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MÃO DE OBRA

- Publicada em 11 de Setembro de 2017 às 21:18

Mercado da construção civil ensaia tímida retomada nas contratações

Para Santana, instabilidade política prejudica o segmento

Para Santana, instabilidade política prejudica o segmento


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Os números divulgados pela Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic) indicam que o segundo semestre de 2017 pode marcar um início da retomada nas contratações, ainda tímida, da construção civil no País. Depois de 33 meses demitindo mais do que contratando, no mês de julho, o número de vagas formais criadas pelo setor cresceu. Embora o volume seja pequeno, 724 contratações em todo o Brasil, a notícia pode ser um indicativo de que o pior da crise já ficou para trás. Para o segmento que já empregou 3,426 milhões de trabalhadores em 2013, atingir o mesmo nível produtivo ainda pode levar alguns anos.
Os números divulgados pela Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic) indicam que o segundo semestre de 2017 pode marcar um início da retomada nas contratações, ainda tímida, da construção civil no País. Depois de 33 meses demitindo mais do que contratando, no mês de julho, o número de vagas formais criadas pelo setor cresceu. Embora o volume seja pequeno, 724 contratações em todo o Brasil, a notícia pode ser um indicativo de que o pior da crise já ficou para trás. Para o segmento que já empregou 3,426 milhões de trabalhadores em 2013, atingir o mesmo nível produtivo ainda pode levar alguns anos.
No Rio Grande do Sul, atualmente, estima-se que a construção civil gere 122.609 empregos com carteira assinada. Este número já foi de 161.047 em 2013 no Estado. Mas os 38.438 postos perdidos a partir de 2014, em decorrência da crise econômica, ainda estão longe de serem recuperados. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil do RS (Sinduscon-RS) e coordenador da Comissão de Política e Relação do Trabalho (CPRT), Rafael Lonzetti, há um cenário um pouco mais promissor do que o do ano passado. "Parou de piorar. Estamos começando a ver uma luz no fim do túnel por conta da redução dos juros, o desemprego parou de crescer, mas o mercado está muito dividido. Vejo empresas que querem investir e, ao mesmo tempo, vejo empresas que vão esperar um pouco mais para ver o que vai acontecer. Porque hoje a crise é uma crise política, uma crise moral também", analisa Lonzetti.
Para o dirigente, nesse processo, as grandes empresas que tinham volume de obras com vários canteiros de obras foram as que mais sofreram e muito por conta dos distratos dos compradores. "Essas tiveram que se readaptar de forma mais ampla e rápida. A construtora pequena conseguiu reagir melhor a essas mudanças", acredita Lonzetti.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre (Sticc), Gelson Santana, concorda que a instabilidade política é um dos atuais entraves para um início da retomada do segmento. Na sua avaliação, os dois setores que alavancam a economia - o agronegócio e a construção civil - não estão recebendo a atenção devida do atual governo. "Acho que chegamos ao fundo do poço. Pior que isso só se parar o País", lamenta o dirigente.
Conforme os dados do Sticc, há cerca de 300 obras públicas paradas no Estado que, se reativadas, poderiam ser um caminho para estimular o mercado. Projetos de escolas, de obras de saneamento e de creches com financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deveriam voltar a receber investimentos do governo.

Ano deve superar matrículas em cursos profissionalizantes

Em 2016, 1.621 alunos passaram pelo Centro de Formação Profissional Senai de Construção Civil no Estado. Os cursos de edificador predial, pedreiro, eletricista e instalador predial foram responsáveis por 562 matrículas. Essas formações são gratuitas e dentro da modalidade de aprendizagem industrial, contrapartida do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) às empresas. Ainda há cursos de formação inicial e de continuidade pagos, que capacitam para áreas específicas, como auxiliar de pedreiro, assentador de placas cerâmicas, gesso acartonado, pintura de obras, leitura e interpretação de plantas.
A previsão é de que 2017 supere o número de matrículas da escola. "A construção não é o segmento que mais nos procura, porque existe a questão sazonal, mas quando voltarem os investimentos vai faltar profissional no mercado. Havendo aquecimento da economia, isso vai crescer", explica o diretor regional do Senai-RS, Carlos Trein.
Ele ressalta que a indústria não é a mesma de 30 anos e que cresce a exigência por profissionais qualificados e com habilidades mais desenvolvidas. Nesse sentido, segundo Trein, o Senai está preparando, em parceria com entidades, cursos que atinjam desde níveis básicos, de supervisão, até gerenciais.

Boas práticas garantem segurança nos canteiros de obras

A preocupação com a disseminação das boas práticas na segurança, na saúde e a valorização do trabalhador é o atual foco da Comissão de Política e Relação do Trabalho (CPRT) do Sindicato da Construção Civil do RS (Sinduscon-RS). A prática das normas regulamentadores passou a ser algo básico para os associados da entidade. O coordenador da CPRT, Rafael Lonzetti, ainda cita o diálogo permanente com a Superintendência Regional do Trabalho. O resultado deste esforço aparece na redução de acidentes nos canteiros de obras e nos três anos sem acidentes fatais entre empresas associadas.
Seguindo a tendência de protagonizar iniciativas para qualificar o mercado, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sticc) apoiou a criação da Obra Pública Legal (OPL), lei em vigor em Porto Alegre e Guaíba, para premiar boas práticas na área pública. A construtora é avaliada nos estágios da obra e recebe pontuação que dá direito a um selo de qualidade que impactará positivamente em novas licitações.