Júlia Fernandes

'A fase do bem-vindo já passou'

Júlia Fernandes

Foi da união de dois amigos, Fausto Almeida e Luiz Felipe Granata, que surgiu a ideia de abrir a Castro, hamburgueria para o público LGBT, instalada em São Paulo. A dupla não queria apenas um lugar "friendly", o objetivo é fazer público e funcionários pertencerem de verdade ao local. Muitas das inspirações foram trazidas por Fausto de São Francisco, onde morou por três anos. Nesta entrevista, Luiz Felipe fala mais sobre as estratégias do negócio. 
Foi da união de dois amigos, Fausto Almeida e Luiz Felipe Granata, que surgiu a ideia de abrir a Castro, hamburgueria para o público LGBT, instalada em São Paulo. A dupla não queria apenas um lugar "friendly", o objetivo é fazer público e funcionários pertencerem de verdade ao local. Muitas das inspirações foram trazidas por Fausto de São Francisco, onde morou por três anos. Nesta entrevista, Luiz Felipe fala mais sobre as estratégias do negócio. 
GeraçãoE - Por que vocês abriram o local nesse formato?
Luiz Felipe Granata - Diferentemente das festas e baladas voltadas para os públicos L (lésbicas) e G (gays) e todos os restaurantes gay-friendly de São Paulo, que passaram a sê-lo a partir da demanda, a Castro Burger foi criada abertamente contra qualquer tipo de discriminação a partir da oferta. A fase do "bem-vindo" já passou e deve ser evoluída.
GE - Por que a Castro Burger é considerada uma hamburgueria 100% inclusiva?
Luiz - Na Castro Burger todas as pessoas devem se sentir acolhidas e respeitadas pelo que são, independentemente de orientação sexual, identidade de gênero, raça, peso, credo, deficiência ou qualquer característica que socialmente as coloque na posição de oprimidas. Não posso dizer que somos 100% inclusivos, acho que não é possível até, mas estamos sempre trabalhando nesse caminho, que muitos ignoram ou rejeitam. A Castro Burger teve a coragem de posicionamento e amor pelo próximo, pioneiros e declarados o bastante para peitar quem quer que seja contra a diversidade e a igualdade.
GE - Como o conceito de vocês foi recebido pelo público em geral nesse momento de intolerância?
Luiz - Está acontecendo exatamente o que queríamos. Todos, independentemente de orientação sexual, identidade de gênero, raça, peso, credo, deficiência, estão vindo para a Castro e saindo felizes e satisfeitos, principalmente com o nosso atendimento e comida. Contudo, é um trabalho e luta constantes que estão nos detalhes da casa. Muitos talvez não percebam na primeira visita, mas fazem questão de voltar por ser algo importante para a sociedade.
GE - Qual a importância de mais negócios inclusivos no País?
Luiz - Muito importante. Primeiro porque é uma questão jurídica, da lei até. Segundo porque uma sociedade inclusiva é mais acolhedora, é mais igualitária de forma geral. Terceiro pelo público, pois até inaugurarmos não havia nada parecido e com esse tipo de oferta de mão de obra. Pudemos ver isso claramente, pois recebemos quase 500 candidatos (maior parte LGBTs) para apenas 16 vagas. Pessoas que agradeciam no formulário, por poder se candidatar a uma vaga e saberem que a questão de gênero, sexual, étnica, física, não seria um problema como ocorre na maior parte das empresas. Sem contar que a maioria superbem qualificados.
GE - Como veio a ideia de usar a arte dentro do restaurante como forma de difundir a inclusão?
Luiz - Queríamos sempre ter algo envolvido com a arte. Ter essa mensagem vinda dos artistas em forma das artes dos porta copos e jogos americanos é forte para quem consegue entender algo além de apenas um "desenho bonito" e ao mesmo tempo sutil e delicado para outras pessoas que não possuem essa visão e para a questão decorativa do restaurante. Além de provocar uma divulgação espontânea dos cliente, pois eles levam os mesmos para casa, enquadram, postam fotos etc.
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