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Mercado de Capitais

- Publicada em 12 de Junho de 2017 às 18:57

Desconfiança com o País afeta investimento externo

A bolsa fechou em queda pelo terceiro dia consecutivo em um pregão marcado pela preocupação dos investidores em relação aos desdobramentos domésticos do imbróglio político, mas também influenciado pelos maus ventos vindos do exterior. O Ibovespa encerrou a sessão com perdas de 0,82%, aos 61.700 pontos ontem.
A bolsa fechou em queda pelo terceiro dia consecutivo em um pregão marcado pela preocupação dos investidores em relação aos desdobramentos domésticos do imbróglio político, mas também influenciado pelos maus ventos vindos do exterior. O Ibovespa encerrou a sessão com perdas de 0,82%, aos 61.700 pontos ontem.
O operador da mesa institucional da Renascença Corretora Luiz Roberto Monteiro lembra que, ainda no ano passado, o investidor estrangeiro havia feito duas grandes apostas: a saída de Dilma Rousseff da presidência e a perspectiva de que o governo de Michel Temer colocaria a economia novamente nos trilhos. "Foi com base nisso que os estrangeiros colocaram R$ 5,36 bilhões aqui no acumulado deste ano", assegurou o profissional.
No entanto, complementa, o que existe agora é uma desconfiança geral. "O mercado está particularmente preocupado com as medidas para a retomada da economia nesse contexto. Afinal, para aprovar a reforma da Previdência, precisa de tranquilidade na cena política."
Segundo ele, o volume financeiro não melhora, pois o estrangeiro, grande comprador, parou de comprar. "Aí, enquanto não se resolve aqui, os olhos se voltam para o exterior em busca de outras oportunidades." O giro de hoje foi de R$ 6,872 bilhões, mantendo a média de junho abaixo dos R$ 9,5 bilhões de maio. De acordo com informações da B3, o saldo acumulado de recursos estrangeiros neste mês está negativo em R$ 291,699 milhões.
De acordo com Pablo Spyer, diretor Mirae Asset, o mau humor dos investidores ainda reflete a votação no TSE, que manteve a chapa Dilma-Temer, por causa do prosseguimento de uma situação de indefinição.
Além disso, diz, há outras questões que não param de surgir, como a suposta investigação da Abin sobre o relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin. "Dado o imbróglio de temas exógenos à economia, a probabilidade de aprovação das reformas cai muito. Com isso, vai se distanciando do grau de investimento."
Como se não bastassem os problemas domésticos, hoje, o exterior ajudou a piorar. De acordo com a equipe de analistas da Guide Investimentos, da Ásia à Europa, o setor de tecnologia foi destaque negativo, puxando as bolsas para terreno negativo. Rafael Passos, um dos analistas, lembra que, do ponto de vista das commodities, principalmente, do petróleo, houve avanço baseado no compromisso do Catar com o corte da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Reflexo disso, por aqui, as ações da Petrobras passaram a maior parte do pregão em alta, fechando com sinal levemente positivo.
Ainda entre as blue chips, o comportamento negativo das ações dos grandes bancos influenciou na queda do índice. O temor de uma possível delação do ex-ministro Antonio Palocci ainda ronda as mesas de operação. Os papéis do Banco do Brasil - tido como termômetro da crise política - recuaram 2,48% (ON), seguidos de Bradesco (PN), que recuaram 1,72%.
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Ceticismo com crise política faz dólar subir 0,78%

Um clima de maior ceticismo com o cenário político ganhou força ontem no mercado de câmbio. A absolvição da chapa eleitoral Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) gerou alívio apenas pontual entre os investidores, que voltaram a precificar as demais dificuldades do presidente Michel Temer e os riscos de comprometimento da reforma da Previdência.
O dólar chegou a cair no início dos negócios, mas inverteu a tendência ainda pela manhã e consolidou o viés de alta à tarde. A moeda norte-americana negociada no mercado à vista fechou em alta de 0,78%, cotada a R$ 3,3180. Além do cenário político, houve ainda alguma pressão por influência de fatores externos e da proximidade do feriado no Brasil.
Com Michel Temer envolto em uma batalha jurídica sem previsão de término, cresceu no mercado a percepção de que a reforma da Previdência irá demorar mais que o esperado ou, na pior das hipóteses, nem chegar a ser apreciada na gestão Temer. Em um dia de noticiário não muito extenso, estiveram no radar a reunião da Executiva do PSDB para decidir sobre o apoio ao governo e a repercussão da notícia de uma suposta devassa contra o ministro Edson Fachin, relator do inquérito contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF). A possível denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer foi outro fator de preocupação.
Com o resultado de ontem, o dólar à vista atingiu a maior cotação desde 18 de maio, um dia depois que foi tornada pública a conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Naquele dia, a cotação fechou a R$ 3,3868, com alta de 8,07%. Desde então, a divisa acumula alta de 5,87%. No acumulado de junho, o dólar tem ganho de 2,63% ante o real.