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Desenvolvimento

- Publicada em 19 de Julho de 2017 às 22:28

Indústria eletrônica gaúcha e Ufrgs buscam parcerias

Alejandro Frank apresentou projeto a empresários da Abinee ontem

Alejandro Frank apresentou projeto a empresários da Abinee ontem


FREDY VIEIRA/FREDY VIEIRA/JC
Uma nova revolução industrial, que agrega tecnologia, automação, análise de dados e conectividade começa a fazer parte da vida ou, ao menos, do vocabulário das empresas. É a chamada Indústria 4.0, transformação que promete mudar a forma de produção. O mercado ainda é incipiente no Brasil, mas já há diversas ações em andamento.
Uma nova revolução industrial, que agrega tecnologia, automação, análise de dados e conectividade começa a fazer parte da vida ou, ao menos, do vocabulário das empresas. É a chamada Indústria 4.0, transformação que promete mudar a forma de produção. O mercado ainda é incipiente no Brasil, mas já há diversas ações em andamento.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), por exemplo, está fazendo um trabalho, desde o primeiro semestre deste ano, para mapear o que está sendo feito e identificar oportunidades para fornecedores na indústria gaúcha.
A iniciativa foi apresentada ontem, em Porto Alegre, pelo professor de Engenharia de Produção da Ufrgs Alejandro Frank, durante reunião-almoço da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), uma das parceiras do projeto.
Frank destacou a importância de responder a duas perguntas: qual a demanda real da indústria e como atendê-la. O projeto já fez a identificação dos atores locais e o mapeamento de 87 empresas. Agora, trabalha na formação de um grupo de trabalho da Indústria 4.0, selecionando empresas que possam ser compradoras ou fornecedoras dessa cadeia. A ideia é fazer o planejamento de um ecossistema que permita o desenvolvimento desse mercado no Rio Grande do Sul.
Além da Abinee, o governo do Estado também apoia a iniciativa, através do Arranjo Produtivo Local (APL) Automação e Controle, na Região Metropolitana de Porto Alegre, que já se iniciou há quase um ano. O APL tem R$ 1,285 milhão de recursos e cronograma de 15 meses para prospectar mercados para cadeia eletroeletrônica, com o desenvolvimento de novos produtos. O foco está em serviços de design e inovação de produtos das empresas.
"Na realidade, esse processo acontece há muito mais tempo. Toda a necessidade que uma empresa tem, ela procura uma academia próxima para discutir. Isso vai constituindo o arranjo produtivo, que aparece da percepção dessas conexões. O que o APL faz é injetar recursos para que esse processo ganhe potência e celeridade", explica Sady Jacques, gestor de projetos APL, da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia.
Empresários e acadêmicos reconheceram que ainda falta diálogo sobre o que está sendo feito na universidade e a demanda real da indústria. Um dos questionamentos, feito pelo vice-presidente regional da Abinee, Aderbal Lima, é como as indústrias vão dar esse passo adiante em um momento de adversidade econômica.
Frank reconheceu que é necessário investimento para avançar até a Indústria 4.0, e que o período não é o ideal. Entretanto, salientou a lógica de flexibilidade e produção em volumes menores, com ganhos em "logística inteligente" - produção descentralizada e conforme a demanda - e a possibilidade de abertura de novos mercados. "O Brasil vai ter que dar um salto tecnológico para chegar até a Indústria 4.0", apontou.
Outro professor da Ufrgs, Ricardo Reis salientou a qualidade e o volume de trabalhos em microeletrônica feitos na universidade, que, muitas vezes, acabam tendo acolhida e continuidade em empresas no exterior.
Mas ainda há um descompasso, como exemplifica o vice-presidente regional da Abinee, Aderbal Lima, que é diretor executivo da empresa Novus de Porto Alegre. "A vida inteira nossa empresa buscou interagir com universidades. Fica muito difícil a indústria aproveitar desenvolvimentos superavançados de microeletrônicos que sequer serão utilizados no Brasil. São etapas de processos que vão ser aproveitados por grupos que fazem chips ultra-avançados no exterior", observa.
Lima tem boa expectativa com o arranjo produtivo local Automação e Controle e a pesquisa da Ufrgs em andamento. "Tenho esperança no APL, porque agora é um estudo real na indústria local de eletroeletrônica, informática, automação, o que ela pode levar de solução concreta para buscar avanços e conceitos de 4.0."

Dirigente nacional sugere descolamento da política

Barbato é presidente nacional da Abinee

Barbato é presidente nacional da Abinee


FREDY VIEIRA/JC
Sem uma perspectiva para o fim da crise política no Brasil, grandes empresários têm pregado, nos últimos meses, que a economia deve se descolar da política, a fim de avançar mesmo em meio à instabilidade.
O presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, fez coro ontem, a esta tese, em Porto Alegre, ao participar da reunião-almoço da regional gaúcha da associação e disse que isso já está acontecendo. "As empresas continuam produzindo, seguem trabalhando", observa.
Barbato vê uma leve retomada do setor industrial e salienta que a aprovação de reformas, como a trabalhista, no Congresso Nacional, pode dar algum ânimo ao País, independentemente da situação do Executivo - a denúncia contra o presidente Michel Temer será votada pela Câmara dos Deputados no dia 2 de agosto, quando será definido se o processo seguirá ou não para o Supremo Tribunal Federal, o que pode causar o afastamento de Temer.
Além da retomada do crescimento, a agenda nacional da Abinee inclui a busca por recursos para Pesquisa e Desenvolvimento e a manutenção de incentivos fiscais ao setor, que podem ser perdidos, já que a Organização Mundial do Comércio (OMC) questiona a política industrial brasileira, o que deve provocar mudanças na Lei da Informática.
Entretanto, algumas ações da Abinee são afetadas pelo cenário de instabilidade política. É o caso do lançamento da Frente Parlamentar da Indústria Elétrica e Eletrônica, que já foi adiada diversas vezes.
"Temos 222 assinaturas de parlamentares no Congresso Nacional, mas sempre que marcamos uma data, temos que adiar para outro momento por conta da sucessão de 'bombas políticas' que estouraram em Brasília", relatou Barbato.