Ulisses Miranda

Empreendedores da Dobra destacam ideais que vão além do lucro

Jovens de Montenegro criam carteira com material que parece papel e vendem 29 mil unidades

Ulisses Miranda

Empreendedores da Dobra destacam ideais que vão além do lucro

Os primos Guilherme Massena, 23 anos, e Eduardo Seelig, 26, criaram, com estilete e algumas dobraduras, os primeiros protótipos das carteiras Dobra, em 2013. Três anos depois, em março de 2016, constituíram a empresa e, hoje, a estimativa é de que mais de 29 mil unidades tenham sido comercializadas. O grande diferencial é o material, que parece papel. O tyvek vem dos Estados Unidos, mas, apesar da aparência, não molha, não amassa e ainda é reciclável. 
Os primos Guilherme Massena, 23 anos, e Eduardo Seelig, 26, criaram, com estilete e algumas dobraduras, os primeiros protótipos das carteiras Dobra, em 2013. Três anos depois, em março de 2016, constituíram a empresa e, hoje, a estimativa é de que mais de 29 mil unidades tenham sido comercializadas. O grande diferencial é o material, que parece papel. O tyvek vem dos Estados Unidos, mas, apesar da aparência, não molha, não amassa e ainda é reciclável. 
Foi durante uma atividade do curso de Administração – Gestão para Inovação e Liderança, na Unisinos, que aprimoraram o projeto, incluindo o item como matéria-prima. A dupla calcula ter tido um investimento inicial, entre material e máquina de corte (que substituiu o estilete), de R$ 3 mil. Eles acreditam que, em cerca de um mês, tiveram retorno dessa quantia.
Com produção local e à mão, a empresa trabalha totalmente sob demanda. Cada Dobra custa R$ 49,90, são vendidas exclusivamente pelo e-commerce e suas estampas são criadas em parceria com artistas de todo o Brasil. Os artistas que enviam suas artes recebem, quando aprovadas, uma porcentagem sobre o valor de venda de cada unidade. Os moldes utilizados pela Dobra estão disponíveis gratuitamente no site da empresa.
O que era um hobby foi se transformando em negócio sério. Mas, sem tanta seriedade assim. Eles explicam. “Brincamos que temos a metodologia do ‘amigo no bar’, que é como se estivéssemos no bar conversando com as pessoas”, diz Eduardo, fazendo referência ao atendimento, principalmente via Facebook. “Começamos com o propósito de deixar o mundo um lugar mais irreverente, mais aberto e do bem. Então, tudo que a gente faz se baseia nisso. Por isso, temos um atendimento informal, deixamos os moldes abertos e dividimos a grana com os artistas”, completa.
Fazer de cada contato uma experiência é ponto essencial na visão dos jovens, que desenvolveram a seguinte regra: o responsável pela interação com o público conta com verba disponível para fazer o que for preciso. “Por exemplo, se o cliente não gostou a gente devolve sem questionar. Ou, se o cliente digitou o endereço errado, mandamos sem custo, ao contrário do que os outros e-commerces fazem”, afirma Eduardo.
Dentro dessa ideia, dois casos demonstram a valorização que dão a esse fator. “Teve um cara que o cachorro dele comeu a carteira e mandamos uma nova acompanhada de uma bolinha. E outro que comprou uma carteira para a esposa que estava recém saindo do hospital porque havia tido um filho. Mandamos um pacote de fraldas para eles”, diverte-se Guilherme. A meta dos atendentes não é responder rápido. “É surpreender”, ressalta Eduardo.
Em relação ao modelo de gestão adotado, há outra particularidade. “Estamos tentando fazer um modelo de negócio mais distribuído. Não-hierárquico, sem chefes, uma coisa mais horizontal”, aponta Eduardo. O time todo ganha igual, tanto os fundadores quanto quem entrou agora. “Todo mundo participa do lucro no final do mês”, asseguram eles, ressaltando que um dos próximos passos é tornar sócio cada membro da equipe. São nove colaboradores - entre amigos próximos e parentes. O intuito é que todos estejam unidos pelo mesmo ideal. “Quem não está na produção acaba fazendo de tudo um pouco porque tem a vibe do negócio”, explica Guilherme, lembrando que todos são de Montenegro.
Dentro da ideia sustentável – levando em consideração que tyvek é reciclável – eles oferecem descontos para o cliente que quiser uma nova e enviar a usada de volta. O cartão “me usa, me abusa, me leva contigo” – que vai junto com cada carteira – aponta os passos para reciclar sua Dobra. Não bastasse isso, a embalagem também tem um “fim” diferente. Conforme a embalagem (que é de papelão) é aberta, vão aparecendo instruções para que o cliente possa montar um cofrinho.
MARCELO G. RIBEIRO/JC
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