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- Publicada em 22 de Agosto de 2017 às 19:27

Pelo terceiro ano, desemprego é principal causa de inadimplência

Segundo a pesquisa, 93% dos inadimplentes são das classes C, D e E

Segundo a pesquisa, 93% dos inadimplentes são das classes C, D e E


/AFP/JC
Pelo terceiro ano seguido, o desemprego é a principal causa da inadimplência no Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais brasileiras.
Pelo terceiro ano seguido, o desemprego é a principal causa da inadimplência no Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais brasileiras.
Dos consumidores que têm contas em atraso, mais de um quarto (26%) culpa a perda do emprego, percentual que sobe para 27% quando considerado somente os indivíduos das classes C, D e E.
Em anos anteriores, o desemprego respondia por 33% (2015) e 28% (2016) como principal causa da inadimplência, o que representa estabilidade em relação ao dado deste ano, segundo o SPC. Para a economista-chefe da entidade, Marcela Kawauti, os dados refletem as dificuldades do atual cenário macroeconômico, com perda de dinamismo do mercado de trabalho e renda mais curta.
Outros motivos que levaram os brasileiros à situação de inadimplência são a diminuição da renda (14%), a falta de controle financeiro (11%) e o empréstimo de nome a terceiros (5%) .
O levantamento da inadimplência no Brasil mostrou que as mulheres são maioria entre os devedores entrevistados: 56% contra 44% dos homens. Quanto à faixa etária, a concentração é mais elevada entre os adultos de 25 a 49 anos, que, juntos, representam 65% da amostra.
Nove em cada 10 (93%) inadimplentes entrevistados são das classes C, D e E, e 7% pertencem às classes A e B. A pesquisa revelou também que 75% dos inadimplentes têm, no máximo, o segundo grau completo.
 

Grande parte dos consumidores não tem noção do quanto deve

Entre os consumidores com contas em atraso, 48% não têm condições financeiras de pagar nem ao menos uma parte da dívida nos próximos três meses. O cenário é similar ao do segundo semestre do ano passado, quando o índice ficou em 46%. De acordo com o estudo, o valor médio do total das dívidas do brasileiro é de quase R$ 2.980,00, mas 43% não sabem ao certo o quanto devem. Apenas 20% das pessoas acreditam que vão pagar a dívida integralmente nos próximos três meses, e 26% pretendem pagar ao menos parte do que devem.
A renegociação é a principal estratégia para o pagamento da dívida, com 42% de citações. Outros meios devem ser a geração de renda extra por meio de atividades precárias - os chamados bicos (23%) -, cortes no orçamento (22%), recebimento de dívidas de terceiros (14%), utilização de recursos dos saques das contas do FGTS (13%) ou uso do 13º salário (13%) .

Maior dificuldade é que o valor da pendência costuma superar a renda

Entre os inadimplentes que vão fazer cortes no orçamento e economizar para pagar as dívidas (22%), a maior parte deixará de comprar roupas e calçados (44%). Para 51%, a maior dificuldade para quitar a dívida em atraso é o fato de o valor total da pendência superar a renda. Há ainda 26% que enfrentam dificuldades para economizar em despesas básicas e 16% que resistem em economizar com itens supérfluos.
Segundo o educador financeiro José Vignoli, é importante fazer uma reflexão sobre o que originou a dívida e manter o foco na resolução do problema. "Relutar em eliminar despesas e em alterar o padrão de consumo são alguns dos erros mais comuns para quem precisa 'sair do vermelho'. A primeira atitude para organizar as finanças pessoais é reconhecer a necessidade de mudar hábitos que colocam o bolso em risco", disse.

Compromissos básicos são as principais prioridades

Os compromissos que os inadimplentes mais pagam em dia são aqueles considerados básicos, como plano de saúde (93% dos que têm esse compromisso), condomínio (89%), aluguel (84%), internet e TV por assinatura (83%) e conta de água e luz (80%).
"A iminência de corte de serviços de primeira necessidade quando há atraso no pagamento pode ser um motivo para que essas contas tenham menor percentual de atraso em relação às dívidas bancárias. Como a pessoa não tem recursos para pagar tudo de uma vez, acaba elegendo prioridades, como o aluguel e o plano de saúde, por exemplo", disse a economista Marcela Kawauti.
O SPC apontou que as dívidas que mais estão em atraso, mesmo sem ter gerado o nome sujo, são aquelas ligadas ao crédito de instituições financeiras ou ao comércio, cuja incidência de juros é maior, como cartão de loja (84% entre os que têm essa conta), empréstimo em banco ou financeira (74%), cartão de crédito (74%), cheque especial (72%) e crediário (67%) .
Querer aproveitar uma promoção levou quase um terço dos consumidores à inadimplência. Levando em consideração os devedores que admitiram o descontrole financeiro ou o acesso ao crédito fácil como causa da inadimplência, 32% afirmaram que quiseram aproveitar uma promoção e acabaram fazendo uma compra sem avaliarem o próprio orçamento - percentual que cresce para 46% entre pessoas de 18 a 34 anos.

Mais da metade tenta fazer controle das suas contas

Entre os entrevistados que alegaram descontrole nas compras e falta de planejamento, 53% tentaram mudar algo em sua atitude para resolver esses problemas, como anotar as despesas e gastos (27%), diminuir as saídas com amigos gastadores (18%) e até evitar sair com o cartão de crédito na carteira (16%). O restante (47%) admitiu não ter mudado qualquer conduta, principalmente por acreditar que a dívida não é um grande problema para o seu dia a dia (20%) ou que a situação não os incomoda (11%).
Após contrair a dívida, a maioria (82%) desses inadimplentes reconhece não ter procurado ajuda para frear os próprios impulsos, principalmente por acreditarem que conseguem resolver sozinhos essa situação (48%). Somente 18% procuraram algum tipo de auxílio para colocar as contas em ordem.