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Conjuntura

- Publicada em 09 de Julho de 2017 às 20:29

Infraestrutura fisga investidor de longo prazo

CEEE, do Rio Grande do Sul, é uma das companhias avaliadas, ao lado de Eletrobras, Cesp e CEB

CEEE, do Rio Grande do Sul, é uma das companhias avaliadas, ao lado de Eletrobras, Cesp e CEB


FERNANDO C. VIEIRA/FERNANDO C. VIEIRA/DIVULGAÇÃO/JC
A crise política pela qual o Brasil passa não deve afugentar os investidores em infraestrutura como um todo. Além dos chineses, que chegaram em peso no ano passado para comprar negócios no País colocados à venda - seja por causa da recessão econômica ou por companhias envolvidas na Lava Jato, sobretudo nas áreas de construção e energia -, fundos de investimentos e grupos asiáticos estão de olho em diversas oportunidades de negócios, como concessões de rodovias, ferrovias e saneamento, afirmam fontes do mercado financeiro.
A crise política pela qual o Brasil passa não deve afugentar os investidores em infraestrutura como um todo. Além dos chineses, que chegaram em peso no ano passado para comprar negócios no País colocados à venda - seja por causa da recessão econômica ou por companhias envolvidas na Lava Jato, sobretudo nas áreas de construção e energia -, fundos de investimentos e grupos asiáticos estão de olho em diversas oportunidades de negócios, como concessões de rodovias, ferrovias e saneamento, afirmam fontes do mercado financeiro.
A gestora canadense Brookfield, que foi uma das protagonistas em aquisições no ano passado, com a compra do gasoduto NTS, da Petrobras, e de 70% da Odebrecht Ambiental, também está negociando diversos ativos de estatais elétricas. É o caso dos ativos da Renova Energia. A gestora teria ampliado a oferta pelo negócio, incluindo a fatia detida pela Cemig, maior acionista na empresa de energia renovável, de acordo com fontes.
As estatais elétricas que foram colocadas à venda devem atrair aportes que superam mais de
R$ 30 bilhões. Estão na mesa empresas da Eletrobras; Cesp (estatal paulista), CEB, de Brasília; e CEEE, do Rio Grande do Sul.
No ano passado, a chinesa State Grid, que entrou no País em 2010, anunciou a compra da fatia da CPFL, que pertencia à Camargo Corrêa. A chinesa CCCC, que comprou o controle da Concremat, também está fazendo investimento no porto de São Luís, no Maranhão. De acordo com uma fonte próxima à companhia, outros negócios de infraestrutura estão no radar da chinesa.

Tamanho do aporte vai depender de modelagem feita por estudo

O apetite dos investidores nacionais e estrangeiros pelos ativos de saneamento básico vai depender da modelagem que sairá dos estudos técnicos que estão sendo estruturados pelo mercado e da aprovação dos Estados. Apesar de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) ser o gestor do programa, são os governos estaduais que devem bater o martelo.
"Nosso apetite vai depender mais da modelagem do que da geografia do projeto", diz o presidente da Aegea, Hamilton Amadeo. Segundo ele, como os estudos estão sendo feitos por vários consórcios e empresas, a tendência é que o País tenha modelos tarifários diferenciados dependendo da realidade de cada estado. "E é desejável que seja assim. A legislação de concessão e PPPs abrange várias alternativas", afirma o executivo, que tem investido por ano cerca de R$ 400 milhões no setor - montante que pode aumentar com as concessões. Criada em 2010, a empresa do grupo Equipav tem entre os acionistas instituições, como International Finance Corporation (IFC), Fundo Soberano de Cingapura (GIC) e Fundo Global de Infraestrutura (GIF), gerenciado pelo IFC.
Outra consolidadora será a Brookfield, dona da Odebrecht Ambiental. A aquisição, concluída em fevereiro, colocou a gestora como uma das favoritas para avançar nesse segmento. Mas ela não está sozinha. A gestora Vinci Partners tem interesse em disputar os ativos estaduais, mas diz que os riscos regulatórios precisam ser entendidos e mitigados. O sócio do fundo, José Guilherme Souza, acredita que os negócios só devem virar realidade a partir de 2018.
Na lista de ativos que interessam aos investidores, a Compesa, de Pernambuco, diz que a ideia não é privatizar a companhia. "Queremos trazer um investidor forte, como foi o caso da Brookfield, que está presente em 15 municípios", afirma o gestor da estatal, Roberto Tavares. Segundo ele, uma das soluções seria dividir os outros 172 municípios sob domínio da empresa em três pacotes, separando por regiões.
Empresas asiáticas também estão atrás de projetos nesse setor, como as japonesas Itochu, Mitsui e a sul-coreana GS, segundo fontes. São empresas que atuam no Brasil e que não decidem investimentos pelo clima de Brasília, diz um executivo de banco que acompanha de perto o assunto.

CAB Ambiental se reestrutura e deve receber recursos

A CAB Ambiental, controlada pelo grupo Galvão Participações (Galpar) - que está em recuperação judicial -, deve anunciar, nos próximos dias, mudanças no acordo de acionistas da companhia. A empresa está em fase final de reestruturação, que prevê a conversão de dívidas do Bradesco e do Banco Votorantim em ações, e a entrada de um novo sócio, que deverá fazer um aporte de R$ 70 milhões na nova CAB.
Até então, os acionistas da companhia eram a Galpar, com 66,58%; e o braço de participações do Bndes, o Bndespar, com 33,42%. Em novembro do ano passado, quando a RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, assumiu a gestão da empresa, a consultoria começou a discutir com os sócios e credores um novo desenho acionário para a companhia, que prevê a diluição da fatia da Galpar.
Segundo fontes próximas ao assunto, um dos motivos da reestruturação foi o corte de financiamento do Bndes para investimentos da empresa, cujo controlador estava envolvido na Operação Lava Jato. A CAB era uma companhia muito alavancada, com boa geração de caixa, mas que não conseguia honrar os investimentos firmados em contrato. A solução para o Bndes voltar a financiar a empresa era a Galpar deixar o controle. E foi nesse contexto que a RK iniciou o plano de reestruturação para dar um rumo à CAB.
Com a nova estrutura, a Galpar se tornará um acionista minoritário e deve perder o direito de voto. A RK Partners criou um fundo, do qual será cotista e também vai incluir novos acionistas, Bradesco e Votorantim, que vão converter as dívidas em ações. Além disso, Ricardo K, como é conhecido no mercado, está negociando a entrada de dinheiro novo para a empresa, que tem dívidas de cerca de R$ 1,2 bilhão. O novo sócio será o fundo multimercado Cyan FIM, do investidor Flávio Guimarães, que busca oportunidades em infraestrutura, incluindo energia e saneamento, de acordo com fontes a par do assunto. O fundo deverá entrar com R$ 70 milhões - recurso que será usado como capital de giro para a empresa continuar operando.