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indústria

- Publicada em 06 de Setembro de 2017 às 09:00

Veículos têm em agosto a maior venda em 20 meses, diz Fenabrave

Comercialização mostra a recuperação da indústria automobilística, após a redução no ano passado; pessoas jurídicas, como locadoras, produtores rurais e frotistas, puxaram os negócios

Comercialização mostra a recuperação da indústria automobilística, após a redução no ano passado; pessoas jurídicas, como locadoras, produtores rurais e frotistas, puxaram os negócios


ALOISIO MAURÍCIO/ALOISIO MAURÍCIO/FOTOARENA/FOLHAPRESS/JC
A indústria automobilística brasileira registrou em agosto o melhor resultado em vendas em 20 meses, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foram vendidos 216,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
A indústria automobilística brasileira registrou em agosto o melhor resultado em vendas em 20 meses, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foram vendidos 216,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
O melhor resultado anterior havia sido o de dezembro de 2015, com 227,8 mil unidades, segundo dados fornecidos pelo mercado. Também foi a primeira vez neste ano que as vendas, medidas por licenciamentos no Registro Nacional de Veículos (Renavan), ultrapassaram a marca de 200 mil unidades. O desempenho de agosto é 17,7% superior ao de igual mês do ano passado e 17,1% melhor que o de julho.
O crescimento supera a previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de 4% para o ano, que e pode ser revista no próximo balanço que a entidade apresenta com o balanço do setor, dados de produção e de exportação.
A venda de veículos leves para consumidores pessoa física, que em junho interrompeu um período de três anos e meio de queda, voltou a subir em agosto, depois de um resultado negativo em julho a partir de dados divulgados na semana passada pela Fenabrave, associação que representa as concessionárias.
Em agosto, o mercado de leves para pessoa física somou 123,8 mil unidades vendidas, alta de 9,8% em relação a igual mês do ano passado. Ambos os meses contaram com 23 dias úteis. Em julho ante julho do ano passado, as vendas haviam recuado 2,9%, para 108,2 mil unidades - o número de dias úteis também foi o mesmo nessa comparação, 21. Em junho, o avanço havia sido de 9,3% (conta feita pela média diária, em razão da diferença de dias úteis).
O mercado de veículos já vinha dando alguns sinais de reação em 2017. No entanto, nos dois primeiros meses em que apresentou crescimento neste ano, em comparações interanuais, em março e maio, os resultados foram impulsionados por vendas para clientes pessoa jurídica, como locadores de veículos, produtores rurais e frotistas em geral.
Apesar de agora as vendas para pessoa física também crescerem, o mercado para pessoa jurídica ainda apresenta desempenhos mais favoráveis. Foram 86 mil veículos leves vendidos para empresários em agosto, expansão de 31,7% em relação a igual mês do ano passado.
A venda total de veículos em agosto, que inclui também os segmentos pesados, cresceu 17,75% ante igual mês do ano passado, a quarta alta seguida nesse tipo de comparação. Em relação a julho, houve avanço de 17,17%. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o mercado tem expansão de 5,33%, com a venda de 1,42 milhão de unidades.
Por segmento, a venda de automóveis e comerciais leves, somando os clientes pessoa física e jurídica, teve alta de 17,85% em agosto ante igual mês do ano passado, para 209,8 mil unidades. Em relação a julho, os emplacamentos dos chamados veículos leves subiram 17,36%. O acumulado do ano, com os resultados, tem expansão de 5,84%, para 1,38 milhão de unidades.
A venda de caminhões no oitavo mês do ano, por sua vez, cresceu 9,9% ante o desempenho de agosto do ano passado, para 4,8 mil unidades. Na comparação com julho, o segmento teve avanço de 6,52%. No entanto, no acumulado do ano, em relação a igual período de 2016, houve retração de 10,7%, para 30,8 mil unidades.
O mercado de ônibus, enquanto isso, teve crescimento de 30,41% em agosto ante agosto do ano passado, com a venda de 1,8 mil unidades. O volume, se comparado a julho, mostra expansão de 25,78%. No acumulado do ano, porém, a queda é de 5,38%, para 9,7 mil unidades.

Financiamento cresce 3,2% em julho na terceira alta seguida

O número de veículos novos financiados subiu 3,2% em julho ante igual mês de 2016, para 148,9 mil unidades, informou a B3, empresa resultante da fusão entre BM&FBovespa e Cetip. Trata-se do terceiro avanço seguido nesse tipo de comparação. Já em relação a junho, no entanto, as vendas através de financeiras tiveram queda de 0,7%.
Apesar de registrar três crescimentos seguidos na comparação interanual, os financiamentos ainda amargam recuo no acumulado do ano. Foram 994,2 mil unidades financiadas de janeiro a julho deste ano, baixa de 2,9% em relação a igual intervalo de 2016.
O desempenho negativo dos financiamentos no acumulado do ano contrasta com o crescimento, no mesmo período, do mercado como um todo, que inclui negócios à vista. As vendas totais de veículos novos, financiadas ou não, tiveram expansão de 3,4% no período de janeiro a junho de 2017 ante igual intervalo de 2016, com o emplacamento de 1,204 milhão de unidades.
Segundo representantes do setor, as vendas financiadas ainda caem, porque os bancos são rigorosos na hora de avaliar o crédito aos clientes. A cada 10 pedidos de financiamento, apenas três têm sido aprovados. O rigor se deve às altas taxas de desemprego, o que torna mais arriscada a concessão de crédito para a compra de um veículo com prazo mais longo.
Em soma que considera somente os veículos leves, que representam mais da metade do mercado, as vendas financiadas avançaram 4,1% em julho ante igual mês de 2916, para 94,1 mil unidades. Já em relação a junho, houve recuo de 0,2%. No acumulado do ano, os financiamentos de veículos leves caíram 0,7%, para 607,8 mil unidades.
 

Recuperação do mercado geral movimenta aquisição de usados

Dificuldades da economia e desemprego aumentam a procura por carros de segunda mão

Dificuldades da economia e desemprego aumentam a procura por carros de segunda mão


MAURO SCHAEFER/MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
O comércio de carros usados, no ano passado, registrou um aumento simbólico de apenas 0,01% nas vendas em comparação a 2015. Em se tratando de usados no geral - incluindo, por exemplo, motos e caminhões -, o resultado foi desfavorável: o mercado não conseguiu se recuperar, vendendo 10 mil veículos a menos em relação ao ano anterior. Os números negativos, porém, parecem ter ficado no passado: até julho deste ano, 450 mil carros usados a mais foram vendidos - se comparado à mesma época no ano passado. Em meio à economia ainda frágil, os usados começam a se recuperar depois de dois anos de retração.
O número acumulado de carros usados vendidos neste ano registrou, em julho, um aumento de 9,29% em relação ao mesmo período de 2016. Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), é o maior crescimento do mês desde 2011, quando foi computado um aumento de 9,42%. A evolução no comércio dos usados é um sinal de que o brasileiro não deve parar de comprar carros. Entretanto os automóveis de segunda mão, atualmente, são a opção mais pretendida pelos consumidores.
A porcentagem da Volkswagen, da General Motors e da Fiat no número acumulado de vendas de carros usados diminuiu, mas elas são as únicas marcas a terem vendido, até agora no ano, um total de mais de 1 milhão de carros de segunda mão. Apenas 13 mil carros a mais de diferença colocam a General Motors à frente da Fiat no ranking; e a Volks, montadora do Gol, o usado mais vendido do País há anos, com quase 1 milhão e 150 mil automóveis usados negociados em 2017, se mantém isolada na frente por uma diferença de pouco mais de 80 mil, carros. Entre os usados mais vendidos da GM em julho destacam-se o Celta e o Corsa, dois carros populares que estão entre os seis mais vendidos do mês, além do Classic, que teve quase 20 mil modelos negociados.
A Fiat, com os compactos Uno e Palio, ocupa respectivamente segundo e terceiro lugar na lista dos modelos mais vendidos do mês. Quanto ao ranking por montadoras em março, a Fiat fechou o mês como a segunda colocada. Por se tratar do primeiro trimestre do ano ainda, levantou-se a possibilidade de os italianos desbancarem a General Motors e emplacarem na vice-liderança. Porém o máximo alcançado nos meses seguintes foi a mesma terceira colocação ao qual se encontram hoje. A diferença no volume, no entanto, é curta, podendo ocorrer uma troca de posições até o fim deste ano.
A Ford, quarta colocada, vendeu 80 mil usados em julho, dentre os quais se destaca o Fiesta, que foi o sexto carro usado mais vendido do mês, porém ela não chega a ameaçar a hegemonia das três primeiras ranqueadas. Com mais de meio milhão de carros usados vendidos neste ano, o seu crescimento em relação ao ano passado é de 9,6%, por isso há a esperança de que a diferença para a Fiat seja diminuída. A marca italiana ainda está com o dobro de usados vendidos.
 

MAN retoma jornada integral e hora extra

Após operar por cerca de dois anos em jornada reduzida de quatro dias por semana, a fábrica de caminhões e ônibus da MAN Latin America, em Resende (RJ) voltou a funcionar em semana completa e trouxe de volta funcionários que estavam com os contratos suspensos. Hoje, a empresa informa que, até dezembro, terá de recorrer a horas extras para dar conta da demanda.
"Vamos ter de trabalhar três sábados por mês até o fim do ano", comemora Roberto Cortes, presidente da empresa que produz caminhões da marca Volkswagen. Segundo ele, o trabalho extra já foi acertado com o sindicato dos metalúrgicos local.
Colocar as máquinas a todo vapor, ainda que em um turno de trabalho, é um alívio para a MAN, que, desde o início da crise econômica, quando operava em três turnos, fechou 2,3 mil vagas. Hoje, emprega 3,2 mil pessoas, incluindo funcionários dos fornecedores que operam no complexo de Resende. O próximo passo da MAN, que em setembro anuncia a produção de uma nova linha de veículos, deve ser a contratação de pessoal, admite Cortes.
A necessidade de horas extras foi a venda, para a Ambev, de 417 caminhões que devem ser entregues até o fim do ano. Mais da metade deles são os chamados VUCs (Veículos Urbanos de Carga), que têm permissão para fazer entregas nas regiões centrais onde caminhões de médio e grande porte não podem circular.
Para atender à nova demanda da fabricante de bebidas, a MAN conseguiu colocar um eixo extra nos caminhões de pequeno porte, o que permite carregar até 13 toneladas de carga, antes possível apenas em veículos de médio porte. "O fato de termos engenharia no Brasil nos permite personalizar o veículo para atender às necessidades do cliente", diz Cortes. O valor do negócio (chassis, equipamentos e plano de manutenção) é de aproximadamente R$ 150 milhões.
O diretor de suprimentos da Ambev, Guilherme Gaia, diz que parte da encomenda é para renovar a frota e parte para ampliação. "Estamos enxergando sinais de melhora na economia", afirma. A Ambev tem frota de cerca de 6 mil veículos de transportadoras dedicadas e se responsabiliza pela compra de novos caminhões, processo feito por leilão.
A recuperação da MAN, segunda maior fabricante de veículos pesados no País, atrás da Mercedes-Benz, é uma boa notícia para o setor, que opera com cerca de 70% de ociosidade há mais de um ano. O mercado total de caminhões vendeu neste ano, até julho, 25.990 unidades, 14% menos ante igual período de 2016. Em todo o ano passado foram 50,6 mil unidades, e a previsão dos fabricantes é de um empate nos números deste ano, ou até um leve crescimento.

Inovar-Auto deve ser extinto e substituído no início de outubro

A política setorial que substituirá o regime automotivo conhecido como Inovar-Auto, condenado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), será levada ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nos "próximos dias", segundo Igor Nogueira Calvet, secretário de desenvolvimento e competitividade industrial do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
A proposta na mesa prevê a retirada das exigências de produção local condenadas pela OMC, assim como o fim das cotas criadas pelo Inovar-Auto, que, desde outubro de 2012, limitam a no máximo 4,8 mil carros por ano as importações de veículos sem a sobretaxa de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Ao extinguir essas regras, o governo pretende garantir isonomia tributária entre importadores e montadoras locais, fazendo com que a política automotiva se enquadre às regras internacionais. Como também há intenção de melhorar o padrão dos carros no Brasil, o governo deve manter uma sobretaxa de 10 pontos percentuais, que poderá ser eliminada pelas empresas que se comprometerem com metas de eficiência energética, segurança veicular e investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Também serão levados em conta compromissos de adesão ao programa de etiquetagem do Inmetro, que confere selos de acordo com o nível de consumo de combustível dos veículos, e de investimentos no desenvolvimento da cadeia de fornecedores. Segundo José Luiz Gandini, presidente da Abeifa, entidade que abriga marcas de automóveis importados e que está envolvida nas discussões sobre a política setorial, cada um desses cinco itens terá um peso de 2 pontos no abatimento do IPI extra.
Calvet adianta que a ideia é de que as empresas assumam todos os compromissos em conjunto para que a sobretaxa seja eliminada. A expectativa é de que as novas regras de tributação sejam lançadas até 3 de outubro, porque dependem de "noventena" para entrar em vigor. Embora condenado, o Inovar-Auto deve se estender seu prazo final, em dezembro, já que o governo deve apresentar uma apelação à OMC. Em tese, a atual sobretaxa é para as montadoras e para as importações. Mas, na prática, a indústria nacional consegue abater a cobrança adicional em compras de autopeças e ferramentaria local. Isso faz com que a medida atinja apenas os carros importados, ferindo, conforme resolução da OMC, as normas internacionais.