PP discorda de projeto de revisão do IPTU

Na sessão desta segunda-feira, oito vetos a projetos legislativos estão na pauta de votação da Câmara de Vereadores, e, em paralelo, um vereador prepara o retorno à Casa e outro encaminha a despedida. Afinal, será a primeira sessão plenária após o anúncio da saída de Ricardo Gomes (PP) do secretariado municipal.

Agora ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Gomes deixou a administração municipal após divergir do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) sobre a proposta de revisão do IPTU. Ele é o segundo de seu partido a deixar o Executivo, depois de Kevin Krieger ter saído da pasta de Relações Institucionais após discordâncias e rumores de atrito pessoal com o prefeito.

O vice-prefeito Gustavo Paim, também da sigla, assumiu os trabalhos de Krieger, e, antes do recesso, foi elogiado por colegas e vereadores da base, que, até então, reclamavam da falta de diálogo de Marchezan com a Câmara. Ainda assim, dos oito funcionários de alto escalão que deixaram os cargos nos últimos oito meses, dois são do Partido Progressista, o principal aliado do atual prefeito na campanha eleitoral de outubro.

"Nós seguimos apoiando o prefeito", afirma a líder da bancada do partido na Câmara, vereadora Mônica Leal (PP). Contudo, ela também não é simpática ao projeto de revisão apresentado pelo Executivo. Mônica contatou os presidentes municipal e estadual do partido para dar sua opinião como líder. "Não vou aconselhar que votem a favor do projeto", diz. "Não concordo com nenhum tipo de aumento de imposto, não tem espaço para isso. Famílias endividadas, pessoas desempregadas, economia estagnada. As famílias estão modificando suas vidas, refazendo toda sua organização financeira." Entretanto, a bancada se reunirá para debater o tema nos próximos dias. "Eu tenho sempre como meta respeitar a opinião de cada vereador, a gente debate sempre, e eles têm liberdade para votar, cada um de acordo com suas convicções", ressalta a vereadora.

Cassiá Carpes (PP), que foi o único vereador da base a votar contrariamente à alteração da alíquota de contribuição dos servidores municipais ao Previmpa e a assinar a representação contra o fim da segunda passagem de integração do transporte municipal, já havia se manifestado contra o possível aumento das tarifas do IPTU no projeto e dito que também votaria contra se continuasse como está.

Já o vereador João Carlos Nedel diz serem importantes mais debates sobre o assunto. Segundo ele, "em princípio, todo mundo é contra aumento de imposto", mas também nota que "a receita, com a crise e o desemprego, cresce normalmente, e as despesas têm seu avanço natural. Há uma defasagem, e temos que tomar medidas". Nedel quer aguardar os resultados de uma reunião, nesta terça-feira, com técnicos da Fazenda municipal, e esperar a reunião com os colegas para se debruçar sobre os vários pontos do projeto, o qual ele diz ter "partes muito boas e outras que realmente precisam de uma revisão", e que os detalhes devem ser analisados um a um.

O vereador Matheus Ayres, segundo suplente da chapa que elegeu Marchezan, vai deixar o cargo com a volta de Gomes. Ocupante do cargo por quase oito meses, ele diz que "o primeiro plano é aguardar o partido, (para ver) se querem me aproveitar em outra posição". Com a saída iminente, Ayres vai encaminhar o protocolo de três projetos nesta semana: um que possibilita o uso de câmeras de vigilância para procurar e identificar crianças desaparecidas, outro sobre a instalação de corredores de ônibus na avenida Ipiranga e o estabelecimento de um programa municipal de combate ao suicídio.