Comentar

Seu coment�rio est� sujeito a modera��o. N�o ser�o aceitos coment�rios com ofensas pessoais, bem como usar o espa�o para divulgar produtos, sites e servi�os. Para sua seguran�a ser�o bloqueados coment�rios com n�meros de telefone e e-mail.

500 caracteres restantes
Corrigir

Se voc� encontrou algum erro nesta not�cia, por favor preencha o formul�rio abaixo e clique em enviar. Este formul�rio destina-se somente � comunica��o de erros.

Porto Alegre, ter�a-feira, 29 de agosto de 2017. Atualizado �s 23h18.

Jornal do Com�rcio

Panorama

COMENTAR | CORRIGIR

SHOW

Not�cia da edi��o impressa de 30/08/2017. Alterada em 29/08 �s 15h46min

45 anos depois, L� Borges revisita o cultuado 'Disco do t�nis'

L� Borges (no centro) e banda interpretam Disco do t�nis (1972) em Porto Alegre na sexta-feira

L� Borges (no centro) e banda interpretam Disco do t�nis (1972) em Porto Alegre na sexta-feira


FL�VIO CHARCHAR/DIVULGA��O/JC
Ricardo Gruner
Só agora, 45 anos após o lançamento, Lô Borges está compreendendo o alcance do seu Disco do tênis (1972). Na época, meses após gravar o seminal Clube da Esquina, de autoria dividida com Milton Nascimento, o músico mineiro voltou ao estúdio para gravar seu primeiro registro solo. Esgotado após o fim da maratona criativa, o artista caiu na estrada e nunca tocou ao vivo as músicas do segundo álbum lançado por ele naquele ano.
A situação só mudou em janeiro, quando o disco deu origem a uma turnê tardia. Não fosse o bastante, um documentário, o Filme do tênis (título provisório), também está em preparação. O espetáculo chega a Porto Alegre nesta sexta-feira: o show está marcado para o Teatro do Bourbon Country, às 21h, e tem ingressos por valores entre R$ 80,00 e R$ 180,00. As gravações do filme, por sua vez, vão acontecer a partir de outubro, através de iniciativa capitaneada pela produtora Vania Catani (O palhaço e O filme da minha vida).
A história do álbum começa junto à do clássico assinado com Milton. Já respeitado, o colega insistiu para que a gravadora bancasse um álbum a dois - e com um garoto então desconhecido e 10 anos mais novo. No fim, os empresários gostaram das canções de Lô no compacto, cujo programa inclui Um girassol da cor de seu cabelo, Paisagem da janela e Trem azul, e lhe convidaram para um projeto solo. "Aceitei o desafio, sem ter nenhuma música - minha munição tinha sido toda gasta", resume o compositor.
As 15 faixas surgidas naquele período são reflexo do que ele chama de "oficina de criação maluca". O mineiro escrevia as melodias pela manhã, e seu irmão Márcio Borges contribuía com letras à tarde. Mais tarde, à noite, ia para o estúdio compartilhar o resultado com artistas como Toninho Horta, Beto Guedes e Nelson Ângelo, que trabalhavam nos arranjos. E todos gravavam, valendo.
"Se você estudar o disco, pode ver que ele aponta para várias direções. Tem folk, rock, baião. Estavam todos muito inspirados", analisa Lô, sem esquecer do estresse provocado pela experiência. "Era um esquema quase sufocante. Eu saí da gravação do disco anoréxico, drogado. Quando acabei, eu falei: Não quero ver gravadora, não quero saber de showbiz. Quero viver a vida do pessoal da minha idade, ir pra Bahia de carona."
Entretanto, antes de ir para o Nordeste, onde passou um tempo com uma comunidade hippie, o músico teve uma ideia: viria para Porto Alegre, cidade que gostaria de conhecer. Entrou em um ônibus e veio. Ele lembra de passar pouco menos de um mês na capital gaúcha, abordando grupos de cabeludos e rodas de estudantes universitários e distribuindo o Disco do tênis. "Eu dizia: 'sou um cara de Belo Horizonte, gravei um disco, Clube da Esquina...'", diverte-se ele, relatando que o clássico não era conhecido na época.
Se o registro com Milton Nascimento entrou para a história como um marco da MPB, o Disco do tênis aos poucos alcançou o status de álbum cult. Já o distanciamento entre criador e criatura foi encerrado definitivamente a partir de um encontro entre o compositor e músico Pablo Castro, também de Belo Horizonte. Ambos conversaram sobre a possibilidade de fazer algo relacionado àquele trabalho - que Castro descrevia como "maravilhoso".
"Ele tem uma banda, é especialista em reconstituição de discos", descreve o compositor, que foi a um ensaio assistir à reprodução das canções ao vivo. "Fiquei maluco. Comecei a ver tudo renascendo, tudo vivo, exatamente igual. Até as notas erradas estavam ali", completa, em paz com a obra e a carreira.
"Sou um alternativo dentro da cena musical, às vezes faço discos para o meu filho, de 19 anos. Tenho uma ligação muito forte com a criação, mas minha capacidade de lançar os álbuns não acompanha minha criatividade", comenta ele, que recentemente gravou DVD ao lado de Samuel Rosa. "Eu faço dois shows no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte, e considero os trabalhos lançados."
Para completar o setlist do Show do tênis, foram acrescentadas as outras oito músicas que Lô lançou em 1972, no Clube da Esquina. Todas as canções são interpretadas com os arranjos originais.
COMENTAR | CORRIGIR
Coment�rios
Seja o primeiro a comentar esta not�cia