda quando o marido resolve dar abrigo, sem consentimento da esposa, a um médico que bate em sua porta. A partir de então, a personagem principal é tomada por uma crescente sensação de invasão e abandono, ao mesmo tempo em que percebe estranhos acontecimentos na residência. Completam o elenco nomes como Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Domhnall Gleeson e Kristen Wiig - entre outros atores, todos interpretando personagens anônimos.
Mãe! é um daqueles filmes que devem ser analisados metaforicamente. E se há símbolos claros ao lado de outros menos decifráveis, a interpretação e a reflexão do espectador exercem papel fundamental na narrativa. Não basta sentar na poltrona e acompanhar os acontecimentos, esperando respostas para tudo o que aparece em cena. Mas isso tampouco garante que o longa-metragem faça jus à sua ambição.
Por um lado, Aronofsky constrói alguns dos melhores momentos de tensão na produção cinematográfica de 2017. Com Jennifer Lawrence quase sempre retratada em planos fechados, próxima à câmera, o longa-metragem é um retrato eficiente da sensação de desamparo e acuamento. Por outro, à medida que a exposição dos temas aumenta, algumas sequências ficam entre o exagero, para dizer o mínimo, e a caricatura. Como resultado, tanto a dramaturgia quanto a mensagem perdem força - sobretudo quando o realizador deixa o filtro da sutileza de lado.
Também responsável por outros títulos difíceis ou pesados, como Réquiem para um sonho (2000) e Pi (1998), Darren Aronofsky consegue ser perturbador. Cabe ao público comprar a sua viagem ou não - mas mesmo em caso negativo, a tendência é que seu novo trabalho gere debate. Um mérito, portanto.
Nesse sentido, também há de se estranhar que um grande estúdio tenha resolvido bancar um projeto como este, de cunho autoral e bem distinto dos padrões que costumam fazer sucesso nas bilheterias. A produção tem orçamento estimado em cerca de US$ 30 milhões - quase o mesmo valor que outra estreia da semana, o filme de ação O assassino: o primeiro alvo, ou que o terror It: a coisa, também em cartaz.
A julgar pelo fim de semana de estreia nos Estados Unidos, quando não atingiu um terço do montante, o retorno comercial de Mãe! está deixando a desejar - mas não será surpresa se, assim como outros projetos do diretor, o trabalho se tornar filme cult.
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