O cofundador e presidente da Uber, Travis Kalanick, anunciou que vai tirar licença da empresa por tempo indeterminado. A saída do executivo, em meio à grave crise de imagem que assola a companhia, foi anunciada, nessa terça-feira (13), em um e-mail para os funcionários e faz parte de uma série de recomendações feitas ao conselho de administração da Uber após investigação interna de denúncias de assédio sexual na empresa.
Kalanick afirma que está deixando a empresa para lidar com a morte de sua mãe. Ainda na carta, ele diz que usará a licença para "refletir" e que não tem prazo para retornar à empresa. Até Kalanick voltar à empresa, a Uber não terá outro presidente executivo. A Uber pretende contratar um diretor de operações que vai atuar sob supervisão direta do conselho. A empresa afirmou que o executivo vai atuar como parceiro do presidente afastado, focando na operação diária.
Além de ter um conselho mais atuante, a Uber deve fazer uma reformulação de valores, gestão mais forte de pessoas e recrutamento de profissionais negros e hispânicos em seleções às cegas, sem discriminação de origem ou gênero. Coordenador do centro de estudos em negócios do Insper, Paulo Furquim afirma que é o momento da empresa recuperar espaço frente à concorrência. "A Uber teve um crescimento desmedido e prejudicou a qualidade do serviço. É o momento da empresa se restabelecer".
Desde fevereiro, a Uber conduz investigação interna relativa a casos de assédio sexual e moral na companhia. Na semana passada, após resultado parcial da apuração, 20 pessoas foram demitidas. Nos últimos meses, Kalanick se envolveu em brigas com motoristas e sofreu acusação de fraude tecnológica.