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Transportes

- Publicada em 22 de Junho de 2017 às 21:02

Triunfo tenta acordo para evitar recuperação judicial

No Estado, o grupo, que é a terceira maior administradora de rodovias do País, tem a concessão da freeway

No Estado, o grupo, que é a terceira maior administradora de rodovias do País, tem a concessão da freeway


CLAITON DORNELLES/CLAITON DORNELLES/JC
Mesmo com a venda do terminal Portonave por R$ 1,3 bilhão, anunciada na semana passada, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) ainda depende de um acordo com os credores para respirar aliviada e se livrar de uma recuperação judicial. No total, a empresa deve ao mercado R$ 3,8 bilhões, sendo que parte desse montante passa por renegociação. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que as negociações podem ser concluídas ainda nesta semana.
Mesmo com a venda do terminal Portonave por R$ 1,3 bilhão, anunciada na semana passada, a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) ainda depende de um acordo com os credores para respirar aliviada e se livrar de uma recuperação judicial. No total, a empresa deve ao mercado R$ 3,8 bilhões, sendo que parte desse montante passa por renegociação. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que as negociações podem ser concluídas ainda nesta semana.
O acordo envolve quase 20 credores financeiros e deve acelerar a venda de outros ativos do grupo. Além do terminal portuário, a Triunfo tenta se desfazer da participação na empresa Tijoá - concessionária responsável pela exploração da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos - e no Aeroporto de Viracopos, onde é sócia com o grupo UTC, envolvido na Operação Lava Jato. Fontes afirmam que a negociação com os credores tenta garantir que parte do dinheiro da venda da Portonave seja usada para dar fôlego à companhia.
Desde o ano passado, a empresa vem atravessando grave crise financeira com a piora do cenário econômico e fechamento do mercado de crédito brasileiro. Em fevereiro deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) anunciou que faria a execução de garantias de dois empréstimos pontes concedidos às controladas da Triunfo: R$ 219 milhões da concessionária de rodovias Concer, vencido em novembro de 2016; e R$ 760 milhões da Concebra, vencido em dezembro de 2016.
Segundo o balanço do primeiro trimestre da companhia, R$ 1,8 bilhão em dívidas vão vencer até o fim deste ano, e outros R$ 211 milhões em 2018. Sua dívida líquida equivale a 3,4 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos e depreciação) - indicador que sempre trouxe preocupação aos analistas de mercado. Mas esse número já foi pior: em dezembro de 2016, equivalia a 4,2 vezes o Ebtida.
A grave crise financeira não é a primeira nos 17 anos de operação da TPI. Em 2008, durante a crise mundial, a empresa não conseguiu apresentar as garantias de uma licitação e perdeu a concessão de uma rodovia. Depois disso, no entanto, ela engatou várias empreitadas.
Abriu capital na bolsa de valores, fez emissões no exterior, aumentou sua participação nas áreas de portos, aeroportos e virou a terceira maior administradora de rodovias do Brasil, atrás apenas da CCR e da espanhola Arteris. Mas, durante todo esse tempo, a capacidade financeira da TPI foi colocada em xeque.
A escalada da dívida da empresa era o que mais incomodava. Em 2010, a dívida da empresa era de R$ 525 milhões. No ano passado, a receita líquida da empresa ficou em R$ 1,47 bilhão ante R$ 1,62 bilhão de 2015. Desse montante, 75% vem das concessões rodoviárias. Nessa área, no entanto, a empresa vive outra incógnita. No dia 4 de julho, vence a concessão da Concepa, empresa que administra 121 quilômetros das BRs 116 e 290, a freeway, no Rio Grande do Sul.
O Ministério dos Transportes afirma que, para que não haja descontinuidade na prestação de serviço à população, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está estabelecendo os procedimentos necessários para promover a extensão do prazo contratual até que um novo leilão seja feito. O prazo pode ser de até 24 meses.
Mas até a semana passada, a poucos dias do fim da concessão, nenhum aditivo havia sido feito. Para prorrogar a concessão da Concepa, a agência de transportes precisa apresentar os termos desse novo contrato à empresa. Sem isso, no dia 4 de julho, a Triunfo é obrigada a deixar a administração da rodovia. Só nas praças de pedágio da Região Metropolitana de Porto Alegre passam cerca de 110 mil veículos por dia.
O Ministério dos Transportes afirma que o cronograma estabelecido pelo Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) estima a realização do leilão das rodovias no segundo semestre de 2017. Procurada, a Triunfo preferiu não se manifestar.

Importação de combustível aumenta e afeta as refinarias

Produção nacional no quadrimestre foi a mais baixa desde 2010

Produção nacional no quadrimestre foi a mais baixa desde 2010


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
Enquanto as importações de combustíveis crescem, a produção das refinarias nacionais atingiu em 2017 o pior nível desde a crise econômica do final da década passada. Para especialistas, o País vem trocando produtos nacionais por importados como reflexo da política de preços. Além dos impactos na receita da estatal, o movimento amplia a remessa para o exterior dos dólares usados para importar os produtos.
Sindicatos acusam a empresa de facilitar importações para atrair interessados para suas refinarias. De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), as refinarias brasileiras produziram 221,4 milhões de barris de derivados de petróleo no primeiro quadrimestre de 2017. É o menor volume para o período desde 2010 e representa uma queda de 7,7% com relação ao mesmo período de 2016.
A queda nas vendas de combustíveis no Brasil, de 2,6% no quadrimestre, explica parcialmente esse movimento, mas os dados da ANP indicam também que quase 20% do mercado já é hoje abastecido por produtos importados. As importações subiram para 41,4% com relação ao mesmo período do ano anterior, para 79,138 milhões de barris, o maior valor pelo menos desde 2000, quando os dados começaram a ser compilados pela ANP.
Com isso, a despesa com importação de combustíveis cresceu 79,7%, para US$ 4,357 bilhões. O analista da Tendências Walter Vitto lembra que as importações de combustíveis vêm crescendo desde meados de 2016.
Em um primeiro momento, porém, substituíam apenas o produto importado pela própria Petrobras, que decidiu transferir essa responsabilidade para o setor privado. Agora, o movimento começa a afetar a produção das refinarias brasileiras. No primeiro trimestre, o parque de refino da estatal operou a 77% de sua capacidade, quase sete pontos percentuais a menos do que um ano antes e bem abaixo do pico de 98% registrado em 2013, quando as vendas de combustíveis no País estavam pouco acima do volume de vendas atual.
Para Vitto, três fatores podem justificar o movimento de substituição com avanço dos produtos estrangeiros: preços internos muito mais altos do que os internacionais, maior eficiência de empresas privadas para trazer combustíveis do mercado externo ou prática de dumping por importadores.
Ele considera "estranha" a substituição de produtos nacionais por importados. "Isso, de fato, só deveria ocorrer se a Petrobras tivesse prejuízo com o refino, o que atualmente não me parece ser o caso", diz.
Sindicatos ligados à estatal de petróleo acusam a empresa de facilitar a entrada de outros agentes no mercado brasileiro de combustíveis para atrair interessados para as refinarias que farão parte de seu pacote de vendas de ativos.
"A abertura do mercado dá força a empresas que queiram investir no País", afirma o diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, Deyvid Bacelar, que representou os trabalhadores no conselho de administração da estatal entre 2015 e 2016.
A Petrobras já anunciou que pretende incluir participações em refinarias na lista de ativos de seu plano de desinvestimentos, que prevê arrecadar US$ 21 bilhões até o fim de 2018.
A estatal já reconheceu que a política de preços estabelecida em outubro de 2016 ampliou a margem para importações por terceiros e, por isso, decidiu rever a periodicidade dos reajustes - tornando-os mais frequentes para reduzir as janelas de importação a preços mais baixos.