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Missão ao Japão

- Publicada em 07 de Junho de 2017 às 20:01

Pequenos e médios empresários japoneses mostram interesse no Brasil

Sartori apresentou a economia gaúcha e razões para investir em solo gaúcho aos japoneses

Sartori apresentou a economia gaúcha e razões para investir em solo gaúcho aos japoneses


LUIZ CHAVES/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de uma rodada de contatos com grandes empresas e agências internacionais de fomento, o terceiro dia da missão do governo do Estado ao Japão foi focado em pequenos e médios empresários, que demonstraram interesse no Rio Grande do Sul. O ápice foi um seminário que reuniu cerca de 200 empreendedores em Hamamatsu, cidade com forte colônia brasileira a 231 quilômetros de Tóquio.
Depois de uma rodada de contatos com grandes empresas e agências internacionais de fomento, o terceiro dia da missão do governo do Estado ao Japão foi focado em pequenos e médios empresários, que demonstraram interesse no Rio Grande do Sul. O ápice foi um seminário que reuniu cerca de 200 empreendedores em Hamamatsu, cidade com forte colônia brasileira a 231 quilômetros de Tóquio.
Durante o evento, o governador José Ivo Sartori apresentou a economia do Rio Grande do Sul e razões para investir em solo gaúcho. Houve várias manifestações elogiosas ao Estado, com a intenção de firmar novos negócios. Entretanto, ficou clara a desconfiança com o cenário nacional. De certa forma, manteve-se o paradoxo que é a tônica desta viagem: há claros avanços nas relações gaúchas com o Japão, mas para que novos negócios se concretizem, é necessário resolver primeiro a instabilidade política no Brasil. Isso vale para investimentos de empresas de energia no carvão gaúcho, para a Toyota definir se fará novos aportes no Estado, bem como na definição de empreendedores, se irão ou não expandir seus negócios, passando a atuar Rio Grande do Sul.
Mesmo com o cenário nacional nebuloso, um progresso concreto se deu na parte da manhã, na cidade de Iwata - também com grande presença de brasileiros -, para onde a delegação se deslocou em trem. Foi assinado um memorando de entendimento entre o governo do Estado e o Banco Iwata Shinkin. A instituição financeira já tem parceria com a Caixa Econômica Federal - um dos serviços é o envio de dinheiro de brasileiros que vivem no Japão. Agora, o banco também tem a parceria oficial do Rio Grande do Sul.
O presidente do Conselho de Administração do Banco Iwata Shinkin, Hirohisa Takayanagui, destacou pontos em comum entre as economias de Iwata e do Estado, como a forte produção de maquinário automotivo. E salientou que o acordo vai fortalecer as duas economias locais, com troca de informações e apoio a pequenas empresas.
Sartori lembrou ainda do auxílio a cooperativas e convidou os dirigentes da instituição financeira a visitarem o Rio Grande do Sul, a fim de continuar a avançar nesses novos negócios. O governador destacou que empresários de menor porte não necessariamente farão um investimento direto, mas podem alavancar o comércio exterior, tornando-se fornecedores de empresas gaúchas ou comprando delas. E reiterou que o País vai superar as dificuldades, em referência à crise política brasileira. "Sou daqueles que acredita que o Brasil pode superar isso institucionalmente tanto sob o ponto de vista econômico como político. É preciso boa vontade e disposição para que se restitua a confiança e a credibilidade no País."
O embaixador do Brasil em Tóquio, André Aranha Corrêa Lago, que também palestrou no seminário para empresários japoneses, foi na mesma linha. Ressaltou que as instituições estão funcionando e deu o exemplo das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016, que ocorreram em meio a uma grave crise política e econômica. Mesmo assim, os Jogos foram um sucesso. Também salientou que o País está se recuperando no momento em que as relações Brasil-Japão estão avançando, com uma série de encontros. Citou o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre do ano, a queda da inflação e da taxa de juros.
Kojiro Takeshita, chefe da divisão de pesquisa exterior da Jetro (Organização de Comércio Exterior do Japão, equivalente à Apex Brasil), concordou em sua análise que a economia do Brasil está se recuperando e que o ambiente para negócios está melhorando. Entretanto, sugeriu cautela para os negócios, especialmente no momento em que o presidente Michel Temer está sendo julgado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode ser cassado. "A situação pode mudar totalmente em uma semana", resumiu. Takeshita avaliou as propostas de reformas da Previdência e trabalhista como positivas, mas observou que é preciso aguardar para ver o que pode acontecer. "A tendência é que não piore", concluiu.

Japoneses aproveitam momento de crise para fazer negócios, avalia Jetro

Takeshita conversou em português com os jornalistas

Takeshita conversou em português com os jornalistas


Antonio Maciel/Palácio Piratini/Divulgação/JC
O chefe da divisão de pesquisa da Jetro, órgão oficial de comércio exterior do Japão, Kojiro Takeshita, apontou a queda no preço das commodities e do consumo interno aliado a uma política equivocada do governo para a crise no Brasil. Avaliou que o ambiente de negócios está melhorando e que, mesmo com a crise política, o País não deve piorar a situação. Pelo contrário, ele vê uma melhora gradual. "É como um grande navio. Pode estar passando por uma tormenta, mas não vai afundar." Falando em português com jornalistas, Takeshita disse que parte das empresas nipônicas aproveita a crise para fazer bons negócios.
Jornal do Comércio - É possível investir no Brasil agora?
Kojiro Takeshita - Na verdade, tem muitas notícias não tão boas sobre a economia e a política brasileira aqui no Japão. Mas acredito que as empresas japonesas no Brasil estão observando, para ver se vai melhorar a situação. É preciso avançar nas reformas trabalhista e previdenciária, nem que seja uma reforma mínima, pequena, na terceirização, além de diminuir a burocracia e ter uma política de comércio exterior. O Mercosul, Brasil e Argentina, estão abrindo a economia, aproximando-se dos países asiáticos, entre eles, o Japão.
JC - Como atrair o investidor?
Takeshita - Todas as empresas japonesas (que investem no Brasil) estão preocupadas com o futuro da política e economia, porque, como disse, há muitas notícias ruins. Mas um grupo de empresas japonesas, que estão operando há muitos anos no Brasil, sabem, estrategicamente, como fazer nos anos de recessão. Algumas estão tentando buscar bons negócios no Brasil, aproveitando a desvalorização do real. Para o exportador japonês no Brasil, por exemplo, é bom. No setor de bens de consumo e serviços, como restaurantes de São Paulo, as franquias japonesas aproveitam para expandir a rede, já que os imóveis estão mais baratos. Os custos com recursos humanos também caem.
JC - Para investir no Estado, é preciso antes resolver a instabilidade nacional?
Takeshita - Os recursos humanos são muito qualificados e a economia com variedade de setores são vantagens. O governo do Rio Grande do Sul precisa mostrar essa variedade de setores privados, isso é um ponto positivo para atrair investimento do Japão.
JC - E o quadro nacional é decisivo?
Takeshita - Depende. Há empresas que precisam cuidar da taxa de câmbio, a oscilação, em alguns setores especialmente.