Um desvio de recursos públicos com prejuízo à Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, foi alvo de operação deflagrada por Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria-Geral da União (CGU) na manhã de ontem. Batizada de Operação Liber Pater, a ação cumpriu nove mandados de busca e apreensão, e três de condução coercitiva, nas cidades de Bento Gonçalves, Farroupilha, Esteio e Vacaria.
Segundo a PF, a investigação apurou indícios de fraude em licitações para compra de matéria-prima e sobrepreço na aquisição de uvas, com indicativo de que alguns fornecedores sejam vinculados a dois servidores da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves. Cinco obras de engenharia executadas também são apontadas pela CGU como superfaturadas, com prejuízos que ultrapassam R$ 700 mil.
A operação deflagrada buscou apreender documentos que esclareçam e confirmem os indícios já obtidos até o momento. Os crimes investigados são fraude à licitação, formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica. Além da apuração no âmbito criminal, o MPF de Bento Gonçalves conduz inquérito civil para a apuração de crimes de improbidade administrativa por parte dos empregados públicos envolvidos. O nome da operação faz alusão a Liber Pater, deus romano ligado ao vinho.
Em nota, a Embrapa afirmou que foi informada da ação no início da manhã de ontem e que os dirigentes da empresa estão acompanhando o desenvolvimento da operação e dando amplo acesso e apoio às investigações. A diretoria executiva da Embrapa determinou que gestores das áreas Jurídica e de Compras e Obras se deslocassem a Bento Gonçalves para acompanhar e auxiliar as investigações.