Cristiano Vieira

A pouco mais de um mês do seu início, o 45º Festival de Cinema de Gramado divulgou ontem, na Cinemateca Capitólio Petrobras, em Porto Alegre, os filmes selecionados para as mostras competitivas - de longa nacional e latino, além dos curtas brasileiros -, as personalidades homenageadas e outras novidades do evento que acontece de 17 a 26 de agosto na cidade serrana.

Os filmes nacionais em competição são todos inéditos no Brasil - alguns já foram exibidos no exterior, caso de Como nossos pais, de Laís Bodansky, visto na Mostra Panorama do Festival de Berlim e eleito melhor filme pelo público no Festival de Cinema Brasileiro de Paris. Com Maria Ribeiro liderando o elenco, o longa "é uma doce comédia de costumes, que agrada ao público", como define Rubens Ewald Filho, um dos curadores do festival, juntamente com Marcos Santuário e Eva Piwowarski.

Estão ainda na competição O matador, com direção de Marcelo Galvão e considerado o primeiro filme brasileiro inteiramente produzido pela norte-americana Netflix.

Ainda sem perspectiva de exibição no circuito tradicional de cinemas, o longa deve ser disponibilizado no serviço on-demand até o fim deste ano.

Do Rio Grande do Sul foi selecionado Bio, novo longa de Carlos Gerbase. Definido livremente como um "falso documentário" - palavras do curador Santuário - o trabalho coloca em cena 37 depoimentos sobre um personagem que nunca é visto no filme. Destaque, ainda, para A fera na selva, dirigido pelo trio Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel. Misto de romance com comédia dramática, o filme é baseado na obra do norte-americano Henry James.

Dos latinos selecionados, também todos são inéditos em festivais brasileiros. Segundo a curadoria, são trabalhos que mostram uma América Latina contemporânea, deixando o passado num foco distante. Da Argentina há dois (Pinamar, de Federico Godfrid; e Sinfonía para Ana, de Virna Molina e Ernesto Ardito). A lista inclui também longas do México, Uruguai, Peru, Colômbia e Chile, alguns em coprodução com Canadá, Holanda e a França.

As tradicionais homenagens não podem faltar. Com 33 anos de profissão e dois Kikitos na bagagem, a atriz Dira Paes receberá o Troféu Oscarito. Já o Troféu Eduardo Abelin celebrará a carreira do cineasta gaúcho Otto Guerra, que há mais de quatro décadas faz história no cinema de animação.

O Kikito de Cristal será dado à atriz argentina Soledad Villamil, do cultuado O segredo dos seus olhos, célebre longa da Argentina vencedor do Oscar de filme estrangeiro em 2010. Ela acumula outros trabalhos no cinema e também no teatro do país vizinho. Por fim, com 50 produções no currículo e um dos maiores nomes da indústria cinematográfica, Antônio Pitanga irá receber o Troféu Cidade de Gramado.

As mostras competitivas de curtas brasileiros e gaúchos selecionaram, cada uma, 14 filmes. No caso do recorte do Rio Grande do Sul, serão reconhecidos os melhores com o Prêmio Assembleia Legislativa.

Por fim, outras duas novidades: o filme de abertura do Festival de Gramado deste ano será o aguardado João, o Maestro, cinebiografia inspirada na vida do maestro João Carlos Martins com direção de Mauro Lima. Também neste ano o evento recebe um país homenageado - neste caso, o Canadá. Virão do país da América do Norte realizadores e uma comitiva para conhecer o festival brasileiro.

Confira abaixo a lista completa dos filmes em competição: