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Negócios Corporativos

- Publicada em 15 de Junho de 2017 às 18:15

Grupo J&F planeja colocar empresas à venda

Alpargatas estaria na negociação de ativos, que inclui as empresas Eldorado, Flora, Vigor e linhas de energia

Alpargatas estaria na negociação de ativos, que inclui as empresas Eldorado, Flora, Vigor e linhas de energia


RUBENS CHAVES/RUBENS CHAVES/FOLHAPRESS/JC
O grupo J&F, controlado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, planeja vender empresas que somam R$ 8 bilhões no curto prazo. Dois ativos já estão em processo de venda: a Vigor Alimentos e as linhas de transmissão de energia. Além disso, a holding analisa vender a Eldorado, empresa de celulose; a Alpargatas, dona das marcas Havaianas e Osklen; e a Flora, de produtos de limpeza.
O grupo J&F, controlado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, planeja vender empresas que somam R$ 8 bilhões no curto prazo. Dois ativos já estão em processo de venda: a Vigor Alimentos e as linhas de transmissão de energia. Além disso, a holding analisa vender a Eldorado, empresa de celulose; a Alpargatas, dona das marcas Havaianas e Osklen; e a Flora, de produtos de limpeza.
A informação consta de relatório da agência de classificação de risco, Standard & Poor's, que atribuiu as notícias sobre a venda de ativos à administração da empresa. Segundo análise da agência, a capacidade de pagar suas dívidas está vinculada à venda de ativos. "Portanto, sua trajetória de rating de curto prazo estará atrelada ao ritmo e à dimensão das futuras vendas de ativos", destaca a S&P em comunicado, que informa que, assim que essas vendas ocorrerem, o perfil de crédito da J&F será reavaliado.
Para a agência, as investigações de corrupção na empresa trazem riscos à flexibilidade financeira do grupo e ao seu refinanciamento no mercado. Além disso, a assinatura de um acordo de leniência com multa no valor de R$ 10,3 bilhões ampliou a dívida ajustada da empresa, que consiste atualmente de R$ 4,2 bilhões de dívida própria e cerca de R$ 7 bilhões de garantias fornecidas a subsidiárias, principalmente à Eldorado. "Embora esse acordo atenue as preocupações com relação à continuidade dos negócios do grupo, ele mais do que duplicou a dívida ajustada da J&F", diz a S&P.
Para a agência, as investigações de corrupção também destacam a inabilidade do grupo para implementar controles internos e de tolerância ao risco, indicando uma deficiência de governança que pesa sobre seu perfil de risco. Por isso, a J&F teve seus ratings rebaixados pela agência de classificação de risco. O rating de crédito corporativo passou de B para B- na escala global e de
brBBB para brB- na escala nacional. "O rebaixamento se baseia na maior alavancagem da J&F quando se compara a multa com a dívida ajustada da empresa, os maiores riscos de refinanciamento e o enfraquecimento da qualidade de crédito de seus principais ativos, os quais estão agora enfrentando riscos de refinanciamento mais altos e repercussões reputacionais, após o escândalo de corrupção", diz análise da S&P.
No início de junho, a JBS, maior processadora de carne do mundo e controlada pela J&F, já havia vendido suas unidades na Argentina, Uruguai e Paraguai por US$ 300 milhões para o frigorífico Minerva, segundo maior do País. Com esse movimento, a JBS deu início a um movimento de encolhimento que já era esperado pelo mercado.
Em nota, a JBS informou que a venda está "em linha com a estratégia da companhia em focar nos negócios com maior margem de rentabilidade, o que inclui produtos de alto valor agregado e mercados estratégicos" e o valor obtido servirá para reduzir a alavancagem financeira. De acordo com a JBS, nenhum banco intermediou a negociação. "A trajetória da JBS é de diminuição de seu tamanho para não desaparecer totalmente", avalia Rafael Bevilacqua, sócio da Eleven, empresa de análises econômicas e financeiras.

Wesley deixa conselho da Pilgrim's Pride

Wesley Batista, acionista da J&F Investimentos e da JBS, deixou a presidência do conselho de administração da Pilgrim's Pride (PPC). A JBS é acionista majoritária da processadora norte-americana de carne de frango, com sede em Greeley, Colorado. O empresário brasileiro renunciou e será substituído por Denilson Molina, diretor financeiro da divisão de alimentos da JBS nos EUA. Seu irmão Joesley Batista também deixou o conselho da Pilgrim's Pride.

Fim do contrato com Âmbar foi comunicado previamente, diz Petrobras

A Petrobras informou que comunicou previamente ao Ministério Público Federal (MPF) o cancelamento do contrato com a Âmbar Energia, empresa do grupo J&F, que também é controlador da JBS. Em nota, a estatal disse que a medida levou em consideração "cláusula anticorrupção" prevista em seus contratos.
A nota ainda destaca que, apesar de a Petrobras considerar a leniência um instrumento importante e respeitá-la, considera que deve priorizar a sua responsabilidade de zelar pelo que está previsto em seus contratos. Diz o texto: "o acordo de leniência firmado não se sobrepõe, no caso concreto, ao dever de diligência dos administradores da companhia de fazer valer os termos do contrato".
Na quinta-feira passada, a estatal anunciou a extinção antecipada do contrato com a usina termelétrica Mário Covas, em Cuiabá, da Âmbar. Em comunicado ao mercado, a Petrobras explicou que adotou a medida "devido à violação de cláusula contratual que trata da legislação anticorrupção". Ontem, a defesa da J&F enviou uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) solicitando a aplicação da leniência assinada com a instituição.
Nas leniências, o MPF se compromete a divulgar e a abrir canal de comunicação com órgãos públicos para defender a permanência de contratos firmados antes de a empresa confessar seus delitos, e a J&F pedia a intercessão do MPF para recuperar o contrato o fornecimento de gás. A Força Tarefa da Lava Jato atua dentro do mesmo princípio.
A assessoria da Petrobras destacou ainda que o procedimento em relação ao grupo J&F faz parte do esforço da companhia em aprimorar os instrumentos de transparência. Para manter ou renovar contratos com clientes e fornecedores envolvidos em casos de corrupção, a estatal adotou procedimentos mais rigorosos, inclusive a realização de auditorias próprias nas empresas. Entre as empresas que já passaram pela nova dinâmica estão Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. Após firmarem acordo de leniência, assinaram compromisso com os princípios da Petrobras e se habilitaram a sair da lista negra de empresas que não podem firmar contratos com a estatal.
Na semana passada, três dias antes da extinção do contrato com a Âmbar, a estatal participou de um evento na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e informou que busca certificação no Programa Destaque em Governança para ir ao Nível 2 aprimorado.