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Fiergs 80 anos

- Publicada em 13 de Agosto de 2017 às 21:56

A. J. Renner, o capitão da indústria

Antônio Jacob Renner (1884-1966) foi o maior defensor da indústria gaúcha e é considerado a maior força por trás da criação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul

Antônio Jacob Renner (1884-1966) foi o maior defensor da indústria gaúcha e é considerado a maior força por trás da criação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul


CLAITON DORNELLES /JC
Muitos talvez nem saibam o significado das letras A e J, mas todos, com certeza, ao ouvir o nome A. J. Renner fazem relação com um personagem importante para a história da industrialização do Rio Grande do Sul. Antônio Jacob Renner foi o maior defensor da indústria gaúcha e é considerado a maior força por trás da criação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. Tudo começou com a fundação do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul (Cinfa), em 7 de novembro de 1930, e do qual ele tornou-se o primeiro presidente. Foi a largada para que, sete anos depois, em 14 de agosto de 1937, surgisse a Fiergs, que A. J. Renner também presidiu na gestão 1941/1942.
Muitos talvez nem saibam o significado das letras A e J, mas todos, com certeza, ao ouvir o nome A. J. Renner fazem relação com um personagem importante para a história da industrialização do Rio Grande do Sul. Antônio Jacob Renner foi o maior defensor da indústria gaúcha e é considerado a maior força por trás da criação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. Tudo começou com a fundação do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul (Cinfa), em 7 de novembro de 1930, e do qual ele tornou-se o primeiro presidente. Foi a largada para que, sete anos depois, em 14 de agosto de 1937, surgisse a Fiergs, que A. J. Renner também presidiu na gestão 1941/1942.
Ele nasceu Anton Jacob em 1884, mas trocou o prenome para Antônio em 1942. Gaúcho de Santa Catarina da Feliz, na encosta da Serra, construiu um império a partir de uma modesta tecelagem instalada em um galpão em São Sebastião do Caí. A firma A. J. Renner & Cia surgiu em 2 de janeiro de 1912, um ano depois de uma primeira empreitada que precisou ser reformulada.
Com novos investimentos, ânimo redobrado e pedidos multiplicados, a empresa mudou-se para o bairro Navegantes, em Porto Alegre, conhecido na época como a zona fabril da cidade. No novo endereço, a tecelagem protagonizou um rápido crescimento, transformando-se, 10 anos depois, na principal indústria têxtil do Rio Grande do Sul e tornando seu líder conhecido como o maior industrial gaúcho. Seus feitos ganharam notoriedade não apenas pelo arrojo empreendedor, mas também pela visão social, ainda escassa na época. Em 1916, por exemplo, com a implantação do sistema de três turnos, adotou a jornada de oito horas e que já era reivindicada pelos trabalhadores. Foi ainda um dos primeiros no País a criar uma creche dentro da empresa para os filhos das operárias.
A importação de teares e a análise de manuais têxteis vindos da Alemanha resultaram na pesquisa para criação de uma vestimenta inovadora. Inspirado nos costumes gaúchos e conhecedor do rigor do inverno em seu trabalho como caixeiro-viajante, A. J. Renner lançou uma ampla capa redonda de tecido impermeabilizado, com aberturas laterais para as mãos e que ainda cobria cavalo e cavaleiro.
A capa Ideal e suas versões protegeram os sonhos do empresário visionário e suas vendas ajudaram a transformar em realidade a expansão dos negócios. O império de A. J. Renner começou a tomar forma. Com a instalação de uma alfaiataria e o lançamento do terno Ideal, teve início o processo de verticalização e, em 1922, houve a inauguração do primeiro ponto de vendas, na rua Dr. Flores, para a comercialização de artigos têxteis. Em 1940, ainda como uma empresa pertencente ao grupo, seu mix de produtos cresceu e o ponto de vendas virou uma loja de departamentos.
À indústria e ao comércio do ramo têxtil foram agregados outros investimentos. Plantações de linho, reflorestamento com eucaliptos, usinas próprias e tratamento de água passaram a integrar o portfólio, bem como fábrica de tintas, de latas e até de porcelanas. Mas A. J. Renner não era apenas um empreendedor. Era um industrial participativo e engajado. Com a Revolução de 1930, o Estado ficou isolado e as indústrias sentiram o impacto. Para fazer frente a essas dificuldades foi criado um Comitê Industrial do qual A. J. Renner era um dos líderes. O resultado satisfatório motivou a formação de uma organização de caráter permanente, e ele elaborou os princípios básicos da entidade. Dessa forma, em 7 de novembro de 1930, representantes de 25 indústrias reuniram-se na Livraria do Globo, na Rua dos Andradas, e assinaram a ata de fundação do Centro da Indústria Fabril.
Como presidente do Cinfa, A. J. Renner inaugurou o diálogo entre os industriais gaúchos e o governo federal. Também fez parte da comissão do anteprojeto de lei do seguro social e, com Horácio Lafer, líder dos industriais paulistas, começou as conversações para a criação de uma confederação nacional das associações industriais. Ele também teve uma breve atuação política como deputado classista na década de 1930, representando os empregadores das indústrias. No entanto, como era contrário à remuneração dos classistas, resolveu doar seu salário ao Cinfa.
Com a ajuda da entidade foram organizados novos sindicatos industriais até que em 14 de agosto de 1937 foi fundada a Federação das Indústrias. Mais tarde, em 1942, na sua gestão à frente da nova entidade, houve a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, com montagem e custeio mantidos pela contribuição compulsória das indústrias.
Pela sua liderança, participou ativamente de reuniões das associações comerciais e industriais do País e gostava de conceder entrevistas. A partir de 1948 transformou suas opiniões em artigos na imprensa. Era a maneira de A. J. Renner difundir suas ideias sobre a relação entre capital, Estado e trabalho. Crítico ferrenho do aumento de impostos, teve atritos com o ministro da Fazenda José Maria Alkmim e com o recém-eleito prefeito de Porto Alegre, Leonel Brizola.
Quando morreu, aos 82 anos, em Porto Alegre, em 22 de dezembro de 1966, seu conglomerado vivia uma nova fase. Um ano antes, devido ao crescimento, o grupo A. J. Renner optou por tornar independentes as suas empresas. Assim, foi constituída a Companhia Lojas Renner S.A., marcando o nascimento da rede como é conhecida atualmente. Dois anos depois, em 1967, a Lojas Renner transformou-se em uma empresa de capital aberto.
 
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