Se nos grandes centros urbanos a internet já é realidade há bastante tempo, no meio rural ela começa a chegar com mais facilidade através do trabalho das 23 cooperativas de infraestrutura que, desde 1941, são responsáveis também pela geração e distribuição de energia elétrica para 369 municípios gaúchos como Teutônia, Fontoura Xavier e Tio Hugo, pequenas vilas que passaram à condição de distritos e que com a chegada da energia, através das cooperativas, se emanciparam.
O ramo investe cerca de R$ 100 milhões por ano no desenvolvimento rural. Segundo o presidente da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural (Fecoergs), Jânio Vital Sefanello, mesmo em um ano de queda generalizada dos setores produtivos, a distribuição de energia no meio rural aumentou ao longo de 2016, assim como o consumo. "Teve um acréscimo de 3,6% comparado ao ano de 2015 e foi quatro vezes maior que o consumo de energia em nível nacional, que foi negativo (-0,9%). Isto fez com que as cooperativas pudessem realizar a operação, a manutenção e a distribuição da energia sem grandes dificuldades", explica Stefanello, que projeta um ano melhor, principalmente com a estimativa de crescimento da economia no segundo semestre de 2017.
Enquanto isso, as cooperativas ligadas ao ramo seguem mudando a vida de diversas comunidades rurais do Rio Grande do Sul, buscando ampliar o conforto e o bem-estar social proporcionados pela energia elétrica, e investindo para levar internet e telefonia aos seus associados. "Hoje, as cooperativas já chegam nas casas de mais de 25 mil produtores rurais com os serviços de internet, colocando o produtor rural em contato com o mundo para realização de negócios, atualização de seus processos de produção, pesquisa de preços de insumos, até venda de seus produtos. Além destes benefícios, a internet é uma ótima ferramenta para estimular a sucessão familiar, auxiliando para que os herdeiros continuem o trabalho dos pais e não desistam da produção agrícola, por se sentirem isolados, sem comunicação", afirma o presidente da Fecoergs.
Segundo ele, o acesso à rede mundial de computadores se tornou a principal solicitação dos associados. É o caso da Tatiane Jaqueline de Lima, da cidade de Bozano, que foi a primeira conectada à rede fornecida pela cooperativa Ceriluz, de Ijuí. A adesão facilitou seus estudos para o curso de Ensino a Distância de Recursos Humanos e aprimorou também os negócios da família.
Auxiliada pelo marido, Juliano Bagolin, que comercializa mudas de grama e fardos de feno, passou a conseguir emitir notas fiscais via internet. A evolução nos negócios, segundo Bagolin, ampliou o alcance dos produtos. "Precisávamos da internet principalmente para o trabalho, para emissão de Nota Fiscal Eletrônica, por exemplo, sem contar que ela permite a abertura de comércio para qualquer lugar", explica o comerciante.
A Creral, de Erechim, é outra cooperativa que já está beneficiando 67 famílias rurais com internet, em Lajeado Bonito. E, e em breve, deverá estender o serviço a outras comunidades da região, ampliando o acesso à rede e colaborando para a inclusão digital dos gaúchos.