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aviação

- Publicada em 18 de Agosto de 2017 às 19:01

Aviação executiva aposta no agronegócio para se recuperar

Labace teve exposição de 47 modelos neste ano e o nível das vendas começa a apresentar melhora no País

Labace teve exposição de 47 modelos neste ano e o nível das vendas começa a apresentar melhora no País


Mauricio Lima/Mauricio Lima/AFP/JC
Após ter praticamente desaparecido nos últimos dois anos, o mercado de aviação executiva começa a sentir os primeiros sinais de recuperação, ainda que de forma lenta. Um dos termômetros é a presença de um maior número de aeronaves na Labace, maior feira do setor da América Latina, realizada em São Paulo. Neste ano, estão foram exibidos 47 modelos, quatro a mais que em 2016, mas número inferior ao de 2013, quando foram quase 70 - alguns expositores abandonaram o evento.
Após ter praticamente desaparecido nos últimos dois anos, o mercado de aviação executiva começa a sentir os primeiros sinais de recuperação, ainda que de forma lenta. Um dos termômetros é a presença de um maior número de aeronaves na Labace, maior feira do setor da América Latina, realizada em São Paulo. Neste ano, estão foram exibidos 47 modelos, quatro a mais que em 2016, mas número inferior ao de 2013, quando foram quase 70 - alguns expositores abandonaram o evento.
A crise econômica devastou o setor, que depende da realização de negócios no País, já que quase a totalidade dos consumidores é formada por empresas. Houve fabricantes que viram suas vendas caírem 90% em 2015 e 2016, na comparação com a média anual de 2012 a 2014. Executivos da área contam que, nos últimos dois anos, tradicionais clientes se recusavam a recebê-los até para ouvir propostas.
"Eles não estavam dispostos nem a conversar", diz Rodrigo Pessoa, vice-presidente de vendas na América Latina da Dassault Falcon Jet, empresa que trouxe à Labace três aviões cujos preços vão de US$ 28 milhões a US$ 70 milhões. O diretor-geral da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Flavio Pires, comemora o fato de os clientes terem voltado a conversar com os fabricantes. "A venda de uma aeronave executiva começa com a prospecção de clientes e uma visita a eles. Agora, as visitas voltaram ao patamar de 2014. Antes ninguém estava recebendo (vendedor)."
Segundo Pires, a frota brasileira de jatos executivos recuou 5% no ano passado e hoje soma cerca de 700 aeronaves. A canadense Bombardier, que não revela informações sobre unidades comercializadas, já registrou, em 2017, mais pedidos de informações de aeronaves do que a soma dos últimos dois anos, de acordo com o vice-presidente de vendas para a América Latina, Stéphane Leroy. "Não vamos vender horrores, mas muito mais do que nos anos anteriores."
Acostumada a vender entre 50 e 60 aeronaves por ano, a TAM Aviação Executiva, representante no Brasil das fabricantes Beechcraft, Cessna e Bell Helicopter, fechou contratos para apenas 25 unidades em 2016. Neste primeiro semestre, entretanto, já foram 15. "Na primeira metade de 2016, foram três. Se tudo caminhar bem, vamos fechar este ano com algo entre 35 e 40", afirma o presidente da empresa, Leonardo Fiuza.
Na Embraer, o recuo nas vendas foi semelhante, na ordem de 50%, e na Helibrás, fabricante de helicópteros brasileira da Airbus, chegou a 90% - mas há sinais de recuperação. A companhia fechou contrato de venda de cinco unidades neste ano - em 2016, havia sido duas, enquanto, nos tempos de euforia do setor, a média ficava entre 25 e 30. "Mas estamos com muitas negociações, faltam as concretizações", disse o presidente da Helibrás, Richard Marelli. Os modelos negociados agora são de nível intermediário (de US$ 5 milhões a US$ 7 milhões). Os mais baratos (de cerca de US$ 3 milhões) estão quase sem demanda, pois quem os procurava eram clientes novos, que ainda não tinham nenhuma aeronave. "Agora, quase não temos mais entrada de clientes novos."
A atual melhora do nível de vendas do setor de aviação executiva tem sido puxada por segmentos econômicos que estão sofrendo menos com a crise, como o de serviços e, principalmente, o de agronegócios. De acordo com a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), companhias de agricultura e pecuária registraram alta de 3% no número de aeronaves compradas no ano passado. "O agronegócio se tornou um comprador sólido e tem potencial de crescer ainda mais", disse o diretor de vendas de aeronaves da Líder Aviação - que representa a Honda Aircraft no País -, Philipe Figueiredo.
Por outro lado, as indústrias da construção civil e de óleo e gás praticamente deixaram de ser clientes. O presidente da Helibras, Richard Marelli, destaca que o segmento de helicópteros tem sofrido por ter focado na venda de equipamentos que atendiam plataformas de petróleo offshore. Em todo o mundo, a comercialização de helicópteros também caiu com a diminuição dos preço do petróleo verificada nos últimos anos, diz.

Brasil pede à OMC um painel contra os subsídios do Canadá

Bombardier estaria tendo vantagens que contrariam o livre mercado

Bombardier estaria tendo vantagens que contrariam o livre mercado


CLEMENT SABOURIN/CLEMENT SABOURIN/AFP/JC
O governo brasileiro apresentou na semana passada à Organização Mundial do Comércio (OMC) um novo pedido de abertura de painel contra o Canadá por subsídios que estariam sendo concedidos de maneira ilegal ao setor aeronáutico daquele país. Desde março, o Brasil estava tentando resolver, sem sucesso, a questão no Órgão de Solução de Controvérsias, que funciona como um tribunal de conciliação da OMC.
Por meio de uma nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro informou que estima que o governo canadense tenha injetado, somente na última década, US$ 3 bilhões em nível federal, provincial e local no programa C-series, da empresa Bombardier.
Produtora de aviões de pequeno e de médio porte utilizados, principalmente, pelas empresas que operam com voos regionais em todo o mundo, a Bombardier é a principal concorrente da Embaer no mercado internacional. Diferentemente de um contencioso, em que as partes discutem e tentam chegar a um acordo, o painel funciona como um tribunal, em que os membros da OMC analisam as reclamações e podem impôr sanções comerciais caso considerem a queixa procedente.
"Na avaliação do governo brasileiro, os elevados subsídios concedidos pelo Canadá à Bombardier resultaram em grave prejuízo à indústria aeronáutica nacional e diversos dos programas envolvem subsídios proibidos pelas regras da OMC", destacou o Itamaraty no comunicado divulgado na semana passada.
A OMC deverá analisará o pedido brasileiro de abertura do painel na próxima reunião do Órgão de Solução de Controvérsias, marcado para o dia 31 de agosto. Caso o Canadá não aceite o pedido apresentado, o painel será automaticamente aberto na reunião seguinte do órgão, que deverá ser realizada em 29 de setembro. "O governo brasileiro espera que o contencioso venha a permitir o reequilíbrio, o quanto antes, das condições de competitividade internacional no setor aeronáutico, afetadas artificialmente pelos subsídios canadenses", concluiu o Itamaraty em comunicado.
As disputas entre as duas companhias vem desde meados de 1990 e ao longo dos anos foi envolvendo aeronaves maiores e mais sofisticadas. Em 1996, foi a Bombardier que acionou o Órgão de Soluções de Controvérsias questionando o Proex (Programa de Financiamento às Exportações), que a Embraer utilizava para vender os aviões que fabricava em São José dos Campos em condições mais favoráveis.
Na ocasião, o alvo dos canadenses era o ERJ 145, o primeiro jato comercial da Embraer, lançado naquele ano, com capacidade para 50 passageiros e um custo de US$ 15,5 milhões. Seu concorrente na mesma faixa, o CRJ 200 da Bombardier, que havia sido lançado quatro anos antes, era vendido por US$ 18 milhões. Provavelmente, a atual ação não será a última.