A oposição da Venezuela apresentou um plano de governo de união, chamado de "hora zero", para a eventual saída de Nicolás Maduro. A medida é uma forma de respaldar o plebiscito simbólico contra a Constituinte - marcada para o dia 30 - que, segundo os rivais do presidente, teve 7,5 milhões de votantes.
O documento, que pode ser entendido como um programa de governo em caso de alternância de poder, foi comparado pelo chavismo com o anúncio da junta de governo que substituiu Hugo Chávez durante o golpe de 2002. No anúncio, a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) afirmou querer um governo composto por seus pares e "setores independentes" para recuperar o país caribenho.
"O modelo político que nos governa transformou o povo da Venezuela em objeto de uma ideologia e não em sujeito de sua própria transformação positiva", diz a nota, em que prometem respeitar os adversários políticos. "Diferentemente da prática corriqueira desta ditadura, não haverá nenhum tipo de retaliação, discriminação, muito menos perseguição contra quem simpatize ou milite em organizações diferentes das do próximo governo."
O primeiro objetivo, conforme os opositores, será mitigar a crise humanitária e a escassez de alimentos e remédios. Na sequência, ocorrerá "o saneamento e a depuração" das forças de segurança, assim como a diminuição da influência das Forças Armadas no Estado. Em uma terceira etapa, ocorrerá a mudança para um modelo econômico "em prol do progresso nacional". Com a atual situação, porém, a possibilidade de implantação deste programa é reduzida.
Mesmo se Maduro deixar o cargo, seus sucessores naturais, o vice Tareck El Aissami e o deputado Diosdado Cabello, são mais radicais e aprofundariam o conflito. Em nota, o governo diz que, com a proposta, a oposição ignora que o mandato de Maduro termina em 2019. "A MUD propõe desmontar o Estado democrático e social de direito instituído por ampla aprovação do povo."
A greve geral convocada pela oposição para esta quinta-feira começou com ruas desertas e barricadas em várias cidades da Venezuela. Em Caracas, opositores enfrentaram a Força Nacional mais uma vez. Desde abril, mais de 90 pessoas morreram em protestos que pedem a saída de Maduro do poder.