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- Publicada em 24 de Agosto de 2017 às 17:40

Comércio fechou lojas, cortou salários e vagas em 2015

Receita do setor de veículos, peças e motocicletas recuou 11%

Receita do setor de veículos, peças e motocicletas recuou 11%


/MARCELLO CASAL JR/ABR/JC
A deterioração no mercado de trabalho e a inflação alta afastaram os consumidores das compras em 2015. A redução nas vendas já era conhecida, mas o resultado da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) daquele ano mensura o impacto do primeiro ano da crise no comércio brasileiro: fechamento de estabelecimentos, demissão de funcionários e queda no salário médio. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A deterioração no mercado de trabalho e a inflação alta afastaram os consumidores das compras em 2015. A redução nas vendas já era conhecida, mas o resultado da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) daquele ano mensura o impacto do primeiro ano da crise no comércio brasileiro: fechamento de estabelecimentos, demissão de funcionários e queda no salário médio. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2015, o País tinha 1,573 milhão de empresas dedicadas ao comércio, que geraram R$ 3,1 trilhões de receita operacional líquida e R$ 550,5 bilhões de valor adicionado bruto. Naquele ano, foram pagos R$ 206,3 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações a 10,3 milhões de pessoas ocupadas, em 1,705 milhão de unidades locais.
"No segmento varejista, as empresas são de menor porte, então, elas acabam tendo que empregar a maior parte do pessoal ocupado, porque existem muitas: 78% das empresas da PAC são do segmento varejista. Como há uma quantidade maior de empresas nesse segmento de comércio, ele acaba empregando mais", disse a gerente da pesquisa, Danielle Chaves de Oliveira.
Segundo o IBGE, o desempenho do comércio foi impactado por variáveis que determinam o comportamento do consumidor. Em 2015, a restrição ao crédito e a redução na renda diminuíram a confiança do consumidor e, consequentemente, o consumo das famílias.
A receita operacional líquida do comércio caiu 0,5% na passagem de 2014 para 2015. O número de unidades locais ficou 1,7% menor. O mau desempenho teve consequências para o mercado de trabalho no setor. O número de vagas diminuiu 3,9% em relação a 2014, enquanto o salário médio mensal real de quem permaneceu empregado encolheu 0,8%. Como consequência, a massa salarial real paga aos trabalhadores foi reduzida em 1,7%.
Em relação à produtividade, o destaque também foi o comércio atacadista, com R$ 111.351,00 de valor adicionado gerado por pessoa ocupada, contra uma média de R$ 53.579,00 no total da pesquisa. Entre as atividades pesquisadas, a liderança foi também do comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes:
R$ 348.417,00 por trabalhador.
O segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas teve o pior desempenho no ano, com queda de 11% na receita operacional líquida, recuo de 4,2% no pessoal ocupado e redução de 0,8% no número de unidades locais. Ainda assim, o segmento aumentou em 0,3% o salário médio mensal dos trabalhadores que permaneceram ocupados.

Região Sudeste foi destaque nos principais itens da pesquisa realizada pelo IBGE

Em 2015, o Sudeste se destacou nas principais variáveis da Pesquisa Anual do Comércio (PAC) do IBGE. A receita bruta de revenda ficou em 51,5% do total, a massa salarial em 56,3%, as pessoas ocupadas atingiram 51,6% e unidades locais chegaram a 50,4%. O salário médio pago pelas empresas foi de 2 salários-mínimos. O Sudeste ficou acima da média, pagando 2,1 salários-mínimos. Entre as demais regiões, uma igualou e três ficaram abaixo dessa média: Sul (2), Norte (1,9), Centro-Oeste (1,8) e Nordeste (1,5).
O Sudeste teve redução em sua participação na receita global. "O Sudeste tinha participação na receita de 63,3% e agora tem 51,1% ", disse a gerente da pesquisa, Danielle Chaves de Oliveira.
A pesquisadora explica que o comportamento no Nordeste é diferente das outras regiões, que têm no atacado as receitas maiores do que no varejo. "No Nordeste isso se inverte, a receita bruta de revenda no varejo é de 49,7% e é maior do que no atacado."
Segundo Danielle, não é possível saber ainda se o impacto da crise econômica sobre o comércio se esgotou em 2015 e se a partir daquele ano vai ocorrer recuperação. De acordo com a gerente, somente quando forem anunciados os dados de 2016 haverá condição de fazer esse tipo de análise. Para ela, é interessante lembrar que em 2014, em relação a 2013, houve aumento real de 6,2% no total do comércio em geral e não tinha reflexo da crise. Por isso, ela avaliou que a queda de 0,5% em 2015 deve ser considerada estabilidade.