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INOVAÇÃO

- Publicada em 11 de Setembro de 2017 às 21:15

Regras da ABNT movimentam a construção

Conforme Luciani, resultado é a melhoria da qualidade das edificações habitacionais

Conforme Luciani, resultado é a melhoria da qualidade das edificações habitacionais


JONATHAN HECKLER
As regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) vêm movimentando a cadeia da produção da indústria da construção civil em todo o País. Em vigor desde 2013, a Norma de Desempenho nº 15.575 associa a qualidade de produtos ao resultado que eles conferem ao consumidor e indica como fazer essa avaliação. Além de beneficiar o consumidor, a norma divide responsabilidades entre fabricantes, projetistas, construtores e usuários. Estabelece, ainda, o atendimento quanto à segurança, habitabilidade e sustentabilidade que devem proporcionar cada um dos sistemas que compõem um imóvel.
As regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) vêm movimentando a cadeia da produção da indústria da construção civil em todo o País. Em vigor desde 2013, a Norma de Desempenho nº 15.575 associa a qualidade de produtos ao resultado que eles conferem ao consumidor e indica como fazer essa avaliação. Além de beneficiar o consumidor, a norma divide responsabilidades entre fabricantes, projetistas, construtores e usuários. Estabelece, ainda, o atendimento quanto à segurança, habitabilidade e sustentabilidade que devem proporcionar cada um dos sistemas que compõem um imóvel.
De acordo com a doutora em Engenharia Civil Luciani Somensi Lorenzi, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e membro titular do Comitê Técnico para Produtos Inovadores do Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores e Sistemas Convencionais (CT-Sinat Inovadores), a Norma nº 15.575 veio para fazer com que a cadeia da construção civil girasse mais rápido para melhoria da qualidade das edificações habitacionais. "Muitos dos requisitos que são exigidos na Norma de Desempenho são cobrados desde 1980, só que não eram feitos", enfatizou durante a palestra "A Norma de Desempenho e o seu impacto na indústria da construção civil", que ocorreu durante a 20ª Feira Internacional da Construção (Construsul), realizada de 2 a 5 de agosto, em Novo Hamburgo.
A partir de então, segundo ela, o usuário começou a ficar mais atento e exigente a certos requisitos, como, por exemplo, o desempenho acústico. "Temos que pensar neste novo usuário, no que ele vai exigir de nós. Temos que focar este novo nicho de mercado", destaca.
Luciani explica que, para atender à norma de desempenho, é preciso pensar primeiro na função, ou seja, para quê vai servir tal edificação. O segundo ponto é o meio no qual vai ser construído o edifício, quais as condições bioclimáticas da região e, por último, mas igualmente importante, em que sistema construtivo será utilizado. "No Rio Grande do Sul, temos dois tipos de sistemas construtivos dominantes, o convencional (estrutura de concreto armado e vedação em alvenaria de bloco cerâmico) e a alvenaria estrutural de bloco cerâmico", afirma.
A professora e também pesquisadora do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme/Ufrgs) desenvolveu, em conjunto com outros pesquisadores, o Catálogo de Desempenho, a pedido do Ministério das Cidades, em 2015. Inicialmente, foram analisados 1.008 ensaios, referentes a sistemas de vedação vertical e sistemas de pisos, quanto ao desempenho acústico.
"O catálogo está ajudando muitos projetistas", ressaltou. Além dessa iniciativa, o Leme, juntamente com ITT, da Unisinos, integra a Rede de Desempenho Sibratec, formada por 11 instituições, financiadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que fornecerá ensaios, consultoria e cursos às empresas sobre tecnologia e inovação.

Pesquisadores buscam aproximação com a indústria

Coordenador operacional do ITT da Unisinos, Christ estima que a instituição já tenha colaborado com mais de 300 empresas desde 2013

Coordenador operacional do ITT da Unisinos, Christ estima que a instituição já tenha colaborado com mais de 300 empresas desde 2013


RODRIGO BLUM/DIVULGAÇÃO/JC
Unir o conhecimento acadêmico com a prática nas empresas é um dos desafios das universidades gaúchas. No Rio Grande do Sul há algumas iniciativas neste sentido. Uma delas foi a reforma curricular no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e a inclusão de disciplinas optativas no currículo no curso de Engenharia Civil da Unisinos.
As duas universidades oferecem disciplinas que estão alinhadas com o atual momento do setor da construção civil voltados para a área de desempenho de edificações, como: desempenho de edificações, segurança contra incêndio em edificações, tecnologia de concretos especiais, empreendedorismo, gestão de projetos e inovação, entre outras.
Professor da disciplina de Desempenho nas Edificações e coordenador operacional do Instituto Tecnologia em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance) da Unisinos, Roberto Christ explica que a dificuldade de integração entre as universidades e as empresas se dá pela herança cultural europeia. "A Europa desenvolve seus produtos nas empresas, lá não vão para a academia. O ITT quer mudar essa lógica. Apesar de estar situado em uma universidade, é totalmente voltado para a cadeia produtiva da construção civil", destaca Christ.
O instituto, que esteve com um estante na 20ª Construsul, desenvolve pesquisas a partir das necessidades das empresas. "O empresário nos traz a ideia, e nós tiramos do papel para que ela possa ter produtividade, aceitação no mercado, competitividade, sustentabilidade e desempenho", explica o coordenador.
Christ estima que o ITT tenha colaborado, de 2013, quando começou a funcionar, até hoje, com mais de 300 empresas do Estado, do Brasil e do mundo. "Tivemos empresas da Espanha, Estados Unidos e Venezuela que vieram homologar sistemas conosco, pois as normas técnicas são diferentes para cada país."
O ITT oferece serviços, por exemplo, de determinação do índice de redução sonora em laboratórios de sistemas de vedação verticais (paredes, fachadas, pisos, janelas e portas), com a utilização de câmeras reverberantes.
Na estrutura da universidade também foi desenvolvida uma câmara de estanqueidade, que realiza ensaios em sistemas verticais de vedação externa e interna, permeabilidade à água e estanqueidade de esquadrias, além de uma série de outros equipamentos.
Os produtos desenvolvidos pelo instituto seguem a Norma de Desempenho nº 15.575, da ABNT. A norma diz respeito a todo o sistema construtivo. "Tijolo é só um elemento dentro da parede. Não se faz uma parede só com o tijolo. E todo mundo tem que atender à norma. O fabricante tem que saber qual o desempenho do seu produto em uma determinada utilização. O projetista tem que especificar as características, o incorporador pega a especificação e vai atrás de empresas que atendam àquilo", esclarece Christ.

Entenda a Norma nº 15.575

A Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais é dividida em seis partes: requisitos gerais do projeto/obra e outras cinco referentes aos sistemas que compõem o edifício (estrutural, pisos, vedação vertical, cobertura e sistemas hidrossanitários). Para cada uma delas são estabelecidos requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos) e parâmetros. Os métodos de avaliação são compostos por procedimentos para medir se os sistemas atendem aos requisitos.
Estão especificados, por exemplo, os impactos que uma parede deve aguentar, a resistência ao fogo de estruturas, paredes e coberturas que devem ter, o peso que tubulações hidrossanitárias devem suportar, além de temperaturas mínimas e máximas em recintos de permanência prolongada, isolação acústica e uma série de situações de risco para o imóvel.