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Empresas & Negócios

- Publicada em 04 de Julho de 2017 às 13:42

O Colorido que transforma

Uso de cores nas casas da rua Luiz Sibemberg é inspirado em projeto realizado em comunidade da Indonésia

Uso de cores nas casas da rua Luiz Sibemberg é inspirado em projeto realizado em comunidade da Indonésia


CLAITON DORNELLES /CLAITON DORNELLES/JC
Camila Silva
Ao chegar na rua Luiz Sibemberg, localizada na Vila Safira, zona Norte da capital, o colorido das casas e das calçadas chama a atenção, em especial o da casa de número 345. As casas com cores vibrantes são resultado da ação "Colorindo a nossa rua" que visa ampliar a autoestima dos moradores da comunidade através da colorização.
Ao chegar na rua Luiz Sibemberg, localizada na Vila Safira, zona Norte da capital, o colorido das casas e das calçadas chama a atenção, em especial o da casa de número 345. As casas com cores vibrantes são resultado da ação "Colorindo a nossa rua" que visa ampliar a autoestima dos moradores da comunidade através da colorização.
O pintor de paredes Cláudio Roberto da Costa buscou a inspiração bem longe da Vila Safira. O que foi feito na Rainbow Village (vila do arco-íris, em tradução livre) da Indonésia é o que Costa tenta aplicar na comunidade. A casa do pintor foi o ponto de partida para o início da ação. Há mais de 10 anos, Costa constatou a carência de espaços culturais na Vila Safira. Resolveu, então, construir um no quintal de casa. O projeto Vó Chica atende crianças e adolescentes do bairro a partir de doações, do salário que Costa recebe através de serviços de pintura e com o auxílio de voluntários. 
Na sede do projeto são realizadas aulas de iniciação ao ballet para 30 meninas da comunidade. As aulas são dadas pela bailarina Paola Conceição Alves. Iniciação à informática e à leitura também são disponibilizadas no local. Além disso, a saúde mental é exercitada pelas crianças e adolescentes através de aulas de meditação ofertadas pela voluntária do projeto Anmol Arora.
O pintor, que viu a maioria dos seus amigos irem embora da Vila Safira por considerarem que o bairro não tinha perspectiva de melhora, decidiu permanecer no local e trabalhar para melhorar a região. Além da ação "Colorindo a nossa rua", Costa lutou para que um antigo lixão da comunidade fosse transformado em uma praça. A intervenção junto aos veículos de comunicação resultou na construção da praça Vó Chica, local de lazer para os moradores do bairro.
Maria Francisca Gomes Garcia, a Vó Chica, foi parteira, benzedeira e líder comunitária da Vila Safira. Ela faleceu em 1983, aos 107 anos. A fim de manter a história da moradora, o fundador do projeto desenvolveu um boneco gigante para homenagear a parteira. O projeto foi do escultor e artista plástico, Paulo Martins, junto do curso de bonecos gigantes do ponto de cultura Teia Viva na Escola Técnica Vó Chica. O boneco é exposto em eventos, como a Parada LGBT, o Carnaval de rua de Porto Alegre e outras manifestações culturais.
A parceria do projeto com as quatro escolas do bairro é ampla. A Feira de Materiais Escolares tem como objetivo a diminuição da evasão escolar na comunidade. "As mães, muitas vezes, não levam os alunos para a escola por eles não terem todo o material para estudar", afirma Costa. Na segunda edição da feira foram distribuídos 3 mil kits escolares, sendo que 1,8 mil foram repassados para moradores da Vila Safira, e 1,2 mil, para outras comunidades.
Além da feira de materiais escolares, a parceria com as escolas locais é realizada também através de outros trabalhos educacionais. No último dia 6 de julho, a Escola Municipal Victor Issler recebeu a feira do livro do projeto. Ao todo, 3 mil livros foram distribuídos na comunidade, a maioria arrecadada através das redes sociais. "Julho é um mês frio,são poucas as opções de lazer no bairro, os livros são uma ótima alternativa para as crianças", destaca Ingrid Strelow, professora e voluntária no projeto. 
Ingrid conheceu o projeto Vó Chica através das redes sociais e, desde então, se dedica ao projeto. A professora considera que o conhecimento precisa chegar na periferia. Assim como Ingrid, mais de 15 mil pessoas estão engajadas no projeto por meio da internet. "Sempre que alguém nos doa algo, eu registro e posto nas redes sociais. É uma forma de prestar contas para quem nos ajuda", afirma Costa.
Além da cultura e da educação, o combate à violência é uma preocupação do projeto. Em agosto do ano passado, o pintor foi convidado para conduzir a tocha olímpica na cidade de São Lourenço do Sul. A partir dessa participação, nasceu a ideia de realizar, na comunidade, o evento Tocha da paz, que tem como objetivo propagar a cultura de paz no bairro. "As pessoas estão acostumadas a ver a Vila Safira nas páginas policiais, queremos modificar isso", destaca Costa. No mês de agosto, a Tocha da paz percorrerá as quatro escolas do bairro.
O projeto não aceita doações em dinheiro, apenas materiais para a realização das ações. Atualmente, tintas estão sendo arrecadadas para a ampliação da colorização das casas. Mais de 300 latas de tintas já foram recebidas pelos organizadores. As doações podem ser entregues na sede do projeto Vó Chica.
CLAITON DORNELLES/JC
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