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Pavimentação

- Publicada em 18 de Junho de 2017 às 21:11

Retratos de uma Porto Alegre esburacada

Rua Tomaz Flores, bairro Bom Fim, zona Central

Rua Tomaz Flores, bairro Bom Fim, zona Central


JONATHAN HECKLER/ JONATHAN HECKLER/JC
Depois de três semanas de chuva incessante, os buracos nas ruas e avenidas da Capital ficam mais evidentes. Mas quem dirige, anda de ônibus e até mesmo a pé em Porto Alegre sabe que, mesmo em períodos secos, os buracos são constantes. Promovidas pela prefeitura, as operações tapa-buraco, consideradas paliativas, são reparos pontuais, que não dão conta das demandas.
Depois de três semanas de chuva incessante, os buracos nas ruas e avenidas da Capital ficam mais evidentes. Mas quem dirige, anda de ônibus e até mesmo a pé em Porto Alegre sabe que, mesmo em períodos secos, os buracos são constantes. Promovidas pela prefeitura, as operações tapa-buraco, consideradas paliativas, são reparos pontuais, que não dão conta das demandas.
O supervisor da Divisão de Conservação de Vias Urbanas (DCVU) da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim), Carlos dos Santos Matos, explica que um dos grandes inimigos do asfalto é a água. Falhas de drenagem na via, que causam acúmulos, e o fluxo intenso de veículos são ingredientes certeiros para a formação de uma depressão ou de uma cratera. Em geral, a pavimentação de uma via é projetada com durabilidade de sete a dez anos.
Desde 2016, a prefeitura tem aperfeiçoado a mistura asfáltica aplicada nas vias, utilizando os mesmos parâmetros definidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Vias de fluxo intenso, como as avenidas Osvaldo Aranha e Protásio Alves, cujo pavimento vem sendo renovado desde fevereiro deste ano, estão recebendo um tipo de asfalto de melhor qualidade, modificado com polímeros. Esse tipo de material é 28% mais caro que a mistura tradicional e, por isso, não é aplicado em todas as ruas e avenidas. A pavimentação dessas vias só é possível porque os recursos, financiados pela Corporação Andina de Fomento (CAF), já foram garantidos durante o governo de José Fortunati. A verba também garantirá a reestruturação de 78 quilômetros de vias, cujos projetos de estruturação ainda estão sendo avaliados por uma equipe técnica.
Uma vez que toda a pavimentação tem um prazo limite de duração, Matos considera que não vale a pena investir mais no material asfáltico, pois, de qualquer modo, será necessário aplicar recursos em operações de reparo. "Mesmo com melhor qualidade, é esperado que problemas surjam em alguns pontos. Outro problema são as intervenções nas vias, ligações de esgoto e de água, por exemplo, que acabam danificando o pavimento, e não se consegue recuperá-lo da mesma maneira", explica.
O supervisor se refere a intervenções realizadas, às vezes, sem autorização adequada, para lançamento de canos ou tubos, por exemplo. "Uma reforma nunca é um serviço novo. Sempre vai ter uma diferença entre o asfalto antigo e aquele recentemente colocado, o antigo vai ter um aspecto melhor", argumenta. Quando uma intervenção ocorre sem autorização, a prefeitura notifica a empresa e, em casos extremos, proíbe a liberação de licenças.
Para Matos, "não tem como fazer pavimentação sem drenagem adequada", uma vez que é necessário evitar o acúmulo de água na pista. No entanto essa questão esbarra em dificuldades financeiras, uma vez que serviços de drenagem geralmente são caros. A Secretaria de Serviços Urbanos, por meio do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), explicou, em nota, que as intervenções realizadas nas ruas da Capital devem ser analisadas caso a caso.

Prefeitura não tem previsão de orçamento para pavimentação

O Jornal do Comércio percorreu ruas das zonas Sul, Leste e Norte da Capital e encontrou buracos em todas elas, mesmo em zonas consideradas nobres. As avenidas principais, mais movimentadas, estão em melhor estado, devido a operações pontuais de reparos. No entanto as ruas de menor fluxo, sem tanta visibilidade, ficam meses com buracos abertos, atrapalhando a vida dos moradores da região. "Temos programas de recapeamento dentro da prefeitura. Escolhemos, dentro das vias elencadas, aquelas por onde passam lotação, ônibus, para melhorar a questão do conforto e da segurança para o usuário", explica Matos.
No entanto o supervisor admite que a melhoria da pavimentação não é vista como prioritária. "Dentro do custo financeiro da prefeitura, a educação e a saúde acabam ocupando lugar prioritário. A questão financeira acaba afetando, ficamos em último plano", justifica. Além do que já está empenhando - melhorias já financiadas pela CAF -, não há previsão orçamentária para investimentos em renovação de pavimento em 2017.