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Opinião

- Publicada em 15 de Agosto de 2017 às 19:14

Pequenos passos rumo a uma grande tragédia

NOVA ILUMNIAÇÃO DA RUA JOÃO ALFREDO NA CIDADE BAIXA EM PORTO ALEGRE.

NA FOTO: POSTES NO MODELO DA ANTIGA ILUMINAÇÃO DÃO O CLIMA DE BOEMIA A RUA.

NOVA ILUMNIAÇÃO DA RUA JOÃO ALFREDO NA CIDADE BAIXA EM PORTO ALEGRE. NA FOTO: POSTES NO MODELO DA ANTIGA ILUMINAÇÃO DÃO O CLIMA DE BOEMIA A RUA.


JOÃO MATTOS/JC
Os repetidos incidentes que acontecem em ruas do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, envolvendo moradores e frequentadores de bares, estão a mostrar que chegamos a um ponto quase de ruptura da civilidade. De um lado, o individualismo atroz em que os personagens buscam diversão a qualquer custo, mesmo que à custa do sossego dos outros. De outro, a justa busca, pelos moradores, de condições necessárias ao descanso com um mínimo de conforto sonoro.
Os repetidos incidentes que acontecem em ruas do bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, envolvendo moradores e frequentadores de bares, estão a mostrar que chegamos a um ponto quase de ruptura da civilidade. De um lado, o individualismo atroz em que os personagens buscam diversão a qualquer custo, mesmo que à custa do sossego dos outros. De outro, a justa busca, pelos moradores, de condições necessárias ao descanso com um mínimo de conforto sonoro.
Não há bom senso, e o pouco que existia evaporou-se mais rápido que vidro aberto de éter. Se fosse um episódio isolado, ainda poderíamos culpar uma pequena parcela da população, mas é um problema recorrente e em várias atividades do dia a dia da cidade.
Louve-se o esforço da Brigada Militar em apaziguar os ânimos buscando sempre um acerto com as partes, de modo a se ter um mínimo de respeito para com os moradores. E aí surge o velho problema calcado em uma convicção expressa em um enunciado simples: o de que a sua liberdade termina quando atinge a liberdade do outro.
É um princípio básico, mas, infelizmente, isso não é sequer cogitado. O pior é que muita gente ignora os princípios básicos de cidadania, expressão tão repetida e, ao mesmo tempo, tão desprezada. É como se a lei da selva tivesse se transferido de mala e cuia para o asfalto.
Mas não é só em Porto Alegre que a situação é tensa - naturalmente que piorada pelo consumo excessivo de drogas lícitas, como o álcool, e ilícitas. Psiquiatras e sociólogos já cansaram de alertar que o grande mal do nosso mundo é o álcool em excesso.
O pior é que, além de ser a porta de entrada para drogas pesadas, seu consumo atinge adolescentes de ambos os sexos. Quem já viu in loco como a cultura do ficar bêbado se enraíza na nossa juventude sabe do que estamos falando. Para piorar ainda mais o quadro, muitos pais são omissos ou acham que "é fase", que "isso passa".
Para um grande percentual de jovens e adultos, infelizmente, não é fase, e também não passa, fica. Cerca de 30% dos que bebem tornam-se dependentes do álcool, assim como quem usa drogas ilícitas. E daí para um comportamento antissocial é um pequeno passo, e para uma pane mental irreversível é um pequeno passo e meio. Não precisa fazer pesquisa para ver a devastação que causa na nossa juventude, agravada pela dissolução da unidade familiar ou da omissão de pais.
Os tempos são de vaca não reconhecer bezerro, como se diz no campo. E é um mal mundial, acobertado ou ignorado por décadas e décadas. E não só aqui. Vemos episódios semelhantes mesmo em países mais adiantados, como é o caso dos Estados Unidos, volta e meia sofrendo terremotos racistas e ideológicos. Essa epidemia grassa em todo mundo, como se o episódio bíblico da Torre de Babel se tornasse uma realidade palpável, todos falando línguas diferentes e ninguém se entendendo mais.
Como mudar isso? Para começar, teria que haver um gigantesco esforço mundial para reconhecer que a química lícita ou ilícita domina corações e mentes. Passando para o caso brasileiro, enquanto continuarmos a colocar panos quentes, desprezando todos os sinais de perigo, marcharemos, alegre e irresponsavelmente, para o descontrole geral, seja no macro ou até em pequenas rusgas de rua que acabam em enormes conflitos, como na nossa Cidade Baixa.
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