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INFRAESTRUTURA

- Publicada em 24 de Julho de 2017 às 22:59

Governo avalia presença de carvão em leilão

Ao lado do governador Sartori, ministro Coelho Filho visitou instalações de mineradoras

Ao lado do governador Sartori, ministro Coelho Filho visitou instalações de mineradoras


FREDY VIEIRA/FREDY VIEIRA/JC
A vinda do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, ao Estado, na tarde de ontem, serviu para criar expectativas otimistas entre os empreendedores do setor do carvão. O dirigente adiantou que o governo está trabalhando para realizar um leilão de energia ainda neste ano, possivelmente em novembro ou dezembro, e analisará a participação de projetos que utilizem o mineral como combustível.
A vinda do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, ao Estado, na tarde de ontem, serviu para criar expectativas otimistas entre os empreendedores do setor do carvão. O dirigente adiantou que o governo está trabalhando para realizar um leilão de energia ainda neste ano, possivelmente em novembro ou dezembro, e analisará a participação de projetos que utilizem o mineral como combustível.
O tema será debatido com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e, para o próximo mês, está prevista a criação de um grupo de trabalho interministerial para tratar do assunto. O último leilão de energia que teve um projeto a carvão concorrendo ocorreu em 2014. O ministro revela que o volume a ser contratado na próxima disputa pode não ser muito grande, pois houve uma retração do consumo de energia por conta da crise econômica; contudo, a ideia é contemplar o maior número de fontes energéticas possíveis.
Coelho Filho acrescenta que o governo federal já tem uma consulta pública lançada, e a meta é enviar em setembro para o Congresso o novo marco do setor elétrico. A perspectiva é propiciar o desenvolvimento da matriz energética, abrangendo todas as fontes. "As próprias lideranças (do carvão) não querem ir além do percentual que têm hoje, querem manter o que têm, mas, para isso, precisam de contratos novos de energia", comenta.
O ministro destaca que o Brasil está ciente do seu compromisso ambiental em relação à redução dos gases que provocam o efeito estufa, mas não se pode abrir mão dos potenciais que o País possui, como na área da termeletricidade. Coelho Filho esteve ontem, no Rio Grande do Sul, visitando, com o governador José Ivo Sartori, o município de Butiá e vislumbrando a mineração a céu aberto do Baixo Jacuí e as instalações da Copelmi Mineração.
Os principais clientes do carvão que é produzido na mina de Butiá são as empresas Braskem e CMPC Celulose Riograndense, que utilizam o combustível para geração de vapor e eletricidade. O complexo está produzindo, atualmente, cerca de 100 mil toneladas ao mês em uma área em mineração de 80 hectares. Foi mostrada ao ministro, ainda, uma área recuperada, onde antigamente havia extração, que hoje pode ser usada para agricultura, pecuária ou silvicultura. Pela manhã, Coelho Filho também conheceu atividades ligadas ao segmento carbonífero em Santa Catarina. Nas palavras do ministro, "estava vendo com os próprios olhos" a atividade do setor e ouvindo os argumentos dos empreendedores.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Extração de Carvão (Sniec) e dirigente da Copelmi, Cesar Faria, aproveitou a ocasião para entregar a Coelho Filho uma carta com reivindicações. Entre os tópicos apontados estava o pedido para que seja mantido, com elevada prioridade, no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2026, a modernização do parque termelétrico a carvão. O documento indica térmicas já desativadas ou com idade avançada, como as usinas de Charqueadas, São Jerônimo, complexo termelétrico Jorge Lacerda e fases A e B do complexo Presidente Medici, que poderão ser substituídas no futuro. Esses empreendimentos somam uma potência de 1.395 MW (um terço da demanda elétrica do Rio Grande do Sul). Também citou novos projetos com potencial para saírem do papel e que têm licenças ambientais, como Ouro Negro, Pampa Sul II, Eneva Sul e Usitesc (os três primeiros a serem construídos em Candiota, e o último, em Criciúma). Outro empreendimento a ser desenvolvido no Estado, na região do Baixo Jacuí, pela Copelmi e por um grupo de investidores japoneses, é uma termelétrica de cerca de 1 mil MW que absorverá US$ 2 bilhões.
Outro pedido do Sniec foi que o Bndes promova a reabertura imediata da linha de crédito para financiar térmicas a carvão e novas minas. Coelho Filho destaca que os assuntos envolvendo o mineral não podem ser resolvidos por uma decisão única do Ministério de Minas e Energia. Entretanto, essa é uma pasta que tem um papel decisivo para sinalizar aos investidores que, de fato, a intenção é elaborar um planejamento do uso do carvão mineral.

Carboquímica é apresentada como alternativa para novos empreendimentos no Rio Grande do Sul

Além da tradicional geração termelétrica, foi abordada com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, a possibilidade de novos empreendimentos a carvão viabilizarem-se através da carboquímica. A proposta é produzir gás a partir do carvão e outros derivados como ureia, amônia (ambas aproveitadas na produção de fertilizante para o agronegócio) e metanol (usado na cadeia do biodiesel ou como aditivo químico da indústria moveleira).
A própria Copelmi, com o grupo sul-coreano Posco, pretende investir cerca de US$ 1,7 bilhão na implantação de um complexo carboquímico na região de Eldorado do Sul e Charqueadas. A empresa gaúcha possui um depósito de cerca de 3 bilhões de toneladas de carvão na região. O diretor de novos negócios da Copelmi, Roberto Faria, salienta que o gás natural que hoje abastece o Estado é totalmente importado. Devido ao fato do insumo ser proveniente da Bolívia e entrar no território nacional pelo Mato Grosso do Sul, Faria diz que o Rio Grande do Sul deixa de arrecadar em torno de R$ 150 milhões em ICMS ao ano.
Em novembro, deverá ser feito um seminário, na Fiergs, em Porto Alegre, que reunirá investidores e fornecedores de tecnologia para a gaseificação do carvão. Antes disso, o governador José Ivo Sartori adianta que será enviado para a Assembleia Legislativa o projeto de lei que irá disciplinar a carboquímica no Estado. Provavelmente, isso acontecerá em agosto. No final da visita à mina da Copelmi, enquanto embarcava no helicóptero para voltar para a capital gaúcha, o governador foi questionado se concorreria à reeleição. Sartori não disse sim, nem negou, limitou-se a enfatizar que a "meta é reequilibrar as finanças do Estado".
Outros políticos também estiveram presentes no evento. Um deles foi o deputado federal Alceu Moreira (PMDB), que assumiu ontem a presidência da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Carvão Mineral. O prefeito de Butiá, Daniel Pereira de Almeida (PT), aproveitou a oportunidade para atestar que a atividade de extração do carvão é hoje fundamental para a economia do município e para a região. O dirigente comenta que a desativação da usina de Charqueadas, em 2016, implicou o fechamento de postos de trabalho por diversas cidades, e somente Butiá está prevendo uma queda de arrecadação de R$ 600 mil neste ano (cerca de 10% da receita do município), devido à paralisação da térmica.
O presidente do Sindicato dos Mineiros do Rio Grande do Sul, Oniro Camilo, considera a vinda do ministro uma perspectiva de melhora para o setor. O sindicalista reforça que o desemprego continua assolando a região, e a esperança é que algum empreendimento preencha o espaço deixado pelas usinas desligadas.