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Fiergs 80 anos

- Publicada em 13 de Agosto de 2017 às 21:56

'O empresário tem que ser visto como alguém que colabora muito com a sociedade'

Petry, que comandará a entidade na gestão 2017/2020, diz que federação e mantém foco na defesa dos industriais gaúchos

Petry, que comandará a entidade na gestão 2017/2020, diz que federação e mantém foco na defesa dos industriais gaúchos


MARCO QUINTANA/MARCO QUINTANA/JC
O industrial Gilberto Porcello Petry tomou posse na presidência do Sistema Fiergs em 18 de julho para a gestão 2017/2020. Com 69 anos, é diretor-presidente da Weco S.A. - Indústria de Equipamento Termo-Mecânico, de Porto Alegre. Em 1990, passou a integrar as diretorias da Fiergs/Ciergs e, desde 2005, é vice-presidente da Fiergs. Coordenou, a partir de 1993, cinco Conselhos Temáticos, nas áreas técnica, de Relações do Trabalho e Assuntos Legislativos. É também delegado representante da Fiergs junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI). Desde 2001, preside o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletrônico do Rio Grande do Sul (Sinmetal).
O industrial Gilberto Porcello Petry tomou posse na presidência do Sistema Fiergs em 18 de julho para a gestão 2017/2020. Com 69 anos, é diretor-presidente da Weco S.A. - Indústria de Equipamento Termo-Mecânico, de Porto Alegre. Em 1990, passou a integrar as diretorias da Fiergs/Ciergs e, desde 2005, é vice-presidente da Fiergs. Coordenou, a partir de 1993, cinco Conselhos Temáticos, nas áreas técnica, de Relações do Trabalho e Assuntos Legislativos. É também delegado representante da Fiergs junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI). Desde 2001, preside o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletrônico do Rio Grande do Sul (Sinmetal).
Jornal do Comércio - O senhor já mencionou que as dificuldades das empresas não são virtuais, são problemas concretos que precisam ser resolvidos. Como a Fiergs pretende atuar para auxiliar na busca dessas soluções?
Gilberto Porcello Petry - A minha linha de trabalho, de gestão da casa no meu mandato, é procurar a valorização da empresa industrial privada. Hoje se fala muito no social, no virtual, mas eu costumo dizer também que tudo, inexoravelmente, termina no fim do mês com as contas para pagar. Todos têm contas a pagar. Pessoas têm contas a pagar, os que ganham mais pagam mais contas, gastam mais, os que ganham menos gastam menos e pagam menos. Mas todos têm contas a pagar e empresas também. Quando falo que as dificuldades não são virtuais, quero dizer que são reais, ou seja, no fim do mês, aquele funcionário que ofereceu a sua força de trabalho em troca de uma remuneração, espera receber. E, para isso, as empresas têm que ter pedidos, ordens de compra que são pedidos, vendas que viram ordens de compra, que se chamam pedidos que têm que ser produzidos, entregues, faturados e cobrados. E pagos pelos clientes. Mas nem sempre isso está ocorrendo, principalmente por causa da pouca demanda em função da crise econômica. Esse ciclo não está fechando para nós da indústria, embora para algumas esteja melhor. Quando um juiz pede vista a respeito de uma causa cuja solução vai impactar nas empresas, ele está adiando uma, duas, quatro semanas, dois meses uma questão que as empresas esperam uma solução. Para o funcionamento do tribunal continua igual, mas para nós impacta diretamente.
JC - Entre todos os problemas enfrentados pelos industriais hoje, quais considera que precisam de um encaminhamento mais urgente?
Petry - Efetivamente, o governo teria de ter dinheiro para a retomada da atividade econômica. O governo está utilizando todos os seus recursos para manter a máquina estatal em funcionamento. Pouco tem sobrado para investimentos, porque ele tem que manter a máquina estatal e pagar os juros da dívida. Então, sobra muito pouco para investir e o governo é quem alavanca a economia. As empresas sofrem mais ou menos dependendo da atividade econômica, e isso faz com que a atividade econômica não ande bem. Se quem produz comida não comprar máquinas novas, ficar só na manutenção, o ciclo não fecha e acaba não sendo virtuoso como deveria.
JC - A entidade sempre esteve à frente de movimentos em defesa da economia gaúcha como a vinda do Polo Petroquímico e, mais recentemente, com a entrega (pelo Ciergs) dos projetos básicos para as obras de modernização da infraestrutura da cidade para a Copa do Mundo de 2014. Atualmente, qual a principal demanda que deveria mobilizar a comunidade gaúcha?
Petry - Mesmo com as dificuldades, Fiergs e Ciergs têm encaminhado sugestões, projetos, tentando se antecipar para ajudar a alavancar (a economia gaúcha). Nós pagamos estudos, damos sugestões, mas o governo termina entrando na sua roda viva e ele resolve primeiro os seus problemas, antes dos nossos. Atualmente, nessa dificuldade que o País está passando, o presidente luta para fazer as reformas. Um grande feito foi a reforma trabalhista, mas nós temos ainda que fazer a reforma previdenciária, porque é impossível o Tesouro Nacional continuar suportando os rombos da Previdência. Tem que resolver a questão tributária, porque a carga tributária no Brasil está muito elevada. Nós temos um nível de tributação de países top no mundo. Há também a questão da reforma política. É impossível governar com 28 partidos no Congresso Nacional.
JC - O senhor defende a necessidade de uma nova governança política. Quais seriam as bases desse novo modelo?
Petry - Para se ter uma ideia, existem 35 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 28 têm assento no Congresso e tem mais 30 esperando para serem registrados. Ora, vira um presidencialismo de coalizão e para fazer coalização com 28 tem de oferecer algumas benesses, se não, não consegue governar. Acho que não poderia ter mais do que cinco partidos - esquerda, direita, centro, centro direita e centro esquerda. As ideologias políticas têm que se enquadrar num desses partidos. Não pode haver 35 ideologias diferentes. Não é clube de futebol que tem vários times. Acho muito difícil governar nesse presidencialismo de coalizão.
JC - Durante a sua gestão, em 2018, haverá eleições gerais no País. A Fiergs pretende apresentar sugestões de medidas aos candidatos?
Petry - Primeiro, a Fiergs tem de saber quem serão os candidatos. Segundo, na minha ótica, a Fiergs não se alia com nenhum deles. Mas, primeiro, tem de saber quem são os candidatos para saber como reagem às nossas propostas. Numa proposta comum para o Rio Grande do Sul todos teriam de se unir para resolver o problema do Estado. Qualquer governo que entra vai sempre adiando a solução, porque não tem caixa. Costuma-se dizer que dinheiro existe, é só uma questão de vontade política. Não, o que falta é exatamente dinheiro. Vontade política todos têm. Não conheço político que não queira fazer algo que vai resultar em um benefício para a população e pelo qual será eternamente reconhecido. Vamos fazer chegar os projetos, as sugestões quando os candidatos estiverem definidos.
JC - Qual o grande projeto, a grande causa que mobilizaria a sociedade atualmente?
Petry - A grande causa que uniria o Estado é a segurança. As pessoas estão cansadas de ver essa questão diariamente nos jornais, com mortes, e sem solução.
JC - E das causas da Fiergs, qual o principal desafio à frente de uma das maiores entidades empresariais do País?
Petry - Primeiro, a valorização do empresário como elemento gerador de emprego. O empresário tem que ser visto como alguém que colabora muito com a sociedade. Ao abrir um negócio e gerar empregos, o lucro é consequência disso. Mas, antes de ter o lucro, ele tem de fabricar o produto e para fabricar o produto ele tem de ter empregos, tem que dar empregos e recolher impostos. Temos que batalhar muito também para que as despesas que as empresas pagam sejam menores. Se for olhar os balanços das empresas, os custos financeiros sobre as receitas estão num nível muito elevado. Empresas boas estão pagando muito juro e o juro consome muito. O juro é fixado pelo governo, ele baliza os empréstimos. Ou seja, dependendo do que o governo precisa para atrair investidores para comprar seus títulos, ele fixa o juro de acordo com controle da inflação que pretende. Só que as empresas têm que suportar isso nos empréstimos que elas fazem nos bancos, mas sem saber ser o produto vai suportar algum repasse.
JC - Qual a mensagem dos 80 anos da entidade?
Petry - A Fiergs, há 80 anos, trabalha como entidade criada por industriais para defender os interesses desses industriais. Ela faz isso há 80 anos e continuará fazendo nos próximos 80. O espírito é o mesmo.
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