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Sistema Financeiro

- Publicada em 25 de Junho de 2017 às 19:41

Bancos brasileiros tiveram maior lucro em 2016, aponta estudo do BIS

No quesito ganho com juros, instituições brasileiras ficaram em segundo lugar, perdendo só para a Rússia

No quesito ganho com juros, instituições brasileiras ficaram em segundo lugar, perdendo só para a Rússia


RAFAEL NEDDERMEYER/FOTOS PÚBLICAS/DIVULGAÇÃO/JC
O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) identificou que, nos últimos anos, a rentabilidade bancária foi prejudicada pelo crescimento econômico morno, baixas taxas de juros e atividade relativamente menor do cliente. Não no Brasil. No relatório anual divulgado ontem pela instituição, o resultado líquido das maiores instituições financeiras foi de 1,99% do total de ativos do grupo que reúne três bancos, fazendo com que o País se destacasse entre 16 jurisdições analisadas como uma das que menos sofreram em 2016 com a economia global mais amena.
O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) identificou que, nos últimos anos, a rentabilidade bancária foi prejudicada pelo crescimento econômico morno, baixas taxas de juros e atividade relativamente menor do cliente. Não no Brasil. No relatório anual divulgado ontem pela instituição, o resultado líquido das maiores instituições financeiras foi de 1,99% do total de ativos do grupo que reúne três bancos, fazendo com que o País se destacasse entre 16 jurisdições analisadas como uma das que menos sofreram em 2016 com a economia global mais amena.
O segundo colocado foi a Rússia, com um percentual de 1,86%, seguido por Estados Unidos (1,36%), China (1,34%) e Austrália (1,17%). A Itália foi o único país a apresentar variação negativa, de -0,67%, mas os demais países também apresentaram resultados fracos, apesar de positivos, como Alemanha (0,03%), Suíça (0,11%), Reino Unido (0,22%), França (0,42%), Japão (0,52%), Espanha (0,53%), Índia (0,56%), Coreia (0,63%), Suécia (0,78%) e Canadá (0,97%).
No caso dos ganhos com juros, a liderança ficou com a Rússia em 2016, com uma relação de 4,44% com o total de ativos - a amostragem do BIS com os maiores bancos do país também é de três instituições. O Brasil ficou com a vice-liderança (3,22%) e na sequência vieram Índia (2,56%), Estados Unidos (2,25%), Espanha (2,03%) e China (1,92%).
Em meio à atividade global fraca, o Brasil foi também apontado pelo BIS como o campeão dos lucros com taxas e tarifas na comparação com o total de ativos no ano passado, com 1,86%. Na segunda posição, também com amostragem de três instituições financeiras, ficou a Suíça (1,40%) e, na terceira, com 10 bancos avaliados por serem considerados os maiores do país, os Estados Unidos (1,15%). O grupo que apresentou relação superior a 1% ainda conta com a Rússia (1,04%). Todos os demais países apresentaram taxas inferiores a esse patamar.
O BIS observou ainda que os dois maiores bancos da Índia foram os que mais separaram provisões para pagamentos duvidosos em relação ao total de ativos no ano passado (1,88%), seguidos por Brasil (1,65%) e Rússia (1,30%). Todos os demais países apresentaram variações inferiores a 1%.
 

Condições econômicas estão mais favoráveis, segundo relatório

No último ano, as condições econômicas globais melhoraram e se tornaram as mais favoráveis desde a crise financeira internacional de 2008 e 2009. A avaliação foi feita pelo chefe do Departamento Econômico e Monetário do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Claudio Borio, por meio de um documento que acompanha o Relatório Anual da instituição, divulgado ontem. "Que diferença um ano pode fazer. Quando o Relatório Anual do ano passado foi impresso, a escuridão prevalecia nos mercados e na formulação de políticas", considerou.
Borio lembrou que um ano atrás, os mercados de ações estavam de lado, e os rendimentos dos títulos públicos afundavam em direção a suas mínimas históricas, já que os investidores enxergavam a economia global presa em um crescimento fraco até um futuro distante. "Os formuladores de políticas estavam falando sobre uma 'recuperação anêmica'. Não demorou muito para que o resultado surpreendente do plebiscito no Reino Unido para deixar que a União Europeia inicialmente se tornasse outro golpe para esse sentimento. As coisas mudaram substancialmente depois disso. O pessimismo deu lugar à confiança", avaliou.
O economista comentou que foi outro evento político - a eleição presidencial dos Estados Unidos - que voltou a marcar os mercados financeiros, que se tornaram mais dinâmicos. Ele salientou que a volatilidade se espalhou para níveis muito baixos, o que normalmente é um sinal claro de apetite de alto risco.
O crescimento se fortaleceu consideravelmente, e a previsão do BIS é a de que ele retornará para as médias de longo prazo "em breve". Borio citou que a desaceleração econômica das principais economias diminuiu, que, em algumas delas, as taxas de desemprego voltaram a níveis consistentes com o pleno emprego e que a inflação aproximou-se dos objetivos dos bancos centrais.
"Ainda assim, pode-se legitimamente perguntar se o sentimento se fortaleceu demais. As dúvidas sobre o futuro derivam de tensões que terão de ser resolvidas em algum momento e de desenvolvimentos a longo prazo que eventualmente possam ameaçar o crescimento", observou, acrescentando que existe conflito entre as leituras da volatilidade dos mercados financeiros, que caíram, e os indicadores de incerteza política, que surgiram.
Há também tensões entre os mercados de ações, que subiram, e as taxas de títulos soberanos, que não aumentaram muito à medida que as perspectivas econômicas ressurgiram. "E, infelizmente, os desenvolvimentos de longo prazo indesejáveis que denominamos 'a trindade arriscada' no relatório do ano passado ainda estão conosco: crescimento de produtividade baixo, dívida excepcionalmente alta e espaço estreito para a atuação de políticas", citou o economista da instituição.