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Energia

- Publicada em 15 de Junho de 2017 às 23:41

Copelmi quer viabilizar carvão com japoneses

Minério gaúcho começou a ser testado no Japão há cerca de dois anos

Minério gaúcho começou a ser testado no Japão há cerca de dois anos


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
O diretor de novos negócios da empresa Copelmi, Roberto Faria, se uniu à delegação do governo do Estado em Tóquio, no início do mês, para acompanhar aquele que foi chamado de o "dia do carvão", com visita à usina térmica de Hitachinaka e reuniões com executivos de empresas de energia japonesas. A mineradora gaúcha é peça-chave nos projetos que podem ser a última chance do carvão do Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% do mineral no Brasil.
O diretor de novos negócios da empresa Copelmi, Roberto Faria, se uniu à delegação do governo do Estado em Tóquio, no início do mês, para acompanhar aquele que foi chamado de o "dia do carvão", com visita à usina térmica de Hitachinaka e reuniões com executivos de empresas de energia japonesas. A mineradora gaúcha é peça-chave nos projetos que podem ser a última chance do carvão do Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% do mineral no Brasil.
Responsável por reservas de 4 bilhões de toneladas do combustível fóssil, a empresa tem interesse em ser fornecedora da megausina termelétrica do Baixo Jacuí, um investimento de US$ 2 bilhões a ser feito no município de Charqueadas, que deve gerar 1.000 MW de energia, cerca de 25% da demanda do Estado.
O estudo será concluído até o final do mês pelos japoneses. A proposta é que as caldeiras que fazem a queima do carvão utilizem uma tecnologia mais evoluída ambientalmente, a Ultra Super Crítica, que minimiza emissões poluentes atmosféricas e maximiza a energia gerada.
A usina visitada pela missão gaúcha ao Japão é da Tokyo Eletric Power Company (Tepco), e a tecnologia foi desenvolvida pela IHI Corporation, duas das empresas visitadas pela comitiva liderada pelo governador José Ivo Sartori, entre os dias 5 e 8 de junho.
Agora, a Copelmi planeja criar uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) com os japoneses para apresentar o projeto aos órgãos responsáveis no Rio Grande do Sul e fazer o licenciamento ambiental.
O planejamento feito prevê aproveitar o período de negociações com investidores e governo federal e encaminhar o processo para ter a licença em mãos até 2020, quando há expectativa de que se realize um novo leilão para a energia a carvão, o que viabilizaria a usina.
"Junto com a Tepco e empresas japonesas, a ideia é criar uma empresa de propósito específico para dar entrada junto ao órgão ambiental e iniciar o processo de licenciamento, para que, daqui a um ou dois anos, exista um projeto que esteja apto a participar do leilão", detalha Faria.
Para isso, até lá, outros entraves à empreitada precisam ser resolvidos. Um deles é o convencimento do governo federal a incluir o carvão no Plano Decenal de Energia, o que permitiria a realização de novos leilões, o que não acontece desde 2015. Uma agenda considerada decisiva é a vinda ao Estado do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, em 12 de julho, quando o governador Sartori deve apresentar essa demanda.
Outra questão é definir que, pelo menos, parte do contrato seja vinculado ao dólar, ou seja, o valor do megawatt/hora (MW/h) vendido dependeria do câmbio em vigor. A medida é considerada decisiva para obtenção de financiamento internacional, que seria em moeda estrangeira. Além de tecnologia, os japoneses também estão interessados em investir US$ 2 bilhões, valor em que está orçada a Usina do Baixo Jacuí.
As tratativas com os japoneses começaram há, pelo menos, dois anos. Nesse período, foram enviadas ao Japão 80 toneladas de carvão gaúcho para testes nas caldeiras. O combustível fóssil da região do Baixo Jacuí foi considerado apropriado para o uso da tecnologia Ultra Super Crítica e viável economicamente.

Enviamos 80 toneladas de carvão gaúcho ao Japão, informa executivo

Faria destaca importância do futuro Polo Carboquímico no Estado

Faria destaca importância do futuro Polo Carboquímico no Estado


GUILHERME KOLLING/GUILHERME KOLLING/ESPECIAL/JC
Diretor de novos negócios da Copelmi, Roberto Faria é da quarta geração da família que comanda a centenária mineradora gaúcha. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, concedida no Japão, o executivo detalha as tratativas com os japoneses para investir na Usina Termelétrica do Baixo Jacuí. Faria se separou da delegação gaúcha em meio à missão e cumpriu agenda na China e na Coreia do Sul para tratar do projeto de gaseificação do carvão gaúcho, ponto principal do futuro Polo Carboquímico no Estado.
Jornal do Comércio - Como a Copelmi se tornou parceira da Tepco no projeto da Usina do Baixo Jacuí?
Roberto Faria - Começou com a vocação do governo japonês de exportar essa tecnologia (Ultra Super Crítica). A Copelmi identificou, junto com a PricewhaterhouseCoopers, a sinergia entre Japão e Rio Grande do Sul. No Estado, não temos esse tipo de tecnologia, nossas usinas são antigas. A Tepco fez todos os estudos de viabilidade: análise de carvão, mercado energético brasileiro, áreas em que poderiam ser instaladas essas plantas. E confirmou a pré-viabilidade. Na segunda fase, precisamos ter confiança do quanto custaria implantar a usina, preço do megawatt-hora (MW/h), como isso competiria em um leilão. Para ter certeza do custo, foi convidada uma terceira empresa, a IHI, maior fabricante de caldeiras Ultra Super Críticas do Japão, que fez testes do carvão gaúcho nesse tipo de tecnologia. Enviamos 80 toneladas de carvão para o Japão. Foram feitos testes de combustão em diferentes dias, e se confirmou: dá para fazer. Depois, fizemos a estimativa do custo total da planta, para chegar ao preço do MW/h, e aí se confirmaram a viabilidade econômica e a competitividade desse projeto.
JC - Com o carvão gaúcho da região do Baixo Jacuí...
Faria - Do Baixo Jacuí, ali de Eldorado do Sul e Charqueadas. Estamos em um momento fundamental. A Tepco concluiu: "esse é um bom projeto, viável, com bom retorno, temos interesse". Só que precisa existir um arcabouço regulatório, e a intenção de que se vai contratar carvão (nos leilões do governo federal). Então a visita do governador (José Ivo Sartori) e do secretário de Energia (Artur Lemos) é muito importante para que eles possam entender a viabilidade ambiental dessa tecnologia e cobrar do governo federal esse tipo de política para promover o carvão.
JC - O projeto da Usina do Baixo Jacuí, orçado em US$ 2 bilhões, pode sair do papel só com recursos do Japão? A Copelmi poderia entrar como sócia e investidora?
Faria - Não. A escala de investimento (US$ 2 bilhões) é muito grande para a companhia, mas temos interesse em uma participação minoritária. Existem investidores com interesse em ter 100%; outros, em uma abertura para uma participação.
JC - Do Japão?
Faria - É, aqui do Japão. No caso do projeto específico, junto com a Tepco, esse trabalho tem dois anos. Porém existe interesse de outros investidores japoneses capacitados em carvão com essa mesma tecnologia (Ultra Super Crítica), que estão investindo em usinas em outros países.
JC - Quem são esses outros investidores japoneses?
Faria - Principalmente a J-Power (Eletric Power Development Company), outra empresa grande geradora de energia também do Japão.
JC - Esta não entrou nas visitas do governo do Estado.
Faria - Não.
JC - A partir de 2018, o Rio Grande do Sul terá apenas uma planta de carvão em operação, Candiota 3. Essa pode ser a última chance do carvão gaúcho?
Faria - Pode... A gente está em um momento crítico, é preocupante, se pode até mesmo chegar a essa conclusão. Mas ainda há tempo de recuperar. Se não começarmos a fazer uma política de leilões a partir do ano de 2019 para que essas usinas entrem em operação em 2024, 2025, 2026, se arrisca colocar a viabilidade da indústria do carvão em xeque-mate.