O governador José Ivo Sartori (PMDB) se comprometeu em averiguar os procedimentos utilizados pelos órgãos de segurança durante o episódio de
reintegração de posse da Ocupação Lanceiros Negros, realizada na semana passada, no Centro da Capital. A posição do chefe do Executivo foi apresentada ontem ao deputado Edegar Pretto (PT), presidente da Assembleia Legislativa, em reunião no fim da tarde no Palácio Piratini. A audiência havia sido solicitada por Pretto na sexta-feira. O Legislativo questiona o que considera uso excessivo de força policial, descumprimento de protocolos para reintegração e a prisão do deputado Jeferson Fernandes (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, que representava a Casa na tentativa de negociar a saída dos moradores da ocupação.
"O governador disse que está sendo feita a averiguação e, quando tiver a conclusão, irá nos apresentar", informou. Na reunião, Pretto disse que o Parlamento foi afrontado com a prisão de um deputado no exercício de suas funções, "passando por cima de todas as normas constitucionais. Fomos (no Piratini) exigir explicação". À noite, o site do governo disse que, conforme o auto de infração, o petista não foi preso, mas "contido" por impedir o cumprimento da ordem judicial.
Na tarde de ontem, o presidente da seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), Ricardo Breier, esteve na Assembleia Legislativa solicitando vídeos e fotos que possam auxiliar na apuração sobre o excesso de força praticado no ato. Além de material, o Parlamento irá indicar servidores que acompanharam a ação e poderão ser ouvidos no procedimento. "A OAB aponta, há muito tempo, a falta de gestão em segurança pública. Não tem metodologia nem investimento", critica Breier, que diz que a Assembleia "deixou de fazer seu papel" por não instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o tema, demandada pela Ordem no ano passado.