Todos anseiam por um Brasil muito melhor. Sem fome, miséria, sem tanta violência, em que todos em idade economicamente ativa estejam com uma ocupação digna. Por tudo isso, a taxa de juros de novo em um dígito é um sonho para as finanças públicas, para mais investimentos, empregos, renda e impostos sadios, eis que mais baixos.
A inflação projetada para 2017 está abaixo da meta do Banco Central, que é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou menos. Na avaliação dos economistas, a Selic ainda cairá mais. A profecia é possível e desejável.
Mesmo com as turbulências políticas, a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic, deve voltar a ser de um dígito após quase quatro anos. A aposta dos analistas de mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deve fazer uma redução de 1 ponto percentual ao final da reunião desta quarta-feira, reduzindo a taxa básica de juros de 10,25% para 9,25%.
A avaliação é de que a inflação continuará em queda, mesmo com as turbulências políticas e o aumento dos combustíveis. Entre os fatores estão a recente valorização do real frente ao dólar por fatores externos e a queda na confiança na economia.
O que tem ocorrido é um cenário deflacionário, pois a população empregada está parcimoniosa nos gastos, com razão. Aqui no Rio Grande do Sul, o governo do Estado e a prefeitura da Capital têm parcelado os vencimentos. No caso dos servidores públicos estaduais, em julho, haverá o 20º parcelamento. Na prefeitura de Porto Alegre, se ocorrer, será o segundo mês.
Mantido o aumento dos combustíveis, a estimativa é que cause impacto de 0,6 ponto percentual no IPCA. O índice oficial do País acumula alta de 1,18% até junho, após a primeira deflação em 11 anos, registrada em junho.
Para analistas financeiros, apesar de o cenário no curto prazo ser de pressão para que os juros caiam, é possível que os juros em patamares baixos não se sustentem. O motivo é a falta de mudanças que fariam com que a dívida pública caísse.
O atraso da reforma da Previdência aumenta o risco de que o afrouxamento monetário em curso, ainda que apropriado sob uma perspectiva estritamente anticíclica, vá demandar que as taxas de juros eventualmente sejam trazidas de volta para cima, segundo eles, sobre a reunião do Copom.
A estimativa é que a Selic encerre este ano e o próximo em 8%, segundo dados do último Boletim Focus. Com uma dívida pública federal de R$ 3,3 trilhões, boa parte dela atrelada à Selic, é fácil deduzir a redução de juros em um ano, com essa baixa prevista para hoje. Anualmente, o dispêndio com juros tem sido na base de centenas de milhões de reais. Muitos culpam os bancos e "a política rentista", nas propagandas políticas, e que seriam os beneficiários dessa dívida gigantesca.
No entanto o tomador - no caso, o governo federal e outros entes públicos estaduais e municipais - age de livre e espontânea vontade. Melhor gestão, parcimônia nos gastos e planejamento sério para equilibrar a arrecadação com as despesas com certeza aliviariam a necessidade quase mensal de fechar déficits em muitos estados, prefeituras e, mais ainda, da União.
Espera-se, então, que a expectativa de uma Selic em 9,25% seja um alento para que muitos retomem investimentos de que tanto o Estado e o Brasil necessitam. Com isso, a consequente geração de empregos e renda, o que todos almejam.