Relatório preliminar da Polícia Federal (PF) afirma que há "evidências" de prática de corrupção passiva por parte do presidente Michel Temer
(PMDB) e de seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). "Diante do silêncio do Mandatário Maior da Nação e de seu ex-assessor especial, resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado neste autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva", diz trecho da conclusão da PF divulgada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O relatório diz "concluir pela prática" do crime de corrupção passiva do presidente Temer "em face de, valendo-se da interposição de Rodrigo Rocha Loures, ter aceitado promessa de vantagem indevida em razão da função". De acordo com o relatório, os elementos da investigação "permitiram que fossem elaboradas conclusões" sobre "pagamento de vantagem indevida" pelo grupo J&F a Loures "imediatamente" e a Temer "remotamente". O documento aponta os crimes de corrupção ativa por parte dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, ambos da JBS.
"Ao exmo. sr. presidente da República também foi oportunizado esclarecer diversos fatos", destaca o relatório. "Sua excelência optou, a exemplo de Rodrigo da Rocha Loures, por exercer o direito ao silêncio, além de - surpreendentemente - pugnar pelo arquivamento do inquérito."
O delegado Thiago Machado Delabary assina o relatório e afirma que seu "desafio" foi "remontar o cenário fático a partir de 'rastros' que o agir dos investigados porventura tenha deixado". A investigação destaca o fato de Temer ter feito a "nomeação" de Loures para tratar com Joesley, conforme diálogo entre o presidente e o sócio da JBS na noite de 7 de março. Para não se fundamentar somente no áudio desse diálogo, gravado por Joesley, a PF transcreveu um pronunciamento de Temer, feito após a eclosão da crise, que confirmaria o teor da conversa no Jaburu.