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Operação Lava Jato

- Publicada em 27 de Julho de 2017 às 18:28

PF prende ex-presidente do BB e da Petrobras

Viatura chega à Superintendência da PF, em Curitiba, transportando Aldemir Bendine

Viatura chega à Superintendência da PF, em Curitiba, transportando Aldemir Bendine


HEULER ANDREY/HEULER ANDREY/DIA ESPORTIVO/FOLHAPRESS/JC
O ex-presidente do Banco do Brasil (BB) e ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foi preso pela Polícia Federal (PF) na 42ª fase da Lava Lato, batizada de Operação Cobra, nesta quinta-feira. Bendine foi detido em Sorocaba, no interior paulista. Além dele, foram alvos de mandados de prisão temporária André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, suspeitos de serem operadores do executivo.
O ex-presidente do Banco do Brasil (BB) e ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foi preso pela Polícia Federal (PF) na 42ª fase da Lava Lato, batizada de Operação Cobra, nesta quinta-feira. Bendine foi detido em Sorocaba, no interior paulista. Além dele, foram alvos de mandados de prisão temporária André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, suspeitos de serem operadores do executivo.
O antigo comandante da Petrobras (2015-2016) é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, entre junho e julho de 2015, com a justificativa de proteger a empreiteira em contratos na estatal, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.
"É assustador que, naquela altura do campeonato, uma pessoa nomeada para estancar a corrupção na Petrobras tenha tido a audácia de fazer isso", declarou o procurador Athayde Ribeiro Costa, em entrevista coletiva. Bendine assumiu o cargo de presidente da Petrobras em fevereiro de 2015, em meio à Lava Jato.
O suposto pedido de propina, que teria ocorrido pouco depois de sua posse, está na delação de executivos da Odebrecht, e foi relatado pelo ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e pelo diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis. O acordo foi homologado no início do ano, pelo Supremo Tribunal Federal.
"Ele adquiriu uma importância. Veja bem, ele tinha sido já nomeado interlocutor para, entre aspas, tentar resolver os problemas financeiros da Lava Jato", afirmou Marcelo Odebrecht, na delação. "Imagine a situação."
Segundo o executivo, Bendine "se colocava como a pessoa que o governo tinha escolhido a interagir com as empresas para resolver esses problemas (impactos da Lava Jato nas obras e contratos federais)".
Ele chegou a citar o nome da então presidente Dilma Rousseff (PT) nas conversas com os executivos da Odebrecht, a fim de "se promover", segundo o procurador Athayde Costa. Mas não ficou comprovado o envolvimento da ex-presidente nesse caso.
Marcelo Odebrecht, que diz ter se reunido duas vezes com o ex-presidente da estatal, relatou ter sido "achacado" por Bendine para pagar a propina.
Um ano antes, Bendine já teria solicitado, por meio do operador André Gustavo Vieira, o pagamento de R$ 17 milhões de propina na época em que comandou o Banco do Brasil (2009-2015), para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.
Na ocasião, os executivos negaram a solicitação, segundo relataram ao Ministério Público, por acharem que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato.
A situação "mudou de figura" quando ele assumiu a Petrobras, segundo Marcelo Odebrecht.
Os R$ 3 milhões teriam sido pagos em espécie, em três parcelas de R$ 1 milhão, num apartamento em São Paulo, que era alugado pelo irmão de André Gustavo, Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior - também preso nesta quinta-feira.
Os valores foram entregues pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, entre junho e julho de 2015. Os dois operadores firmaram um contrato de fachada de consultoria com a empreiteira, segundo a Procuradoria, para justificar os pagamentos.
A PF ainda investiga se os dois irmãos operavam para outros agentes públicos ou políticos. Sua empresa de consultoria também emitiu uma nota para o frigorífico J&F Investimentos, da família Batista, no valor de R$ 2,1 milhões - sobre a qual também pesa a suspeita de lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público, a colaboração premiada dos executivos da Odebrecht foi o "ponto de partida" das investigações, que foram corroboradas com a análise de ligações telefônicas, cartões de crédito e colheita de comunicações ocultas por aplicativos de celular que eram destruídas em tempo pré-determinado para apagar os vestígios de crimes, bem como exame de anotações que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Bendine.
O nome da 42ª fase - Operação Cobra - é uma referência ao codinome dado a Bendine nas planilhas de pagamentos de propinas da Odebrecht.

Ex-executivo viajaria a Portugal nesta sexta-feira com passagem só de ida

Força-tarefa justificou nova fase da operação em coletiva de imprensa

Força-tarefa justificou nova fase da operação em coletiva de imprensa


ANA POZZI/PHOTO PRESS/FOLHAPRESS/JC
A Polícia Federal (PF) entendeu que havia risco de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil (BB) e da Petrobras, e André Gustavo Vieira da Silva, operador ligado ao ex-executivo, fugirem do País.
Foi assim que entendeu a força-tarefa da Lava Jato, conforme disse em coletiva na manhã desta quinta-feira, em função da 42ª fase da operação.
Enquanto Bendine tinha voo nesta sexta-feira para Portugal, André Gustavo embarcava nesta quinta-feira para o mesmo destino. Ambos foram presos temporariamente.
A força-tarefa lembrou que Bendine tem nacionalidade italiana. E André Gustavo tem "negócios consolidados em Portugal". As investigações descobriram que Bendine viajaria para fora do País com a quebra de sigilo de mensagens trocadas por meio de aplicativo que as destrói.
As conversas foram programadas para serem apagadas dos telefones após um determinado tempo, mas os investigadores conseguiram recuperar o conteúdo porque os alvos tiraram "prints" da conversa, numa espécie de "trapalhada da corrupção".
 

Defesa pede reconsideração a Sérgio Moro

Por meio de seus advogados, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine pediu ao juiz Sérgio Moro reconsideração da ordem de prisão temporária. A defesa alega que Bendine vai colaborar com o esclarecimento dos fatos. Os advogados de Bendine - as Pierpaolo Bottini e Cláudia Vara San Juan Araújo - informaram Moro que no dia 7 de julho entregaram petição à Procuradoria da República em que o ex-presidente da Petrobras abriu espontaneamente seu sigilo bancário e fiscal, disponibilizando as cópias de suas Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física referentes aos anos de 2011 a 2016. "Não há dúvidas que a liberdade de Bendine nunca colocou em risco a colheita da prova; ao contrário, ele sempre pretendeu esclarecer os fatos e contribuir com as investigações, de forma que sua liberdade não apresenta risco à instrução penal", pondera Pierpaolo.

Notícias são falsas, diz Val Marchiori sobre benefício do Banco do Brasil

"Hello!", escreveu Val Marchiori em seu blog nesta quinta-feira antes de comentar a prisão de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil (BB) e da Petrobras pela Operação Lava Jato.
A socialite e apresentadora abriu com seu bordão um texto em que chama de "notícias falsas" as informações sobre ter sido beneficiada pelo amigo quando ele estava à frente do BB. Na nota, ela se refere ao executivo como "senhor Aldemir Bandine (sic)".
"Com esse fato (prisão), alguns levianamente voltaram a divulgar que existiria suspeita sobre supostos benefícios que ele teria oferecido (...) à minha empresa", disse, negando qualquer ilegalidade. Com a ajuda do banco, Val conseguiu financiar seu Porsche Cayenne S, modelo 2014, com que ela circulava pelas ruas dos Jardins paulistanos.
Em 2015, a Folha de S.Paulo revelou que a instituição driblou regras internas para financiar à socialite R$ 2,79 milhões, subsidiados pelo governo a juros de 4% ao ano. O financiamento integrava uma linha de crédito para caminhões, e destinava-se à Torke Empreendimentos, transportadora registrada em nome da socialite.

Publicitário é elo de caixa-2 para ministro, diz delator da JBS

Preso, nesta quinta-feira, pela Operação Lava Jato, junto com o ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, o publicitário André Gustavo Vieira da Silva aparece nas delações de executivos da JBS como um suposto elo para o pagamento de caixa-2 a políticos do Pernambuco, incluindo um senador, um ministro e um governador de Estado.
Segundo o acordo de colaboração premiada fechada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo diretor de relações institucionais da J&F, que controla a JBS, Ricardo Saud, durante a campanha eleitoral de 2014, a empresa fez pagamentos em esquema de caixa-2 tanto para André Silva quanto para uma de suas empresas, a Arcos Propaganda.
O dinheiro, segundo Saud, teve como destino final os seguintes políticos: R$ 1 milhão para o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), pago após a apresentação de uma nota fiscal da Arcos; R$ 2 milhões em espécie entregues por André Gustavo, no Recife, para Fernando Bezerra; R$ 1 milhão em espécie entregues pelo publicitário na mesma cidade para o atual governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB); por fim,
R$ 200 mil entregues por Silva para Bruno Araújo (PSDB-PE), então deputado federal e hoje ministro das Cidades.
O tucano Araújo ganhou projeção no ano passado por ter sido o autor do voto decisivo, em sessão da Câmara dos Deputados, que autorizou o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) do seu cargo em processo de impeachment.
Em documento que entregou como parte do seu acordo de colaboração, Saud disse que seguia orientação do empresário da JBS Joesley Batista para "realizar doações a políticos e a partidos políticos", mas que o "método de pagamento era sempre determinado pelo político, podendo consistir em doação oficial, pagamento de notas fiscais avulsas ou a entrega de dinheiro em espécie".
Saud afirmou que foi procurado, nas eleições de 2014, por um suposto "interlocutor" do então governador do Pernambuco e candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB).
Identificado apenas como Henrique, esse homem teria tratado com Saud "os pagamentos que passariam a ser realizados, após autorizados" por Joesley.
Em agosto daquele ano, Campos morreu em acidente aéreo em Santos (SP).

Pedro Parente determina investigação

Por determinação do presidente da Petrobras, Pedro Parente, a companhia está fazendo uma investigação interna de todos os contratos feitos, principalmente com a Odebrecht, durante a gestão de Aldemir Bendine na presidência da estatal. Segundo fonte próxima à estatal, as apurações foram iniciadas assim que foi conhecida a delação premiada de Marcelo Odebrecht que relatou o pagamento de propina ao ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil. A auditoria interna sobre a atuação de Bendine na Petrobras ainda está em andamento. Quando ele assumiu a presidência da Petrobras em fevereiro de 2015 a Odebrecht já estava proibida de participar de novas licitações, no entanto ainda detinha inúmeros contratos em vigor.

Bendine assumiu a Petrobras com missão de blindar estatal

Aldemir Bendine deixou BB para ajustar balanço da gigante do petróleo

Aldemir Bendine deixou BB para ajustar balanço da gigante do petróleo


/VALTER CAMPANATO/ABR/JC
O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foi confirmado no cargo em fevereiro de 2015, com a missão de ajustar o balanço da companhia e contabilizar as perdas com a corrupção diante do escândalo que já fazia a petroleira sangrar desde março de 2014.
Dias antes, sua antecessora, Graça Foster, havia renunciado ao cargo diante da pressão por conta dos desdobramentos das investigações. Bendine foi preso nesta quinta-feira, na 42ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Cobra.
Vindo do Banco do Brasil (BB), Bendine era um nome de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e foi indicado ao cargo pela então presidente Dilma Rousseff (PT). A indicação foi uma surpresa para o mercado e foi recebida com mau humor pelos investidores. No dia de sua confirmação no cargo, as ações da Petrobras fecharam em queda de 6%, mas chegaram a recuar 9% durante as negociações.
Durante a gestão de Bendine, a Petrobras contabilizou, em abril de 2015, o prejuízo recorde de
R$ 6,2 bilhões por conta de baixas contábeis relacionadas à corrupção entre 2004 e 2012. O resultado referente ao ano de 2014 ficou negativo em R$ 21,6 bilhões, o primeiro anual da estatal desde 1991.
Bendine renunciou à presidência da Petrobras em maio de 2016, ainda durante a interinidade de Temer na Presidência da República. Naquele momento, a ex-presidente Dilma acabava de ser afastada do cargo para responder ao processo de impeachment, concluído em agosto daquele ano.
Em seu lugar ficou Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil e do Planejamento do segundo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O executivo tem uma gestão elogiada pelo mercado, e, apesar dos cortes nos empregos e nos investimentos, a Petrobras voltou a mostrar resultados positivos sob seu comando.
Bendine se tornou presidente do BB em abril de 2009, quando substituiu Antonio Francisco de Lima Neto. Também foi membro do Conselho de Administração da instituição. Assumiu o Banco do Brasil na fase mais aguda da crise financeira global, com a missão de executar duas tarefas da agenda do ex-presidente Lula: ampliar a oferta de crédito para estimular a economia e liderar uma competição mais aguerrida com os bancos privados, para forçá-los a reduzir os juros. Seu antecessor não seguiu a cartilha do Planalto e foi retirado do cargo.
À frente do BB, Bendine conduziu o processo de redução dos juros e a ampliação do crédito. Como consequência, o BB aumentou a participação no mercado em meio à retração dos bancos privados. Pelos dados mais atualizados - do 3º trimestre do ano passado -, o BB tem a maior carteira de crédito entre as instituições financeiras brasileiras, correspondente a 21,1% do mercado de crédito nacional.
O BB é o maior banco da América Latina, com mais de 100 mil funcionários e mais de 60 milhões de clientes. Bendine começou no banco aos 14 anos, como office-boy. Sob seu comando, o volume de ativos do BB ultrapassou a marca de R$ 1,2 trilhão.
À frente do BB, ele não se importou com críticas de que o banco é um braço do governo na aplicação da política econômica. "Eu resgatei um pouco esse papel do banco enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. E ele tem um papel de governo, de fato", disse, em 2013.