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mercado financeiro

- Publicada em 14 de Agosto de 2017 às 08:25

Renda fixa sobrevive ao juro baixo


IJEAB - FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
A queda da taxa de juros vai diminuir a rentabilidade das principais aplicações conservadoras, mas o investidor que quiser obter um ganho maior que o da Selic ainda encontra alternativas dentro da própria renda fixa, sem precisar se expor à oscilação do mercado acionário. Para aumentar o retorno, o investidor terá que abrir mão de pelo menos um dos pilares do tripé "risco-prazo-volume". Traduzindo: vai ter que apostar em títulos mais arriscados, deixar o dinheiro aplicado por período maior ou acumular mais recursos para pechinchar taxas.
A queda da taxa de juros vai diminuir a rentabilidade das principais aplicações conservadoras, mas o investidor que quiser obter um ganho maior que o da Selic ainda encontra alternativas dentro da própria renda fixa, sem precisar se expor à oscilação do mercado acionário. Para aumentar o retorno, o investidor terá que abrir mão de pelo menos um dos pilares do tripé "risco-prazo-volume". Traduzindo: vai ter que apostar em títulos mais arriscados, deixar o dinheiro aplicado por período maior ou acumular mais recursos para pechinchar taxas.
Em primeiro lugar, é preciso ter uma referência de valores. Para Luciano Tavares, da consultoria Magnetis, título com retorno menor que 96% do CDI (taxa de juros cobrada entre os bancos, que acompanha a variação da Selic) é mau negócio. "É mais negócio comprar um Tesouro Selic (título público que acompanha a taxa básica de juros)." Nos grandes bancos de varejo, taxas maiores costumam ser destinadas a quem tem mais dinheiro para aplicar.
Para quem tem poucos recursos, a saída é aceitar correr o risco de uma instituição financeira menor, que tem mais dificuldade para captar dinheiro - e, por isso, oferece um retorno maior. Com R$ 1 mil, é possível encontrar CDBs de bancos com rentabilidade superior a 117% do CDI. Parte do risco é diluída pelo FGC, o Fundo Garantidor de Créditos, que assegura até R$ 250 mil por CPF e por instituição. "Mas lembrando que, se um banco falir, levará um certo tempo para receber o dinheiro, e você poderá perder a rentabilidade do investimento que fez durante esse período", diz Diana Benfatti, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.
Além dos títulos de bancos, há papéis de dívidas emitidos por empresas para financiar suas operações, as debêntures. O problema aqui é a falência da empresa, já que eles não têm cobertura do FGC. Mas o risco pode compensar, considerando que esses papéis precisam pagar mais que títulos públicos para atrair investidores.
As debêntures também pagam mais, pois pode haver dificuldade de vender antes do vencimento. "Às vezes é ruim, porque não há comprador. Você pode ter que vender por menos do que comprou se estiver precisando do dinheiro", afirma Diana. Quanto mais elástico o prazo, maior costuma ser a taxa oferecida. Isso vale para CDBs, debêntures, Letras de Crédito e outros investimentos. Os RDBs (espécie de CDB sem possibilidade de negociação antecipada), por exemplo, podem render 116% do CDI, mas têm prazo de quatro anos.
O investidor que não quer expor suas aplicações a um risco que considera muito elevado e também não deseja deixar o dinheiro aplicado por anos a fio pode recorrer ao terceiro item da tríade: o volume, para melhorar seus ganhos na renda fixa. Isso acontece, porque quem tem mais dinheiro para aplicar encontra rentabilidades maiores nos produtos conservadores -ou, no caso dos fundos, taxas de administração menores.
"Quanto mais distribuídos os investimentos, menor o poder de barganha. Vale a pena concentrar primeiro em investimentos de baixo risco, como Tesouro ou fundos com taxa de administração baixa, e depois procurar um produto com rentabilidade melhor", afirma a planejadora Diana Benfatti.
Para quem não tem paciência de esperar para acumular e depois reinvestir, os fundos de investimento podem ser boas alternativas, diz o consultor Marcelo d'Agosto. "O investidor pega carona em um fundo que consegue um ganho maior por causa do volume maior que tem de patrimônio para aplicar", diz. O investidor que quer saber onde estão as melhores taxas na renda fixa pode recorrer a aplicativos e plataformas de investimento para facilitar a tomada de decisão.
Assim, é possível comparar taxas, prazos e aplicação mínima para montar uma estratégia de investimento que faça sentido conforme o objetivo de cada um. Esses aplicativos servem como uma referência para o investidor, afirma Joelson Sampaio, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). "O investidor pode usar as informações para barganhar uma rentabilidade melhor com o seu banco."
Os bancos menores também estão abertos à negociação, principalmente se o investidor tratar diretamente com a tesouraria da instituição e se o volume de recursos for maior, afirma Diana. "Se for uma negociação relevante, vale cotar nas instituições menores quanto elas ofereceriam de retorno para o valor disponível e fazer uma concorrência para ver quem tem a melhor taxa."

Cresce preocupação de investidores com sustentabilidade, aponta estudo da EY

Investidores consideram cada vez mais dados ambientais, sociais e de governança antes de decidir colocar dinheiro em uma empresa, mostra pesquisa da consultoria EY (Ernst & Young). No ano passado, 68% disseram que informações não financeiras têm papel fundamental ao escolher o destino final dos recursos. É uma evolução em relação a 2015, quando 52% afirmavam atentar para essas questões antes de escolher onde investir. "Vimos uma mudança significativa de mercado. Os executivos estão valorizando mais esse recorte de dados dentro de relatórios publicados", afirma Helcio Bueno, sócio da EY.
A consultoria ouviu 320 investidores ao redor do mundo, sendo um terço deles com mais de US$ 10 bilhões em ativos sob gestão. Segundo o levantamento, 92% dos entrevistados concordam ou concordam muito que questões socioambientais e de governança têm impactos reais e quantificáveis a longo prazo nos resultados financeiros.
Mas a falta de um padrão nas informações divulgadas atrapalha a tomada de decisão. A maioria diz avaliar os fatores ambientais e sociais a partir de uma base informal. Para Bueno, esse é um dos fatores a impedir que esses dados ganhem maior relevância na alocação de recursos.
"Quando se fala de dados financeiros, existe uma padronização de como essas informações devem ser reportadas. Para dados socioambientais, não há um padrão que seja tão fechado para interpretações", diz. "Mas há no mercado um movimento autorregulatório de tentar criar essa padronização."
No Brasil, uma das tentativas de desenhar essa uniformização de dados vem do ISE, índice de sustentabilidade da bolsa. Os dados estabelecem uma base para comparar performance de empresas sob aspectos como eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Desde dezembro de 2015, quando foi lançado, o ISE acumula valorização de 154,6%. No mesmo período, o Ibovespa, índice das ações mais negociadas da bolsa, tem avanço de 101,5%.
Para o sócio da EY, escândalos ambientais e sociais recentes - e as consequências desses casos sobre as ações das empresas - fazem com que a sustentabilidade ganhe mais espaço dentro das corporações. O estudo cita indiretamente o episódio envolvendo a Volkswagen, que usava um software para manipular testes que verificavam as emissões de gases poluentes por veículos da montadora.
Nos dias seguintes à publicação das primeiras denúncias, as ações da empresa chegaram a acumular desvalorização de 42,2%. "O mercado e os consumidores penalizam a companhia. O consumidor tem uma reação imediata em parar de consumir o produto de empresas que estão envolvidas em corrupção e em algum tipo de manipulação", diz. "A sustentabilidade é um caminho sem volta. As empresas precisam transitar por esse caminho, senão vão ser penalizadas no mercado consumidor ou na capacidade de receber investimentos", afirma Bueno.
 

Planos de previdência perdem rentabilidade

A queda da Selic, a taxa básica de juros, já começou a espremer a rentabilidade de aplicações financeiras, incluindo a dos fundos de previdência. O momento, porém, pode favorecer o investidor na busca por aplicações com tarifas mais atrativas. Os planos ou fundos de previdência privada são aplicações financeiras oferecidas por bancos e seguradoras para poupar dinheiro para a aposentadoria.
São eles o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi) e fundos de pensão - estes ofertados por empresas a seus funcionários. Cada modalidade tem benefícios distintos, como abatimento no Imposto de Renda (IR) ou facilidade maior para planejar a transmissão de recursos a herdeiros.
No primeiro semestre, um em cada quatro fundos de previdência que aplicam em renda fixa tiveram um rendimento abaixo do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa que baliza investimentos conservadores. O levantamento foi feito pelo Estado com base nos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), consolidados até o dia 9 de junho. Considerando o CDI acumulado no ano até a mesma data - que foi de 5,04% -, a rentabilidade de 125 entre 491 fundos desse tipo ficou abaixo da marca. Entre os multimercados, que têm mais liberdade para aplicar recursos inclusive no exterior, o desempenho desde o início do ano foi ligeiramente melhor: de 551 fundos analisados, 104 não bateram o CDI - cerca de 19%.
No universo dos fundos, a taxa de administração é paga sobre o total de recursos aplicados e acaba corroendo parte dos rendimentos da aplicação. "Conforme a rentabilidade cai, essa taxa vai ficando mais pesada", explica Mauro Calil, consultor de investimentos do banco Ourinvest. No levantamento feito pela reportagem, por exemplo, há fundos de previdência de renda fixa que cobram taxa acima de 2% e que renderam abaixo de 3% no período (o resultado já traz a tarifa descontada). No caso dos multimercados, essa taxa é geralmente mais alta por conta da promessa de um resultado melhor. Mesmo assim, há fundos nessa categoria em que os mesmos 3% de rendimento foram entregues a taxas de administração entre 3% e 5%.
Além da taxa de administração, alguns fundos também possuem taxas de carregamento, cobradas a cada aporte feito. Esse é outro custo que deve ser levado em conta nas aplicações. A possibilidade de portar recursos entre fundos de um mesmo banco ou seguradora, ou ainda de migrar para outras instituições, facilita a busca por tarifas mais favoráveis.
É preciso, porém, avaliar condições além da rentabilidade e dos custos. "No caso de planos muito antigos, migrar pode não valer a pena por conta das características desses produtos." Eles podem oferecer, por exemplo, um retorno maior do que planos mais novos.

Fim da isenção de IR tira atratividade da LCI e da LCA

As Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliário (LCA e LCI, respectivamente) viveram seus tempos de glória há dois anos, quando os setores imobiliário e agrícola tinham sede de financiamento. Mas, de lá para cá, com a queda no ritmo da economia, o único pilar que ainda sustenta esse tipo de investimento é a isenção de Imposto de Renda - que o governo, porém, estuda retirar. Para especialistas, o fim do incentivo tributário a esses papéis abriria espaço para outras opções mais arrojadas em renda fixa, como Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e as debêntures incentivadas.
A história é antiga: em 2015, o então ministro da Fazenda Joaquim Levy deu o pontapé inicial nas discussões sobre a revisão da tributação desses e de outros investimentos, para evitar que o investidor operasse em mercados distintos e ganhasse na diferença de tributação - mas o assunto morreu. Ressuscitou agora com a equipe econômica de Michel Temer, como alternativa para aumentar a arrecadação do governo para 2018, diante de um quadro fiscal cada vez mais deteriorado.
As LCIs e LCAs são papéis de renda fixa que têm rentabilidade atrelada ao CDI e são cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) - que cobre até R$ 250 mil por CPF e instituição bancária. Mesmo com a escassez desses títulos pelo aprofundamento da crise econômica, atrelado a mudanças regulatórias nas LCAs, o investidor ainda pode encontrar algumas opções sobretudo por meio de corretoras independentes, que distribuem títulos de diversos emissores.
Além de ficar acima da poupança em rentabilidade, as letras ganham de alguns CDBs e também alguns títulos de renda fixa mais conservadores, uma vez que a incidência do Imposto de Renda é regressiva: 22,5% para aplicações com prazo de até seis meses; 20% para aplicações de seis meses a um ano; 17,5% para aplicações de um a dois anos; e 15% para aplicações com prazo superior a dois anos. Para quem gosta desses investimentos, André Bona, do Blog de Valor, aconselha olhar para o prazo e para a rentabilidade final.