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de olho nas praças

- Publicada em 13 de Agosto de 2017 às 22:22

Praças de Porto Alegre têm lixo e população de rua

Praça Major Joaquim de Queirós, localizada no bairro Santana, abriga vários moradores de rua

Praça Major Joaquim de Queirós, localizada no bairro Santana, abriga vários moradores de rua


FREDY VIEIRA/FREDY VIEIRA/JC
Piqueniques, brincadeiras, chimarrão, cachorros, exercícios, leitura, descanso depois do almoço. As praças são cenários constantes na vida dos porto-alegrenses, seja em momentos de alegria, tristeza ou tédio. Nem sempre, contudo, esses lugares recebem o cuidado de que precisam para se manterem atraentes para os cidadãos. Nesta série de três reportagens, o Jornal do Comércio apresentará um panorama do estado em que as praças da Capital se encontram e quais os planos do município para torná-las mais acolhedoras.
Piqueniques, brincadeiras, chimarrão, cachorros, exercícios, leitura, descanso depois do almoço. As praças são cenários constantes na vida dos porto-alegrenses, seja em momentos de alegria, tristeza ou tédio. Nem sempre, contudo, esses lugares recebem o cuidado de que precisam para se manterem atraentes para os cidadãos. Nesta série de três reportagens, o Jornal do Comércio apresentará um panorama do estado em que as praças da Capital se encontram e quais os planos do município para torná-las mais acolhedoras.

Relação com os porto-alegrenses precisa ser mais integrada

Para a professora Tise Rangel, ocupar os espaços públicos é essencial

Para a professora Tise Rangel, ocupar os espaços públicos é essencial


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
A Praça Estado de Israel, no Menino Deus, é abraçada pela comunidade. É possível enxergar isso logo ao chegar e ver pais com crianças brincando e transeuntes passeando com seus cachorros, mesmo em dias de semana. A professora de Gyrotronic Tise Rangel, de 50 anos, tem uma relação afetiva com a praça. "Meu marido morava em frente a ela e eu trabalhava na região. Nos conhecemos por aqui", recorda.
Um grupo de tutores de cachorros, o "Cãotagiantes", do qual Tise faz parte, leva seus bichos de estimação toda manhã para brincar na grama. Promovem cafés da manhã, churrascos, aniversários, entre outros. "Temos que ocupar os espaços. Não é porque tem pessoas morando na praça, que devemos deixar de usá-la", defende a professora. A convivência entre pessoas em situação de rua e moradores de casas e prédios da região é tranquila - cada grupo permanece de um lado.
Tise elogia a conservação da praça, mas considera que falta construir rampas de acesso e asfaltar um caminho interno, para que crianças possam andar de bicicleta, patins ou patinete e cadeirantes possam trafegar tranquilamente. "Já morei fora do Brasil e em vários lugares da Europa as praças têm uma parte asfaltada, para que as pessoas passem por dentro e a relação seja mais integrada", relata.
 

'Não tem vida nessa praça, por isso não vem ninguém'

Gomez, que é uruguaio, sente falta de áreas floridas e ajardinadas

Gomez, que é uruguaio, sente falta de áreas floridas e ajardinadas


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Outra praça que sofre com o lixo no chão é a Garibaldi, na Cidade Baixa. Apesar de ficar em uma região movimentada, o lugar costuma estar vazio. Enquanto a reportagem do Jornal do Comércio estava por ali, na manhã de um dia de semana ensolarado, apenas um homem sentava em um dos bancos. "Não tem vida nessa praça. Por isso não vem ninguém", observa o pianista Paulo Gomez, de 39 anos.
O músico é uruguaio, mas mora em Porto Alegre, porque não conseguiu emprego em Montevidéu. De sua terra natal, tem saudades das praças bem cuidadas. "São floridas, ajardinadas. Nas praças daqui não há flores", ressalta. Para o pianista, a responsabilidade de cuidar das praças não é só da prefeitura, e sim de toda a sociedade. Porém, há coisas que cabem ao município implantar. "Se os canteiros com grama fossem cercados e houvesse um decreto de que é proibido caminhar ali, por exemplo, já seria muito melhor. Cuidando, as pessoas vêm chegando para sentar, conversar, tomar mate", cita Gomez.
O Monumento a Garibaldi, localizado no centro da praça, é uma peça histórica, inaugurada em 1913. Porém, necessita de manutenção, pois está pichado. "Poderiam colocar iluminação de baixo para cima, para valorizar a escultura e constranger esses atos", sugere Gomez. A grama, cortada, já apresenta capim alto. Mesmo com a praça repleta de lixeiras, os recipientes se mantêm quase vazios, enquanto o lixo fica espalhado pelo chão. Parte do piso dos caminhos internos está quebrada.
 

Quando a praça faz parte da rotina

Motoristas que trazem pacientes para a Capital, como Lessinger (e) e Kaefer (d), passam o tempo em áreas verdes

Motoristas que trazem pacientes para a Capital, como Lessinger (e) e Kaefer (d), passam o tempo em áreas verdes


FREDY VIEIRA/FREDY VIEIRA/JC
Um grupo de cinco motoristas há anos passa parte de seus dias na Praça Major Joaquim de Queirós, no bairro Santana. Eles reclamam do mau cheiro, decorrente de lixo, fezes, urina e comida estragada. "Tem lugares na praça em que não dá para ficar por causa do fedor", lamenta Lauri Kaefer, de 60 anos, motorista da prefeitura de Morro Reuter.
Kaefer é um dos tantos profissionais que trazem pacientes do interior do Estado ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre pela manhã e levam de volta no final da tarde. Por isso, diariamente, o profissional observa o dia a dia da praça, entre um chimarrão e outro.
O local é feito de moradia por pessoas em situação de rua, que frequentemente montam cabanas e barracas por ali. "Tinha um tempo em que a praça estava pior. Agora, apesar de suja, está mais segura", avalia Vanderlei Lessinger, de 46 anos, motorista da prefeitura de São José do Hortêncio.
A segurança se dá, inclusive, pela presença dos condutores no local. Hoje, o que mais incomoda os frequentadores são os catadores que passam pelas lixeiras e, em busca de material reciclável, espalham o conteúdo do recipiente pela praça. "Essa turma passa nas lixeiras e joga tudo para fora", reclama Lessinger.

Meta da prefeitura é garantir manutenção a cada três meses

O objetivo do secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, é atender de 45 a 50 praças por semana, com roçado e limpeza. Com isso, o retorno em cada uma das 652 praças de Porto Alegre ocorrerá a cada três meses.
"Há praças que, evidentemente, pelo público que recebem, acabam tendo mais retornos, uma vez por mês", explica. Retornos mensais seriam o ideal, segundo o gestor da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), mas não há equipes contratadas o suficiente para tanto.
A grande novidade é que a secretaria tem divulgado o cronograma de limpeza das praças. "Antes, não havia uma programação efetiva, nem um rigor no cumprimento desse cronograma. Era mais por demanda", relata o secretário. A intenção, com a divulgação das datas nas quais cada local receberá manutenção, é "distensionar o relacionamento com o contribuinte e com a imprensa" e aumentar a capacidade de fiscalização das equipes.
Por enquanto, ainda não é possível cumprir rigorosamente com a programação, pois alguns trabalhos têm levado mais tempo do que o esperado. "Há serviços que verificamos que há muitos anos não eram realizados e, por isso, há diversos pontos dos passeios internos totalmente tomados pelo mato, por exemplo", cita Rosário. Fazendo essas intervenções agora, a SMSUrb espera tornar os trabalhos mais regulares no futuro.
Os usuários que tiverem demandas, como uma lâmpada queimada na praça ou a falta de capina, devem apresentá-las através do Fala Porto Alegre (telefone 156) ou do site da prefeitura (www.portoalegre.rs.gov.br). Atualmente, a Procempa desenvolve um aplicativo para facilitar o envio de solicitações e reclamações por parte dos cidadãos.