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Montadoras

- Publicada em 17 de Agosto de 2017 às 08:22

Exportação de carros cresce 55,3% e aumenta produção das indústrias


IVAN BUENO/APPA/DIVULGAÇÃO/JC
A indústria automobilística brasileira segue em processo de recuperação ancorado, principalmente, nas exportações, que registraram novo recorde, desta vez para o período de janeiro a julho. As vendas externas aumentaram 55,3% em comparação com o mesmo intervalo de 2016, e puxaram a produção, que cresceu 22,4%, permitindo uma melhora, ainda que pequena, no uso da capacidade instalada das empresas e estabilidade no nível de emprego.
A indústria automobilística brasileira segue em processo de recuperação ancorado, principalmente, nas exportações, que registraram novo recorde, desta vez para o período de janeiro a julho. As vendas externas aumentaram 55,3% em comparação com o mesmo intervalo de 2016, e puxaram a produção, que cresceu 22,4%, permitindo uma melhora, ainda que pequena, no uso da capacidade instalada das empresas e estabilidade no nível de emprego.
De janeiro até agora foram exportados 439,6 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, ultrapassando a melhor marca anterior para o período, que foi em 2005, com 420 mil unidades. Aquele ano também foi o melhor para o setor, com 724,1 mil veículos enviados ao exterior. Os fabricantes acreditam que podem superar esse volume neste ano.
Só em julho as exportações somaram 65,7 mil unidades, 42,5% a mais que em igual mês do ano passado. A produção no mês, de 224,8 mil veículos, foi 17,9% superior a de um ano atrás. No ano, um total de 1,488 milhão de veículos deixou as linhas de montagem, ante 1,215 milhão nos sete meses de 2016. "Estamos caminhando para o melhor ano em exportações, o que reforça a produção no sentido de diminuir a capacidade ociosa (de 50%), e tem ajudado bastante na balança comercial do País", disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. Em valores, as exportações somam quase US$ 8,8 bilhões, 52% acima do valor de 2016.
O mercado interno também está reagindo, mas lentamente, com alta de 3,4% no ano até agora, somando 1,2 milhão de veículos vendidos. No caso das exportações, o grande impulso vem da Argentina, onde a boa fase da economia amplia a demanda por carros. Para lá seguiram 69% das exportações deste ano. Megale disse que outros países também estão comprando mais do Brasil, como o México - que ficou com 12% do total exportado - e Chile, com 5%. A Colômbia importou 3% do volume e deve aumentar porque o país acaba de assinar acordo comercial com o Brasil.
"No início do ano, 3% dos carros vendidos na Colômbia eram brasileiros e essa participação já está em 5%, mas temos potencial para chegar a 10% ou 15%", afirmou Megale. Segundo ele, além dos países latino-americanos, as fabricantes brasileiras, especialmente de caminhões, exportam para outros países como Rússia e África do Sul, ainda que em pequenos volumes.
O produto nacional está sendo favorecido pelo fechamento de novos acordos automotivos. Também se tornou mais competitivo após novas tecnologias introduzidas em razão de investimentos para atender ao programa Inovar-Auto. As montadoras brasileiras encerram julho com 125,2 mil funcionários, 276 a mais que no mês anterior, mas ainda com defasagem de 1,7 mil vagas ante 2016. No mês passado, 12 fabricantes de veículos reduziram o quadro de pessoal, enquanto oito ampliaram. O setor tem ainda 8.979 empregados no Programa Seguro Emprego (PSE), com jornada e salários reduzidos, e 3.226 com contratos suspensos (lay-off).

Renault lança modelo de R$ 30 mil para ser vendido pela internet

Kwid mais barato não tem ar-condicionado, vidros elétricos nem rádio

Kwid mais barato não tem ar-condicionado, vidros elétricos nem rádio


RENAULT/RENAULT/DIVULGAÇÃO/JC
Com novos conceito de carro popular e forma de venda, a marca francesa Renault pretende se aproximar mais das cinco maiores fabricantes brasileiras e aumentar sua fatia no mercado, hoje de 7,3% no segmento de automóveis e comerciais leves, o que a coloca em sétimo lugar no ranking. O Kwid, carro subcompacto com estilo de utilitário-esportivo (SUV) foi lançado com preço a partir de R$ 30 mil. Só não é o mais barato do mercado porque o Chery QQ, com vendas insignificantes, custa R$ 26 mil. Até o fim do ano, o modelo da Renault será vendido apenas pela internet.
A empresa acredita que o Kwid, fabricado em São José dos Pinhais (PR), em breve será o carro-chefe da marca, posição hoje do Sandero, com 45.530 unidades vendidas neste ano. O novo modelo também é a aposta da Renault para alcançar uma fatia de 8% a 10% do mercado, uma antiga meta da marca.
"Nosso objetivo estratégico é chegar ou até ultrapassar os 8% de participação", diz o presidente da Renault América Latina, Olivier Murguet. O investimento da marca no lançamento do Kwid é uma demonstração do que a empresa espera do modelo.
Tratado como SUV dos compactos, o Kwid disputará mercado principalmente com Fiat Mobi e Volkswagen up!, cujos preços partem de R$ 34,2 mil e R$ 38 mil, respectivamente. A versão intermediária custa R$ 35 mil e a mais cara, R$ 40 mil, por isso também estão na lista de concorrentes Fiat Uno, Ford Ka e Gol, todos com preços acima desse patamar.
Desenvolvido em parceria entre profissionais do Brasil, França e Índia - onde começou a ser fabricado em 2016, a versão brasileira, apesar de ter a mesma plataforma e design, "partiu do zero", afirma Luiz Pedrucci, o primeiro brasileiro a assumir a presidência da Renault no País.
Tendo como pilares preço, espaço interno e segurança, a empresa foi atrás de materiais diferenciados, como motor com bloco de alumínio, que reduziu seu peso e, consequentemente, o consumo de combustível. Todas as versões têm sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis e quatro airbags.
Embora tenha esses itens de segurança, o mais barato não tem, por exemplo, ar-condicionado, vidros elétricos, direção elétrica nem rádio. Vem, como se diz no setor, "pelado". "É o mais alto da categoria (18 cm do solo), tem posição elevada de dirigir e o maior porta-malas", contrapõe Antonio Fleischmann, diretor de Projetos.
A altura, assim como os ângulos de entrada (24 graus) e de saída (40 graus) elevados levaram o Inmetro a classificar o modelo como SUV. Por motivos semelhantes, o órgão também inclui nessa categoria modelos como o Volkswagen CrossFox e o Ford Ka Trail, embora o mercado não os considerem utilitários.
A versão brasileira será exportada para países da América Latina, começando ainda este ano com a Argentina e o México, segundo Murguet. Outro termômetro para a Renault de que o novato será bem recebido pelos consumidores foi o resultado da sua pré-venda, iniciada em junho. "Recebemos quatro vezes mais pedidos do que prevíamos", informa Pedrucci, sem revelar números.
 

Para Anfavea, decreto argentino não deve reduzir vendas

Megale acredita que equilíbrio proposto pelo acordo será restabelecido

Megale acredita que equilíbrio proposto pelo acordo será restabelecido


ALAN SANTOS/ALAN SANTOS/PR/JC
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, afirmou que o decreto do governo argentino, que tem o objetivo de diminuir a importação de carros produzidos no Brasil, não deve reduzir as vendas para o país vizinho.
O decreto exige que as montadoras instaladas na Argentina que estão ultrapassando o limite de importações permitido pelo acordo com o Brasil depositem garantias de que as multas decorrentes do excesso de importação serão pagas ao final do acordo.
Para Megale, a tendência é que, apesar disso, as filiais das montadoras na Argentina não diminuam as importações de carros produzidos no Brasil, porque ainda existe demanda. "Não deve ter impacto nas nossas exportações", disse o executivo, que garantiu que a projeção da Anfavea para exportação está mantida em crescimento de 35,6% em 2017.
Apesar disso, Megale reprova a medida da Argentina. "O acordo entre os dois países foi feito para durar até 2020 justamente para absorver essas oscilações que acontecem de uma forma natural entre os mercados", disse.
O acordo diz que para cada US$ 1 que o Brasil importa da Argentina, pode-se exportar US$ 1,5 para a Argentina. No entanto, nos 12 meses encerrados em junho, o Brasil exportou US$ 1,96. O desequilíbrio ocorre porque, enquanto a demanda do mercado brasileiro ainda é baixa, a demanda argentina está próxima de bater recorde.
Megale acredita que até 2020 o comércio entre os países retomará o equilíbrio proposto pelo acordo. "Muitos investimentos estão sendo anunciados na Argentina, o que resultará em novos produtos, e o mercado brasileiro vai voltar a crescer, então provavelmente vamos ter uma reversão desse quadro", afirmou.

Após perder liderança, Fiat perde apelo de marketing

Lançamento recente, picape Toro não se tornou recordista de vendas

Lançamento recente, picape Toro não se tornou recordista de vendas


FCA/FCA/fotos DIVULGAÇÃO/JC
Por 14 anos, a Fiat ocupou a posição de líder de mercado no Brasil. O Palio já teve o slogan do carro mais vendido do País e a montadora fazia questão de ressaltar a conquista em seu marketing. Isso, até o ano passado. Ultrapassada pela GM, a Fiat deixou de ter um modelo com sua marca entre os mais vendidos no País, mesmo tendo um portfólio mais diversificado.
A montadora, porém, parece não estar se incomodando. "Hoje, a empresa está num nível muito melhor do que há um ano e meio atrás", afirma Stefan Ketter, presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para América Latina. Ketter diz que a empresa passou por uma grande mudança estratégica. Apesar de ter deixado de ser apenas Fiat há três anos, quando adquiriu a americana Chrysler e, com ela, as marcas Jeep e Dodge, foi só quando ele assumiu o comando da empresa, há 18 meses, que se intensificou a transformação da Fiat na FCA.
Isso significou, na prática, integrar a operação ágil, independente e vencedora do Brasil às de outros países. Também deixar de ser apenas dona de uma marca, com menos modelos para passar a apostar em vários ao mesmo tempo. "A Fiat está vivendo a maior transformação de sua história, com a saída de produtos antigos e a entrada de novos", afirma Ketter.
"Quando se está numa mudança assim, é natural que haja um certo vale, mas é planejado." Difícil, no entanto, acreditar que existam perdas pensadas, afirmam os analistas do setor. "A linha da Fiat envelheceu", garante Letícia Costa, especialista em indústria automotiva e sócia da Prada Assessoria. Foi o fim de uma era, na qual a montadora se tornou líder graças aos carros 1.0, robustos e baratos, que dominavam vendas por conta de isenção tributária. Só que o consumidor mudou e a empresa, um pouco atrasada, foi obrigada a pensar em novidades mais sofisticadas.
"Outros fabricantes passaram a preencher as diversas gradações que o mercado pedia", confirma Luiz Carlos Mello, ex-presidente da Ford e consultor. Apesar de ter feitos vários lançamentos nos últimos dois anos, como a picape Toro, o compacto Mobi e o utilitário esportivo Jeep Compass, a FCA ainda não tem um campeão de vendas como o Palio.
Especialistas dizem que a empresa errou no lançamento do Mobi, quando focou a comunicação em influenciadores digitais, num primeiro momento. Já o Argo, a aposta para alcançar o Onix, da GM, o atual líder do mercado, ainda não decolou. Em julho, ele foi o 18º mais vendido. Dos 10 modelos mais emplacados no País até junho, porém, os três últimos da lista são da FCA.
"Não é importante ser líder de marca e nem deveria ser", afirma Ketter. "Somos hoje mais sustentáveis porque trabalhamos em várias pernas e segmentos." Para os especialistas, no entanto, essa não é uma estratégia que garanta a sustentabilidade no longo prazo. Isso porque os lançamentos mais recentes foram planejados há quatro anos, quando o ciclo da indústria - e o fôlego da Fiat - eram outros.
"É um movimento parecido com o que a GM sofreu na crise de 2008, quando não tinha recursos para investir em uma linha que carecia de renovação", diz Letícia. "Só que a Fiat é uma montadora de porte menor, com menos fôlego, que não está bem na Europa e não tem na Chrysler uma gigante nos EUA. Ela tem menos músculos para enfrentar os tempos difíceis."
De todo modo, Ketter garante que a montadora tem feito a lição de casa, com muitas transformações internas e a intensificação da integração com as outras operações globais. "Se o crescimento voltar, essa empresa estará em ótimo estado", afirma ele.
Processos criados no Brasil, como o open space da fábrica de Betim (MG), uma área de 1,2 mil metros quadrados na qual fabricantes de autopeças dividem informações e desenvolvem melhorias junto a funcionários da FCA, foram exportados para outros países.
Do mesmo modo que procedimentos internacionais, que não eram utilizados, foram incluídos na operação brasileira. "Muita coisa boa que não existia e havia em outros lugares trouxemos para casa e aprendemos para crescer juntos", afirma Ketter. "Resta saber se a agilidade, que sempre foi muito importante para a Fiat, será mantida", questiona Letícia.

Por telegrama, a Ford demite 364 operários

A Ford demitiu, por telegrama, 364 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na semana passada. Todos já estavam afastados por meio de lay-off (suspensão do contrato de trabalho). Restam 3,6 mil funcionários na unidade. Em assembleia realizada na sexta-feira, o sindicato dos Metalúrgicos do ABC decidiu iniciar uma mobilização contra as demissões e parou a produção na estamparia.
O diretor executivo da entidade e funcionário da Ford desde 1981, Alexandre Colombo, disse que o acordo coletivo assinado em 2015 garantia estabilidade no emprego até janeiro de 2018. "Sempre negociamos com a empresa, que agora tomou uma decisão unilateral. Ninguém foi ouvido antes", afirmou o sindicalista.
A montadora divulgou uma nota informando que houve a necessidade "de adequar os níveis de mão de obra às demandas de mercado. Nos dois últimos anos, a Ford adotou uma série de medidas para administrar o excesso de empregados decorrente da redução do volume de produção em São Bernardo do Campo, tais como PPE, PDV, suspensão temporária do contrato de trabalho (lay-off) e férias coletivas".
A nota diz, também que "devido à necessidade de adequar os níveis de mão de obra às demandas de mercado, estamos fazendo o desligamento dos funcionários da planta de São Bernardo do Campo que estavam em lay-off." Os funcionários foram informados que "mesmo com todas as ações destacadas, infelizmente a fábrica ainda permanece com excedente de mão de obra, e outras medidas tornam-se urgentes."
Com esses argumentos, a Ford comunicou a rescisão dos contratos de trabalho sem justa causa na sexta-feira passada. O coordenador do comitê sindical na empresa, José Quixabeira de Anchieta, ressaltou que "o futuro da fábrica" vinha sendo discutido, quando os trabalhadores foram surpreendidos.
"De repente, vieram os telegramas. Os trabalhadores jamais irão aceitar demissões sumárias. É preciso que respeitem a história de luta dos metalúrgicos do ABC e da representação dos trabalhadores nesta empresa. Estamos abertos a dialogar com a empresa, mas enquanto não houver uma solução a luta vai continuar. Vamos fazer com que nos respeitem", finalizou Anchieta.