O comportamento da atividade econômica em maio, com números expressivos de crescimento, consolida uma nova fase de expansão produtiva em Caxias do Sul, permitindo, inclusive, a projeção de fechar o ano com números positivos na comparação com 2016. A manifestação foi feita por Alexander Messias, integrante da diretoria de Economia, Finanças e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) durante a apresentação do desempenho econômico do quinto mês do ano.
Os dados recentes apontam aumento de 0,5% no acumulado de janeiro a maio em relação ao mesmo período do ano passado. É o primeiro saldo positivo nesta base de comparação desde junho do ano passado. Maio teve papel preponderante no resultado, com incremento de 7,7% sobre igual mês de 2016 e de 6,6% ante abril. Neste caso pesou o maior número de dias úteis e o Dia das Mães, que trouxe, finalmente, algum alento para o comércio, que também apresentou números positivos.
A variação positiva, se confirmada, colocará fim a uma sequência de três anos de baixa. Começou em 2014 com menos 7,4%; no ano seguinte, -18,7%; e, no ano passado, -11,5%. De acordo com Messias, a recuperação destas perdas demandará muitos anos.
A perspectiva otimista, no entanto, pode ser fuzilada pelas incertezas do cenário político, cada vez mais fortes em razão da série de denúncias contra o presidente Michel Temer. "Alguns setores já começaram a ter dificuldades", admitiu Messias. Segundo o economista, em se confirmando as denúncias, é provável que a economia, não apenas a local, mas a nacional, estagne novamente. Até o momento, porém, na avaliação de Messias, a economia tem reagido bem, sem grandes altas na cotação do dólar e sem variações negativas muito fortes na bolsa de valores.
Para Mosár Leandro Ness, assessor de economia e estatística da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), o melhor cenário para a economia brasileira seria formado pelo seguinte tripé: saída do presidente Temer, mas com a manutenção da equipe econômica atual, e a aprovação das reformas em discussão no Congresso.
O Dia das Mães foi determinante para o resultado positivo nas vendas do comércio, que vem acumulando perdas severas nos últimos anos. O setor cresceu, em maio, quase 5% sobre igual mês de 2016 e 17,5% em relação abril. Com isso, conseguiu um incremento mínimo, de 0,25%, no acumulado de cinco meses. Porém, ainda é negativo em 12 meses na ordem de 5%.
Ness destaca que, além do Dia das Mês, um dos setores que mais contribuiu para o resultado foi o de automóveis, caminhões e autopeças novos, com alta de 31% sobre maio do ano passado, acumulando elevação de 12% no ano e de quase 5% em 12 meses. O economista ressalta, porém, que são vendas de veículos de maior valor agregado, adquirido por consumidores de poder aquisitivo mais elevado. "As classes de menor renda ainda não recuperaram a capacidade de consumir", explicou.
Outra preocupação do setor é o aumento de CPFs negativados pelo Serviço de Proteção ao Crédito. Em Caxias do Sul já são 77.090 consumidores sem crédito, 4 mil a mais do que havia em maio do ano passado. "O alto grau de incertezas e a inadimplência elevada são riscos grandes para a operação", sentenciou.