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Gestão

- Publicada em 13 de Agosto de 2017 às 22:21

Executivos gaúchos são mais corretos

Pesquisa apontou que 16% dos executivos gaúchos admitiram ter tido desvio de conduta

Pesquisa apontou que 16% dos executivos gaúchos admitiram ter tido desvio de conduta


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
Em meio a escândalos de corrupção que assolam não só o poder público, mas também o mundo corporativo, levantamento realizado a partir de avaliações comportamentais com 3,5 mil executivos brasileiros no período de 2014 a 2017 aponta que 27% demonstram desvio de conduta que resultam em potenciais riscos para as empresas nas quais atuam.
Em meio a escândalos de corrupção que assolam não só o poder público, mas também o mundo corporativo, levantamento realizado a partir de avaliações comportamentais com 3,5 mil executivos brasileiros no período de 2014 a 2017 aponta que 27% demonstram desvio de conduta que resultam em potenciais riscos para as empresas nas quais atuam.
O número, porém, cai para 16% quando considerados apenas os profissionais do Rio Grande do Sul, o que torna os gaúchos potencialmente mais honestos. Os dados são de pesquisa divulgada pela HSD Consultoria e pela Orchestra Soluções empresariais, e estão restritos a empresas privadas.
Os executivos do Estado representam 10% da amostragem. A maior parte peca pela supervalorização da autoimagem, que, de acordo com a pesquisa, leva a falta de respeito à limites, falta de consideração com regras e pessoas e também a manutenção de imagem de superioridade criada.
A diretora da HSD e vice-presidente da Orchestra, Suzana Falchi, lamenta a situação vivida pelo País, ao lembrar que os desvios de caráter não são identificáveis, em boa parte, por entrevistas estruturadas já que os indivíduos com esse transtorno apresentam alto nível de inteligência cognitiva, o que os favorece. "A nossa circunstância é muito mais complexa do que vemos na mídia, ela é cultural", lembra, ao enfatizar que as circunstâncias são apontadas como decisivas na tomada de atos considerados corruptos pelo grupo de amostra no qual a patologia foi identificado.
O desafio passa a ser a condução de empresas com este cenário. Suzana relembra que existem três níveis possíveis de análise de caráter: os comportamentos e emoções observáveis; a constatação de valores e atitudes, além das motivações pessoais; e os padrões de julgamentos e pensamentos. Atualmente, grande parte das empresas opta por contratar julgando apenas pelo conhecimento técnico, e, na visão de Suzana, essa conduta deveria ser superada. "Conhecimento podemos transmitir, caráter não pode ser moldado em um adulto e o desvio traz riscos sérios, tanto de imagem quando financeiros, para as empresas", pondera.
A pesquisa aponta ainda que 68% dos entrevistados com até 24 anos hesitam em denunciar más condutas, e 82% tende a aceitar atos antiéticos. Neste sentido, a preocupação de Suzana recai sob o futuro das organizações. "Estamos falando de nossos futuros gestores", comenta, ao lembrar a falta de limites dessa geração. Esse tipo de conduta, na avaliação da diretora da HSD, está associada à falta de punições e políticas empresariais bem definidas para atos ilícitos, mesmo que pequenos.

Empresas sofrem consequências das desonestidades de colaboradores

O coordenador da área tributária e de compliance da Scalzilli Althaus, Maurício André Gonçalves, lembra que, antes da criação de uma lei anticorrupção, a conta dos desvios recaia sobre a pessoa praticante, e não sobre a empresa - como hoje acontece com Odebrecht e OAS. O presidente da Orchestra, Telmo Schoeler, lembra que não são as empresas, em si, que são desonestas, mas elas também sofrem as consequências com sua imagem ou talvez multas em seu faturamento bruto, como prevê a legislação. "Quem sofre a real consequência, por outro lado, é o acionista que perde financeiramente e o fornecedor que deixa de ter um cliente", diz.
Um alento para as empresas deve chegar a partir de 2020, segundo o presidente da Cigam Software Corporativo S.A., Robinson Oscar Klein. Em três anos, os sistemas devem passar a ser controlados por assistentes - que terão maior poder de controle ante situações de desvio de caráter. De acordo com Klein, estes softwares poderão ser utilizados para amenizar as consequências de uma gestão ineficaz causada por desvios de caráter.