Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

crédito

- Publicada em 28 de Junho de 2017 às 18:18

Juros do rotativo caem para 363,3% ao ano

Inadimplência teve leve alta, atingindo 5,9% dos brasileiros

Inadimplência teve leve alta, atingindo 5,9% dos brasileiros


MARCELLO CASAL JR/MARCELLO CASAL JR/ABR/JC
Com as novas regras para o cartão de crédito rotativo, que impedem que o cliente se mantenha por mais de 30 dias na modalidade, os juros dessa categoria de empréstimos caíram de 428,1% ao ano em abril para 363,3% ao ano em maio, informou ontem o Banco Central (BC).
Com as novas regras para o cartão de crédito rotativo, que impedem que o cliente se mantenha por mais de 30 dias na modalidade, os juros dessa categoria de empréstimos caíram de 428,1% ao ano em abril para 363,3% ao ano em maio, informou ontem o Banco Central (BC).
Em abril, a taxa já havia recuado fortemente como consequência da medida, mas ainda havia se mantido acima de 400%.
A taxa específica de quem entrou no rotativo e pagou o mínimo de 15% da fatura recuou de 297,7% ao ano para 247,5% ao ano, segundo o BC. Já os juros de quem não pagou esse mínimo tiveram uma queda bem menor, de 520,2% para 445,1% ao ano.
A expectativa do mercado é que as taxas continuem caindo. As taxas do cartão de crédito parcelado caíram de 162,2% em abril para 160% no mês passado.
Essa queda nos juros do cartão, aliada à redução da Selic, hoje em 10,25% ao ano, foi determinante para a queda da taxa de juros média para consumidores e empresas no mês passado.
O Banco Central vem reduzindo a taxa básica de juros da economia desde outubro do ano passado. Em maio, a taxa cobrada de consumidores recuou 4,5 pontos percentuais na comparação com abril, ficando em 63,8% ao ano, em média. Essa é a taxa calculada com recursos livres (que não incluem financiamentos imobiliários, empréstimos do Bndes e crédito rural).
O spread (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram na ponta) também recuou na mesma comparação, de 58 pontos percentuais para 53,5 pontos percentuais. Ou seja, uma queda de 4,5 pontos percentuais entre março e abril.
A taxa de juros e o spread com recursos livres para empresas também caíram: de 26,3% para 25,9% ao ano e de 16,8 para 16,5 pontos percentuais, respectivamente.
A inadimplência teve leve alta em relação a abril: de 5,8% para 5,9% (consumidores), e de 5,6% para 6% (empresas).
Os juros dos empréstimos direcionados (empréstimos imobiliários, Bndes e rural) tiveram leve alta no período, com a taxa média de empresas e consumidores aumentando de 9,8% para 10,2%.
Os novos empréstimos com recursos livres para consumidores totalizaram R$ 148,4 bilhões no mês passado, registrando crescimento de 16,5% na comparação com abril, mostram os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central.
No caso das empresas, as novas concessões somaram R$ 105 bilhões, crescimento de 14,2% na mesma comparação.

Aumento de incertezas pode ter impacto nos financiamentos

O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a autoridade monetária recebe os dados de crédito dos bancos com uma defasagem de cinco dias e não observou mudanças significativas entre a primeira parte do mês e a segunda metade - após o vazamento da delação de executivos da JBS.
"Não observamos mudanças significativas no volume de concessões, ou nas taxas de juros. Mas o aumento de incertezas pode ter impacto no crédito, precisamos acompanhar", completou.
Rocha destacou a redução dos spreads bancários no crédito para pessoas físicas e jurídicas, em maio, no acumulado de 2017 e nos últimos 12 meses. "A queda na taxa básica de juros levou a uma queda na taxa de captação dos bancos, e os juros cobrados dos tomadores caíram até mais que isso, significando uma redução dos spreads", afirmou. "O valor do spread agora está próximo do que era observado no começo de 2016", acrescentou.
Rocha avaliou que a inadimplência no crédito continua baixa, com tendência de leve alta para as pessoas jurídicas. "Esse comportamento está de acordo com o esperado, essa tendência de alta é modesta. E em relação ao sistema financeiro, os bancos estão suficientemente provisionados para lidar com isso", completou.
Ainda assim, a inadimplência de 4% no crédito total em maio foi o maior nível da série histórica do indicador, iniciada em 2011. Considerando apenas o crédito livre, a inadimplência total de 5,9% em maio, bem como a inadimplência de 6,0% das empresas no mesmo mês também foram recordes.
"Essas taxas são baixas quando se considera o ciclo econômico e, mais importante que isso, encontram um sistema bancário bem provisionado e capitalizado para suportar isso", argumentou Rocha.
Segundo ele, os recursos das contas inativas do FGTS foram utilizados para gastos correntes com consumo ou para reduzir o endividamento. "Não sabemos como esses recursos se dividiriam. Mas, na média, a taxa de inadimplência de pessoas físicas com recursos livres nos cinco primeiros anos ficou estável", acrescentou Rocha.