Gaúchos aproveitam preços no dia nacional sem impostos

Já tradicional em postos de gasolina do Rio Grande do Sul, a campanha Dia da Liberdade de Impostos, coordenada pelo Instituto Liberdade (IL), ganhou adeptos em diversas cidades, incluindo lojas do comércio na Capital. Com o aumento do volume de empresas dispostas a vender gasolina sem repassar os tributos (que equivalem a 56% do preço total do combustível), um maior número de consumidores se beneficiou da ação, que tem o objetivo de chamar a atenção para o quanto a carga tributária de tudo que é comercializado representa no cotidiano da população. Também no varejo da Capital houve oferta de produtos com redução dos valores.

No Estado, 21 postos de abastecimento, em 12 cidades, disponibilizaram, ao todo, 63 mil litros de gasolina comum, pelo preço de R$ 2,00. O consumo só pode ser feito em dinheiro e mediante senha (foram entregues 150 por empresa). A ação se iniciou às 8h e se encerrou próximo do meio-dia. Cada pessoa teve direito a abastecer 20 litros pelo valor sem impostos. Entre os clientes estavam o comerciário Joelson Cavalheiro Pires; o segurança Marco Antonio de Souza; o representante comercial Vinícius da Luz; e a farmacêutica Maraucélie Ataíde, que usa o carro diariamente para trabalhar em Canoas e se disse surpresa com o valor dos tributos do combustível. "Eu não tinha ideia do que se paga em impostos. É mais que o dobro, no caso do combustível", observa Maraucélie. Na opinião da farmacêutica, a arrecadação de impostos no País não tem sido bem empregada em serviços para a população. "Certamente, não faz jus", critica.

De acordo com o presidente do IL, Bruno Zaffari, a ideia da campanha passa pela proposta do Brasil "repensar" sua carga tributária, que é a maior da América Latina e a mais complexa de se calcular no mundo. "Em 2016, foram pagos mais de R$ 2 trilhões em tributos. E, desde janeiro de 2017 até o início de junho, a população trabalhou 153 dias somente para pagar taxas", frisa o dirigente. "Será que este é o caminho?", questiona. Ainda de acordo com Zaffari, somente neste ano, o impostômetro registrou R$ 1 trilhão de tributos arrecadados até o início de junho. "A campanha não é contra os impostos", frisa o presidente do IL. "A proposta é pontuar o peso que a alta carga tributária brasileira gera na vida das pessoas."

Não à toa, os motoristas gaúchos encararam a chuva da manhã de ontem para enfrentar também as filas nos postos de gasolina com desconto. Neste ano, além de Porto Alegre, participaram da ação as cidades de Gravataí, Caçapava do Sul, Cachoeirinha, Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Portão, Rio Grande, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Santa Rosa. No Estado, o Dia da Liberdade de Impostos reuniu outras ações, coordenadas pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-POA), parceira da campanha, juntamente com o Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Sulpetro). Além de gasolina, houve promoção da venda de alguns produtos sem o equivalente em impostos.

Em Porto Alegre, a Confraria Masculina vendeu trajes (calça e casaco) por R$ 399,00 com 35% de desconto do valor total, revertidos em uma camisa social e uma gravata, que os clientes ganharam na hora da compra. "As vendas da manhã de terça-feira superaram tudo que vendemos durante o dia de segunda-feira", compara o proprietário da alfaiataria feminina Ishtar, Carlos Klein. Também as lojas auto-centers da Bellenzier Pneus, de Porto Alegre, ofereceram o serviço de troca de óleo (para carros que usam três litros) com a mão de obra por R$ 90,00, o que corresponde a 35% menos do que o valor total com o custo dos impostos; e a Farmais do Ecoposto, em Porto Alegre, realizou vendas de medicamentos genéricos com 37% de redução.

"Estamos bastante satisfeitos com a adesão", comenta a vice-presidente do IEE, Giovana Stefani. Para a dirigente, é fundamental que a sociedade coloque na balança se vale a pena trabalhar quase metade de um ano somente para pagar tributos que, por outro lado, não resultam senão na prestação precária dos serviços próprios do Estado.