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- Publicada em 13 de Julho de 2017 às 22:30

Queda do crime não passa só pela BM, diz comandante

Para major Douglas, a sociedade precisa se revoltar contra a 'ditadura do criminoso'

Para major Douglas, a sociedade precisa se revoltar contra a 'ditadura do criminoso'


CLAITON DORNELLES /JC
Igor Natusch
Em maio, o 11º Batalhão da Polícia Militar de Porto Alegre (11º BPM) completou 50 anos. A unidade, que atende 24 bairros da zona Norte da Capital, foi pioneira em aspectos hoje amplamente disseminados junto à Brigada Militar (BM), como o atendimento por telefone e a adoção de policiais femininas. O batalhão também foi o primeiro da cidade a formar turmas do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), voltado ao Ensino Fundamental e Médio e que, atualmente, atende entre 700 e 1.000 jovens por ano na Capital.
Em maio, o 11º Batalhão da Polícia Militar de Porto Alegre (11º BPM) completou 50 anos. A unidade, que atende 24 bairros da zona Norte da Capital, foi pioneira em aspectos hoje amplamente disseminados junto à Brigada Militar (BM), como o atendimento por telefone e a adoção de policiais femininas. O batalhão também foi o primeiro da cidade a formar turmas do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), voltado ao Ensino Fundamental e Médio e que, atualmente, atende entre 700 e 1.000 jovens por ano na Capital.
Atual comandante do 11º BPM (ou Onze, como é chamado na corporação), o major Douglas da Rosa Soares falou ao Jornal do Comércio sobre os vários desafios enfrentados pela unidade - a maioria deles ligada ao conflito pelo controle do tráfico de drogas em vários pontos da região.
Jornal do Comércio - A zona Norte de Porto Alegre é uma das mais afetadas pela criminalidade relacionada ao tráfico de drogas. Como o batalhão tem atuado para combater essa situação?
Major Douglas da Rosa Soares - Hoje, dividimos nossa atuação em três áreas. Primeiro, tentar diminuir o tempo de resposta no 190, desde a comunicação até a chegada dos policiais e o desfecho da ocorrência. Temos trabalhado também para as pessoas se sentirem seguras, tranquilas para transitar nas ruas, abrir seus comércios, trabalhar e estudar. E a terceira área é a repressão qualificada, em cima de indicadores criminais. Escolhemos cinco ou seis indicadores, os quais consideramos que, sem uma diminuição, acabarão influenciando no comportamento do meio social. Entre eles, o roubo a pedestres, o roubo de carros e o ataque a estabelecimentos comerciais. Quando se tornam comuns, as pessoas ficam acuadas e param de utilizar a cidade. Desde o início do ano, conseguimos uma redução significativa nesses índices. Mas é uma luta constante. A solução não passa só pela BM. É uma rede que passa pelo Judiciário e pelo Executivo, em todas as esferas.
JC - A BM, então, acaba sendo afetada por problemas de todo o sistema de segurança?
Major Douglas - Chegou o momento para que a gente, enquanto sociedade, se revolte contra a ditadura do criminoso, pois ele acaba tendo muitos direitos, e fica quase inviável de nós trabalharmos. Em março, os batalhões da Capital efetuaram 500 prisões em flagrante ao todo. Um mês depois, ao consultar no sistema, somente 200 ainda estavam presos. Qual mensagem eu passo aos 300 que foram soltos? Compensa ou não cometer um crime? Essa é uma resposta que eu deixo em branco, para a sociedade responder. A polícia não está aqui para ser opressora. Trabalhamos para resolver a desorganização do ambiente social.
JC - Quais são os pontos mais sensíveis da região? Em quais áreas a BM enfrenta uma dificuldade maior para atuar?
Major Douglas - Hoje, temos três bairros onde o homicídio requer um cuidado especial: Bom Jesus, Vila Jardim e Humaitá. O homicídio é uma ocorrência que assusta muito, faz as pessoas deixarem de usar a cidade. Não vem ao caso, aqui, dizer quem morreu; o que importa, para nós, é que houve uma morte. Isso (o antecedente da vítima do homicídio) é, para nós, um segundo campo de visão. Nosso trabalho é para evitar o evento de morte. Constatamos que esses locais, muitas vezes, têm homicídios devido à ausência de aparato policial. Por isso, o 11º BPM conta com o apoio da Operação Avante para cobrir essas áreas. Posso dizer que está longe do ideal, mas aquele cenário de pessoas decapitadas, torturadas e linchadas, hoje, está mais sob controle.
JC - Recentemente, pelo menos duas unidades de saúde da região - a Bom Jesus e a São Cristóvão - pararam o atendimento devido à falta de segurança. De que forma isso afeta a comunidade?
Major Douglas - A Brigada precisa dar tranquilidade às pessoas que frequentam e trabalham nesses lugares. Além do policiamento, por exemplo, usamos grupos de mensagem em aparelhos celulares, até mesmo para evitar que essas pessoas (que trabalham em unidades de saúde) deixem de ir trabalhar. Isso envolve vários aspectos também, como o transporte coletivo. Nesta quinta-feira tivemos uma reunião dos batalhões com organizadores das empresas de transporte coletivo e a EPTC. É um fórum, no qual nos comunicam problemas em determinada rua, e aí avaliamos se é caso de uma repressão qualificada ou de a prefeitura promover um trabalho comunitário, ou reparos na iluminação, por exemplo.
JC - E de que modo a população pode ajudar a melhorar o trabalho do 11º BPM?
Major Douglas - A repressão qualificada trabalha com dados estatísticos. Então, quando um delito não é registrado, traz dificuldades para sabermos onde atuar com mais ênfase. É muito importante que as pessoas registrem a ocorrência sempre. E isso passa também por melhorarmos cada vez mais nosso atendimento às ocorrências. Atualmente, nosso tempo médio de resposta é de 22 minutos, mas se, eventualmente, leva uma hora para atender à chamada, a pessoa vai deixar de confiar no serviço. É preciso que a população confie na Brigada e use os canais para nos acionar.
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