- Entrevista com Lennon Pacheco, da barbearia Studio Beco10, sobre a repercuss�o do GE em seu empreendimento Lennon Pacheco, da barbearia Studio Beco10, fala sobre a repercuss�o do GE em seu empreendimento Foto: FREDY VIEIRA/FREDY VIEIRA/JC

'Tem que acreditar'

Há cerca de três anos, Lennon Pacheco, 26 anos, estava desempregado. De lá para cá, abriu sua própria barbearia no pátio de casa, na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, e conta com uma gama de amigos-clientes fiéis.
Capa do GeraçãoE do dia 12 de janeiro (leia aqui), nesta entrevista, o empreendedor fala sobre a repercussão, a evolução do negócio e as novas ideias para que o Studio Beco 10 continue crescendo.
GeraçãoE - Qual a importância de ter conquistado espaço na mídia?
Lennon Pacheco - É gratificante estar dentro da comunidade e conseguir chegar até o grande público. O GeraçãoE foi a primeira mídia que contou nossa história, e depois veio a Record. E, então, as portas foram se abrindo. Infelizmente, se tu falar em "comunidade, mídia, jornal, televisão", as pessoas pensam em preso, em coisa negativa. Consegui mostrar, através do jornal, que também têm coisas positivas. Tiveram várias fotos de amigos meus tomando café com a capa do caderno.
GE - Então aumentou ainda mais o movimento?
Lennon - Aqui vem jogador, vem MC, vem todo mundo. E a galera diz que viu no jornal, o que é bacana. O pessoal comentava "mostrei lá para o meu patrão, para o meu irmão". Graças a Deus, venho num crescente. Tenho que ter orgulho de onde eu moro. Eu tinha tudo para dar errado dentro da favela. Uns parentes presos, tudo para dar errado. E eu acreditei.
GE - Tu criaste novos serviços?
Lennon - Coloquei, agora, um espaço que uso para tatuagem. Isso surgiu quando botei na pele "Beco 10". O profissional disse que já tinha ouvido falar do salão. Toda segunda-feira, ia lá para fazer um pedaço, ele viu no jornal e na televisão. Até que me propôs uma parceria. Trouxemos para dentro da comunidade algo que ainda não tinha. Em vez de o pessoal sair e fazer no asfalto, faz tudo dentro da favela. No Rio de Janeiro, na Rocinha, tem banco, mercado, McDonald's. Não vou colocar um Mc aqui, mas o que eu puder trazer para cá, daqui a pouco, um negocinho de chopp, uma coisinha bacana, tem espaço para fazer.
GE - E os cursos?
Lennon - Os cursos que dou também tiveram aumento de procura. Ensino técnicas de barbearia nas segundas e nas quartas-feiras. Aumentou a procura, porque os caras conseguiram pegar confiança. Eles já acreditavam no meu trabalho, mas, depois que apareci na mídia, a credibilidade aumentou bastante. Só tenho a agradecer pelas pessoas que estão me ajudando, pelos amigos que estão sempre aqui. E repito: "o cara tem que acreditar". Nos cursos que dou, preciso de modelos. Busco as crianças da comunidade que não têm condição de pagar e trago para cortar nas aulas. É algo que ajuda. O projeto é esse: continuar trabalhando, expandindo. Fico feliz por proporcionar às pessoas uma nova profissão.
GE - Qual tua tática para atrair mais gente para o curso?
Lennon - Sempre faço a metade do preço da rua para poder ganhar na quantidade e ajudar a rapaziada. A maioria dos caras que faz curso aqui é amigo, conhecido. São dois meses de atividades, mas é sempre aberto. Já formei uns dois ou três guris mais novos, de dentro da comunidade, que estavam a ponto de se perder. Eles fizeram o curso e montaram o espacinho deles em casa mesmo. Estão ganhando um dinheirinho. Fico feliz! Se salvei pelo menos um, está bom para mim.
FREDY VIEIRA/JC
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