Sobre o Autor
Thais Silveira, editora da plataforma Pretas Foto: /Vager Ribas/Especial/JC

Thais Silveira

jornalista,editora da Pretas

Resistimos e existimos no mundo dos neg�cios

Um sonho que virou realidade. Não é clichê, mas colocar em prática uma ideia e desbravar aos poucos o tal mundo dos negócios é uma experiência transformadora. Desde 2013, minha sócia, Renata Lopes, também jornalista, e eu temos um foco na área da Comunicação: a valorização da comunidade negra. A nossa empresa nasceu como editora, lança materiais gráficos e on-line, além de organizar e produzir eventos.
Nessa trajetória, a principal proposta é contribuir para uma sociedade mais igualitária a todos e sempre somar com outras pessoas (independentemente de sexo, gênero ou raça), na construção de um mundo melhor e mais justo.
Aprendemos, ao longo da vida, que todas as críticas são construtivas, mas, quando se trata de profissionais negros, o cenário muda.
Além das dificuldades de todo empreendedor, a nossa planilha de custos contabiliza a soma de uma história de opressão e exclusão, que pesa na hora de fechar um negócio: a conta nunca fecha, e o racismo acontece. Mesmo não sendo da área das Ciências Exatas, essa contabilidade sempre foi fácil de entender.
Isso acontece seguidamente, na busca de algum apoio, patrocínio ou parceria com empresas, que se mostram a favor da diversidade, com propagandas em que pessoas negras são protagonistas ou até mesmo insinuando algum tipo de representatividade. O curioso é esse discurso ser apenas no papel.
O que mais ouvimos das marcas é que a proposta não se encaixa no perfil da empresa. Nesses momentos, percebo, mais uma vez, a nossa invisibilidade, agora como público consumidor, mesmo movimentando R$ 800 bilhões por ano, segundo a consultoria Etnus.
A filósofa e ativista norte-americana Angela Davis, quem admiro muito, recentemente frisou, em sua palestra aqui no Brasil, que "quando as mulheres negras se movimentam, o mundo inteiro se movimenta com elas".
Por isso, não importa a dificuldade, o nosso DNA é resistência. Queiram ou não abraçar a nossa ideia, sempre seguiremos adiante. Somos nós por nós.
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