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Porto Alegre, ter�a-feira, 08 de agosto de 2017. Atualizado �s 22h33.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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Teatro

Not�cia da edi��o impressa de 09/08/2017. Alterada em 08/08 �s 18h17min

Performance c�nica traz ao palco Marcos Contreras com dire��o de Decio Antunes

Marcos Contreras contracena com m�sica e ru�dos em pe�a dirigida por Decio Antunes

Marcos Contreras contracena com m�sica e ru�dos em pe�a dirigida por Decio Antunes


CLAUDIO ETGES/DIVULGA��O/JC
Michele Rolim
Um rei imóvel em seu trono e imerso em sons. Esse é o mote do espetáculo Concerto inesperado para ator, piano e ruídos, a nova realização da Jogo de Cena Companhia Teatral com direção de Decio Antunes. A peça estreou em março deste ano em curta temporada, e retorna de quinta-feira a domingo, às 20h30min, no StudioClio (José do Patrocínio, 698).
A performance cênica - que assume a estrutura de um concerto - propõe que a dramaturgia da palavra se funda com a dramaturgia sonora. Em cena, o ator Marcos Contreras contracena com música e ruídos, executadas ao vivo. "Digo que não é um monólogo - tenho dois atores no palco comigo, que são os estímulos sonoros. Esse rei sozinho dentro do palácio pensa em ouvir sons, mas alguns desses sons são reais, e outros são somente melodias que compõem a cena. O som tem essa complexidade de ser vários elementos em cena", afirma Contreras, durante ensaio na Estação Musical.
A ideia do espetáculo surgiu a partir do conto Um rei à escuta, uma das três narrativas póstumas presentes no livro Sob o Sol Jaguar (Companhia das Letras), do escritor italiano Italo Calvino (1923-1985). "O texto é sobre a ambição e a deformação do poder. A ideia de trabalhar esse conto surgiu tempos atrás, mas se tornou cada vez mais viva e pulsante pelas circunstâncias históricas", explica Antunes, se referindo aos acontecimentos políticos recentes no Brasil e no mundo.
No texto, um personagem atento escuta e tenta controlar seu destino político após ter tomado o poder movendo-se nas sombras à base de conspirações e crimes. O rei não pode, portanto, se levantar, com medo que alguém tome o trono dele - tudo que ele sabe ou imagina é a partir dos sons que escuta no palácio. 
Segundo o diretor, a ideia nunca foi adaptar o conto para cena. "Fiz um jogo literário, eu comecei a identificar neste texto uma série de obras e personagens que faz alusão a William Shakespeare e a Samuel Beckett", conta Antunes, citando as peças Henrique VI, Ricardo III e Macbeth, de Shakespeare, e A última gravação de Krapp, de Beckett. 
Essa performance cênica se integra às propostas de investigação da Jogo de Cena, que, ao longo da sua trajetória, realizou espetáculos com ênfase na pesquisa integrada de linguagens que envolvem a dramaturgia, o espaço cênico, o teatro, a dança e a música nas suas encenações - como a mais recente, Um dia assassinaram minha memória, que venceu em seis categorias no Prêmio Açorianos 2014, entre elas a de melhor espetáculo e a de melhor direção. 
Foi a partir desse espetáculo que Antunes decidiu radicalizar sua pesquisa em sons. Repetindo a parceria bem-sucedida com Ricardo Pavão (vencedor da melhor trilha sonora pela peça Um dia assassinaram a minha memória). "Eu não queria que houvesse som e música como elemento ilustrativo. Tinha que ser como elemento contrastivo, provocativo e mesmo de incógnita", relata Antunes.
No cenário estão dispositivos eletrônicos, eletroacústicos e objetos a serviço do espetáculo, possibilitando ao espectador uma imersão sonora. "Estamos sempre fugindo do que seria uma trilha e também do que seria uma sonoplastia pura e simples, e chegamos em um resultado interessante nessa corda bamba", garante Pavão.
Ao lado dele está Karin Engel (que trabalhou com Antunes em Mulheres insones). A pianista, com mestrado na Suíça sobre a obra musical contemporânea para piano associada à performance, expande as possibilidades da utilização do piano além das teclas provocando diferentes sons no instrumento, chamado de técnica expandida. O processo de criação de Concerto inesperado é a base do doutorado atualmente em curso de Karin.
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